
31 de mai. de 2011
Gostoso de ver

30 de mai. de 2011
Receita caseira

Foto: Altamira NYC
29 de mai. de 2011
Crônica publicada no Donna ZH de 29 de maio

Mulherada Futebol Clube
Esses dias meu filho se surpreendeu ao me ouvir citar o nome do David Beckham. Como assim eu conhecia o jogador?
Acontece que o futebol saiu do gueto masculino faz tempo. Virou pop. É midiático, como dizem. Migrou para a área dos conhecimentos gerais. Rende conversas em lugares improváveis como aniversário de criança e salão de beleza. O que faz com que até eu, uma pessoa desfutebolizada, decida escrever uma crônica sobre futebol.
Chego a esquecer que o Beckham é jogador. Sei mais do que deveria sobre sua vida. Mesmo se ele fosse horroroso, de tanto ler seu nome eu decoraria assim como sei os nomes das capitais. E do Milito, Rooney, Drogba e Cristiano Ronaldo. Só que o meu conhecimento é um minúsculo pedacinho de grama dentro de um Maracanã lotado de informação.
Entender (e gostar) de futebol é um traço que caracteriza a mulher contemporânea. É como se elas batessem nos peitos e falassem: “Até disso a gente se apropriou”. Não pense que esse domínio da bola me agrada. Antigamente eu podia ignorar o futebol. Era considerado normal uma mulher sair de fininho quando a discussão descambava pro esquema tático. Hoje, não. Elas discutem os lances de igual pra igual, formam times e racham a quadra, invadem estádios, desfilam com a babylook do timão, xingam a mãe do juiz. Acompanhe o Facebook e o Twitter durante um Gre-Nal. Dá empate de comentários entre homens e mulheres. Inclusive de palavrões. Eu me sinto uma dama renascentista, deslocada e confusa.
Algumas regras do futebol nunca vão sair da caixa-preta. Mas é inegável que existe um lado interessante para observar nesse universo. Graças aos jogadores-celebridade, consigo acompanhar alguma coisa. Está aí o Neymar, que não me deixa mentir. Sei lá se ele é zagueiro, sei lá onde é a zaga. Sei que ele engravidou uma garota de 17 anos e seu pai é controlador. Agora que o Imperador e os Ronaldos estão calmos, Neymar vai alimentar a Wikipedia das vaidades.
Futebol é a nova novela. Dá para saber o que aconteceu no último capítulo daquela contratação polêmica ou assistir ao time do núcleo rico passar para o núcleo pobre. Técnicos e jogadores rendem pautas de comportamento e de moda. Prepare-se para ver Neymar nas capas das revistas de bebês. Definitivamente, o futebol saiu da Placar e conquistou a banca inteira. Não sei como a Disney ainda não inaugurou um parque temático sobre a Copa do Mundo.
Ter filhos apaixonados por futebol com certeza forçou essa aproximação. Ao contrário do que possa parecer, eles não facilitam. Sofro bullying dentro de casa. Na remota hipótese de eu espiar cinco minutos um jogo, algum engraçadinho vai avisar pra qual goleira eu devo olhar. Quando vou nos campeonatos do colégio, é comum outra mãe entrar em campo de salto alto e esnobar conhecimento.
Décadas atrás, lembro do choque que tive ao saber que minha prima toda meiguinha ouvia os jogos de futebol grudada no seu rádio de pilha, deitada na cama. Ela era uma visionária! Uma das precursoras do movimento Mulherada Futebol Clube.
Não sei, tenho a sensação de que a gente está indo longe demais. Agora temos mais um segmento para atuar. Ficou sacramentado que futebol é coisa de mulher. Isso significa envolvimento e sobrecarga, elas não vão sossegar até decifrarem o maldito enigma do impedimento. Ser dirigente de clube não é mais novidade. Ser a melhor jogadora do mundo, também não. Logo uma louca vai querer ser técnica da seleção brasileira. Bons tempos quando a gente só queria olhar as coxas dos jogadores.
27 de mai. de 2011
11 anos rindo com o Fabio
25 de mai. de 2011
Só podia ser mulher
Só podia ser mulher que dirige carro, caminhão, trator, moto, avião militar e Boeing 737.
Só podia ser mulher que respeita a faixa de pedestres.
Só podia ser mulher que não surta se arranhou a calota.
Só podia ser mulher que abre o vidro do carro e pede informação.
Só podia ser mulher que compra carro do ano e paga com seu próprio dinheiro.
Só podia ser homem machista e arrogante que inspirou esse texto.
24 de mai. de 2011
Roupa também veste a casa



23 de mai. de 2011
Chuva

Os donos da casa torcem para que a chuva espante as visitas e que ninguém veja o gesso transformado em cascata. Já o balde pensa exatamente o contrário. Ele sorri para a dicróica, todo vaidoso. Pede para que liguem o abajur. Queria tanto sair da área de serviço e ser incorporado definitivamente à decoração. Seu plástico verde combina com as plantas.
De noite, a mulher da previsão do tempo diz que choveu em 24 horas o equivalente a um mês. Os donos da casa procuram o telefone da construtora, furiosos. O balde volta resignado para perto do tanque, que é seu lugar. Mesmo assim, teve um dia de glória.
Foto: Flickr
22 de mai. de 2011
Crônica publicada no Caderno Donna de Zero Hora

Desde que me conheço por gente, tenho medo de cachorro. Foi herdado junto com as coxas grossas. Com o passar do tempo, nem as coxas afinaram e nem o medo passou. Mesmo assim, tive uma infância normal e uma adolescência tranquila. Consegui ter amigos, me formar, namorar, casar, procriar.
Esse medo só começou a atrapalhar na vida adulta. Não por causa dos cachorros, bem ou mal a gente se entende. O problema são os adultos. Como pode uma mulher crescida ter medo de cachorro?! É inaceitável, politicamente incorreto, quase uma falha de caráter, uma afronta. É como se eu ainda andasse de bicicleta com rodinhas.
Tem os que acham graça desse meu medo e sacodem os ombros, certos de que existem coisas bem mais importantes para resolver. E tem uma facção que se dispõe a me curar, desde que eu tope interagir com seus inofensivos pets. Vá explicar que não é assim que funciona? Detectar um ser peludo a poucos metros de distância mexe com todo o meu metabolismo.
Por uma dessas ironias da vida, casei com um homem que adora cães e estamos juntos até hoje, apesar de eu nunca ter cedido às suas súplicas. A única concessão foi comprar um dócil cãozinho de pelúcia quando descobrimos que teríamos o primeiro baby. Antes que você pense que passei adiante a maldição, posso afirmar que meus filhos convivem pacificamente com o mundo animal. E, sendo sincera, eles gostam. Aproveito para agradecer em público a todos os amigos do Rafael e do Fabio que possuem animais de estimação e fazem a gentileza de suprir essa carência.
Tenho a sensação de que não sou a única adulta com medo de cachorro (extensivo a gatos, peixes, coelhos, tartarugas e hamsters). Falando nisso, nunca vi donos de gato ou peixe dizerem “Ele não morde”. Essa frase, repetida à exaustão pelos proprietários de cães, não surte o menor efeito em pessoas como eu. Parece slogan de campanha política: desgastado e desacreditado. Eu preferia que algum dono de cachorro falasse a verdade: ”Ele não me morde, agora quanto a você... sei lá”.
Esses dias, em mais um confronto canino, tive uma epifania. Ao entrar no meu condomínio e dobrar em direção aos elevadores, fui surpreendida por três salsichas sem coleiras (sei que rottweilers seriam realmente ameaçadores, mas concentre-se na quantidade: 3!!). Minhas pernas travaram, eu poderia ter passado o resto do dia ali congelada feito bife no freezer. Devo ter feito uma cara de apavorada além do normal. Dei a explicação de praxe e meu vizinho foi taxativo:
-É fobia.
Sem dizer mais nada, ele afastou com o pé seu exército de salsichas. Solidário, abriu caminho para eu passar. Naquele momento, entendi tudo: eu estava usando a palavra errada. Adulto pode ter medo da violência, da inflação, do leão do imposto de renda e olhe lá. Ter medo de cachorro é coisa de criança. O que um adulto esclarecido tem é fobia. Quantas quiser. Fobias são compreensíveis, contemporâneas, simpáticas, urbanas, modernas. Hoje em dia quem não tem uma fobiazinha para contar?
Meu medo estava desatualizado. Precisou ser renomeado para ser aceito socialmente. Era como se eu ainda falasse em vitrola ou calça de brim coringa. Por isso, ninguém entendia. Não sei o nome do vizinho, qual é seu apartamento, se é psiquiatra ou decorador. Não importa. Graças a ele, estou curada. Não tenho mais medo de cachorro. Agora tenho fobia.
20 de mai. de 2011
19 de mai. de 2011
Relógio biológico X horas de estudo

O problema não é a queda na produção de óvulos. Eu me refiro a outras coisas que vamos perdendo com o tempo. Paciência, por exemplo (tão fundamental quanto leite materno). Pique pra brincar. Disposição e disponibilidade pra chegar em casa e assumir o terceiro turno com estudos, temas e pesquisas.
Levar e buscar no colégio não é nada. E quando você, na mesma noite, tem que mergulhar nos períodos paleolítico e neolítico, depois trocar de quarto e discutir os conceitos da filosofia? Ontem fui dormir com o cérebro em frangalhos. Como vai ser no vestibular? Tem mães que nem se envolvem com a vida estudantil dos filhos. Acho isso tão improvável quanto gabaritar prova de física.
16 de mai. de 2011
Saudade de recortar revistas



Dica do site Radar 55
13 de mai. de 2011
Voyeur de cabide





11 de mai. de 2011
Ativismo menstrual

Nunca imaginei que, em pleno século 21, alguma mulher quisesse usar toalhinha de pano como absorvente. Ou pior, usar Moon Cup - um copinho de silicone que coleta a menstruação. Também não sabia que inventaram o termo "ecofeministas" e que essas colegas espiritualizadas propõem rituais pra devolver o sangue à mãe natureza. Tá tudo contado nessa matéria que saiu hoje no caderno Equilíbrio da Folha SP. E o Google contou mais.
Em que mundo essa mulherada vive? Não é o meu, com certeza. Amo OB, Tampax e todos os modernismos higiênicos - principalmente o DIU Mirena, que impede a menstruação. Isso sim é pra celebrar.
Lingerie Manifesto

Não sou fumante, mas tenho certeza que aquelas imagens com alertas nas caixas de cigarro não comovem a turma da fumaça. Será que alguém vai se sensibilizar com um aviso impresso numa etiqueta de cueca? Homens são capazes de deixar de usar cueca só por ela tocar no assunto do exame de toque. E as mulheres, que deveriam apalpar suas mamas no chuveiro e esquecem? Será que vão lembrar de marcar ginecologista cada vez que abrirem a gaveta das calcinhas? Ninguém lê livro, o que dirá etiqueta de roupa.
Particularmente, essa lei não vai me mobilizar pelo simples fato de que eu corto TODAS as etiquetas de lingerie. Não quero ter intimidades com aquele pedacinho inconveniente de tecido.
Tomara que essa lei ridícula irrite a Dilma e ela delete o assunto.
9 de mai. de 2011
Modelito cyber


7 de mai. de 2011
A força das marcas
6 de mai. de 2011
Fnac e O Diário De Uma Demitida

De novo???

Coisa de mãe

Mãe consegue ficar (um dia?) sem elogiar os filhos. Mãe consegue ficar sem dormir – lembrando que pode levar anos até que ela volte a dormir de verdade. Mãe consegue ficar sem comer e, mesmo com fome, vai alimentar suas crias primeiro. Mãe consegue ficar sem a unha feita e com a cama desfeita, contanto que façam o dever de casa. Mãe consegue até ficar longe dos filhos, por mais que sinta falta deles. O que mãe não consegue, de jeito nenhum, é ficar sem se preocupar.
A preocupação está para as mães assim como a realeza está para o Reino Unido. Pode soar antiquado nos dias de hoje, mas faz parte do DNA.
Preocupação de mãe é artigo de primeira necessidade. Impossível imaginar infância sem “Te cuida!” e adolescência sem “Me liga quando chegar!”.
Desde que o mundo é mundo, ou talvez até antes disso, mães se preocupam com os filhos. Se alguém encontrar vida inteligente em Saturno, provavelmente vai descobrir que lá também funciona assim.
Entenda como preocupação o constante estado de alerta, aquela vontade de ter a mão imensa para usar como escudo protetor. Ou rede de segurança. Ou os dois juntos.
Tem algumas fases em que essa preocupação cresce como fermento em bolo. Já em outros momentos, fica do tamanho de um cupcake. O que é um alívio para os dois lados.
Não é à toa que preocupação rima com premonição. Mães enxergam perigo onde não existe – mas pode existir, especialmente se os filhos estiverem por perto. Pense em quinas de mesas e objetos pontiagudos. Pense em namoradas e namorados. Um perigo, sem dúvida.
Preocupação de mãe é como cabo de fibra ótica. Ultrapassa cidades e fronteiras, passa embaixo de oceanos, pega trem-bala se for preciso. Sabe aquela expressão “A gente cria os filhos para o mundo”? Todas dizem isso, eu mesma já falei. Só que em pensamento acrescentamos um complemento: “E ai do mundo se não cuidar direitinho dos nossos bebês.”
Preocupação de mãe não tem idade nem dia fixo da semana. Às vezes, não tem limites. Ao contrário do que possa parecer, é apenas excesso de zelo. Uma vontade de perpetuar o aconchego do útero e a segurança do colinho. Mãe nasceu para proteger e cuidar. Mãe quer notícias, quer saber onde os filhos estão, quer ser um GPS pra apontar o caminho. E não se importa de recalcular a rota.
Por isso, no dia 8 de maio agradeça todos os conselhos, carinhos, dicas, ensinamentos e até mesmo as preocupações. Falando nisso, mostre para sua mãe que você também se preocupa com ela. Só um pouquinho, vai.
5 de mai. de 2011
Observatório urbano

Não que eu ache perigoso. O cidadão é bem grandinho, deve saber o que faz. O que me incomoda é a arrogância daquele braço pra fora.
Eu achava isso um comportamento tipicamente masculino, uma homenagem aos caminhoneiros e suas estradas, um ato fálico com a lataria do carro, qualquer coisa assim.
Deve ser por isso que estranhei ao ver uma mulher dirigindo com o bração na boleia. Além de ter derrubado minha teoria, ela praticamente coçou o saco.
Fiquei olhando e tentando achar uma justificativa. Até que criei uma nova teoria: ela é ex-fumante, sempre dirigiu com o braço pra fora por causa do cigarro aceso!! Agora parou de fumar e ainda não conseguiu largar o vício do braço.
Pode não ser nada disso, mas preciso me distrair, passo muito tempo no trânsito.
Imagem: FFFFound
4 de mai. de 2011
Brinquedo de adulto

Zaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaapt!

E foi bom ter sumido tantos dias. Eu sempre quis usar essa imagem. Agora consegui.