30 de out. de 2009

Escadaria emocional


Achei genial. Cada um dos 112 degraus é pintado de uma cor e expressa uma emoção. Deve ser mulher que fez isso, pra nomear tantos sentimentos.
from notcot.org

29 de out. de 2009

PJs

Você é PJ como eu? Paga GPS e não tem FGTS? Ainda não decorou seu CNPJ? Tem como sócio (1%) a mãe, irmão, marido, mulher? A sede da firma é, casualmente, o lar doce lar? Ou o endereço de algum parente do interior, onde o imposto é bem menor?
Ei, se você se encaixou no parágrafo acima, não precisa ser um reles PJ! Um pouco de ambição é saudável. Você S.A. pode ser o CEO, o VP, o Diretorzão da birosca, o Me Myself Worldwide Associated.
E carimbo, você tem? Uma empresa que se preze precisa ter carimbo. Tive que fazer um quando mudei de casa. E poft, poft, poft, carimbei cada folhinha branca, amarela e azul do talão exatamente no mesmo lugar, para ficar dentro do alinhamento estratégico da firma. Guardo ele como lembrança, carimbos ficam obsoletos da mesma forma que os computadores antigos. Só me arrependo de não ter comprado aquela caixinha com almofada de tinta – peguei emprestado, vê se pode!
E estoque de carbono, você tem? Uma empresa séria e consolidada no mercado não pode ter somente 2 carbonos já gastos (1 dividido ao meio, né?). Cada vez que abro a gaveta da mesa de cabeceira e pego meu talão de notas fiscais, subitamente assumo o papel (em 3 vias autenticadas) do Financeiro. Emito a comprovação dos excelentes serviços prestados com a Bic recém-contratada e rezo para que o cheque entre logo.
Os sócios que me perdoem, mas ter firma é um pé no saco. Só a gente trabalha! Quem fica com os dedos sujos de carbono? Quem entorta os clipes quando os clientes somem? Quem leva as vias azuis pro contador (esperando que ele consiga ler alguma coisa ou doe um carbono novo). E adivinha quem vai comprar envelope pardo quando termina?!
E Time Sheet, você tem? Avaliação de desempenho? Distribuição de lucros? Caixa dois? Nãooooo!! Você é um PJotinha, um pequeno empresário que ainda não chegou lá. Na verdade, adoraria tocar fogo no seu CNPJ se alguém o contratasse com carteira assinada hoje mesmo.
RSVP se você é PJ. Podemos fazer juntos as nossas festas de final de ano e economizar pro IR. Ou você não contou com o plus a mais do contador?

27 de out. de 2009

Pequenos privilégios

Um cineminha com o filho em plena terça às 15:20, que privilégio! Muitos hambúrgueres caíram do céu. E nós dois curtindo as mudanças de roteiro que a vida faz. Ele aceitou o convite na hora, e não foi só pela pipoca liberada. Senti a importância dos programas exclusivos. Quem tem mais de um filho às vezes não se dá conta disso. Por mais que uma família goste de estar sempre junta, a atenção individual faz bem pro crescimento. O enfim sós, na versão kids.

26 de out. de 2009

Suicídio no Menino Deus

Eu nunca faria isso. Meu vizinho fez hoje de manhã. Se suicidou com um tiro, dentro do apartamento, perto das 10h. Primeiro veio a Samu, depois a perícia. Eu contei uns 6 policiais.
A chuva já tinha parado. Se ele tivesse esperado um pouquinho, veria o sol lindo que abriu e iluminou o dia. Dentro desse homem devia estar um temporal horrível, daqueles em que a gente não enxerga nada na frente, só ouve os trovões.
Era um vovô simpático e educado, tento mas não consigo imaginar a cena. Mesmo morando a um andar de distância do filho, da nora e do netinho, não aguentou a solidão. Nós sempre trocávamos cumprimentos, ele vivia caminhando pelo jardim. E puxando conversa. Não sei se era viúvo recente, parecia se dar bem com a família.
Isso me faz pensar em como a gente se engana com as aparências. Alguém que termina com a própria vida não podia ter aquela cara de paz. Disseram que ele sofria de depressão e não tomava remédio. Talvez fosse apenas velhice e falta de atenção. Seu fardo devia ser enorme, pesado, cruel, insuportável. Ele preferiu não ver o netinho crescer e acabar logo com isso.
Seu Milton, desejo que o senhor encontre muita luz daqui pra frente. Se morar no Menino Deus não ajudou, tomara que o pessoal aí de cima seja mais eficiente.

Memória

Se eu fosse a minha memória, nunca mais falava comigo. Ela sabe que não há confiança na nossa relação. Prefiro me garantir com bilhetinhos espalhados pela casa. E no painel do carro. Mesa de cabeceira. Balcão da cozinha. Minha bolsa também é um grande mural, é só virar tudo em cima da cama e fazer a contagem: 87% são lembretes variados.
É importante frisar que eu não mato árvores aleatoriamente para compensar as fraquezas da memória. Já escrevi muito na palma da mão. Hoje eu reciclo qualquer pedaço de papel que possa vir a ser um post-it. Verso de provas do Anchieta, avisos de reunião de condomínio, folhas com desenhos interrompidos, contas pagas, matérias que imprimi para ler. Os papéis são devidamente rasgados, empilhados e guardados. Sou a rainha do moleskine enjambrado. Esses dias, meu filho juntou dois bilhetes meus e remontou parte de um desenho abandonado.
Uso lembretes analógicos e digitais. A agenda e os alarmes do celular são meu braço direito. Como se isso não bastasse, ainda faço rascunho dos bilhetes. Para depois passar a limpo no lembrete oficial. Organização ou doença, depende do ponto de vista.
Se eu estivesse no lugar da minha memória, me sentiria ofendida. Mas não é nada pessoal. Gosto de registros. Eu não sei como ela organiza tudo lá dentro, se não vai achar uma grande bobagem o “devolver sombrinha” e só cuidar das lembranças da infância. Prefiro me garantir. E tem o prazer enorme de riscar da lista o que já foi feito, colocar o bilhetinho no lixo com a sensação do dever cumprido. Minha memória nunca vai entender essas coisas.


photo from urban camouflage

23 de out. de 2009

Buuuu

Sobre os monstros que nós mesmos criamos, anote aí: eles são menos assustadores do que parecem. Quando a gente olha de perto, vê que é só um medinho pintado de verde. Ou uma complicaçãozinha com narigão torto e calombo nas costas.
Meu ócio criativo está sendo produtivo. Sobra tempo para enxergar esses medos e ver que a tinta verde inclusive descascou. Também descobri que a ansiedade é como um fermento, faz os monstrengos crescerem.
Os entrevistadores do IBGE deveriam incluir uma pergunta sobre isso pra ajudar a desmistificar. “Você tem quantas TVs? E geladeiras? E medos? O que... medo do microondas estragar, com tanta oferta por aí?”
No meu caso, estar sem emprego poderia ser um monstro. Então dedico 8 horas por dia (com 2 horas de almoço), para provar a mim mesma que não é monstro coisa nenhuma, apenas um fato. E que será logo resolvido.
Como diria aquela música, tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.

22 de out. de 2009

Ô lá em casa

O que você faria num terraço poderoso desses? Um churrasquinho na lage em versão Saint-Tropez? Um suicídio cheio de bossa? Um pedido de casamento? A comemoração de um divórcio (se foi você quem ficou com o terraço)? Uma sessão de fotos “se fui pobre não lembro” pra colocar no Facebook?
Acho que, disfarçadamente, eu daria passadas largas de ponta a ponta pra tirar a metragem do local. E concluiria algo tipo “nossa, é do tamanho do meu apartamento....” ou “meu deus do céu, é três vezes maior!!”. Depois, contaria os quadradinhos pretos pra me acalmar. Bem que podia ter um bebedor com champanhe para as visitas. Gelado, que de natural já basta a vida.
photo from smashing magazine

21 de out. de 2009

Mr Right

Eu me sinto como aquelas mulheres que escolhem, escolhem, escolhem o homem ideal. Cair nos braços do primeiro que sorrir? E se amanhã aparecer o Mr Right?
Eu quero um emprego charmoso, inteligente, carinhoso, envolvente e gostoso. Mesmo correndo o risco de ficar sozinha por mais tempo do que eu gostaria, vou me permitir esperar. E sonhar com o ideal. Hummmmm, acho que vem por aí um empregão moreno alto.

photo from flickr - travelers whole and lost auf

20 de out. de 2009

????????

Comecei o dia visitando a 7ª Bienal do Mercosul no Margs e Santander Cultural – dois lugares lindos de Porto Alegre, que nunca acho tempo pra ir. O cais do porto eu deixei pra um fim de tarde, assim posso interagir com o pôr do sol do Guaíba.
Bienal é aquela coisa: a gente vai com o sincero desejo de absorver conteúdos e ser impactada, mas quase tudo passa batido. Juro que tentei me colocar no lugar dos curadores e entender os simbolismos da arte contemporânea. Sorry. Me emocionei mais ao ver as bancas da feira do livro sendo montadas lá fora.
Queria levar pra casa as mesas de desenhos do segundo andar do Margs e os almofadões feitos com pedaços de banner (e logotipos da Bienal), que estão numa sala de leitura do Santander. Levei apenas um santinho de oração à la Second Life da Millagrosa Vella, a santa das causas virtuais (para que seu pedido aconteça faça copy/paste 3 vezes e reze 1 Ave Maria e 1 Pai Nosso). Achei bem oportuno quando coloquei um daqueles fones e ouvi “nenhuma regra, caminhar sem olhar pra trás”. No mais, algumas bacanices e a constatação de que quase todos os artistas que expõem na Bienal vivem e trabalham em Nova Iorque (pelo jeito, o Mercosul não inspira muito).
Como era cedo, havia vários alunos. Tive que rir quando um segurança me chamou e perguntou “ô professora, tá com grupo?” Eu falei que não era professora e estava sozinha. Na saída, esse mesmo segurança perguntou meu nome. Educadamente, respondi. Ele encheu o pulmão de ar, abriu um sorriso e disse “vou ficar com isso... o dia em que a professora Magali chegou!”.
Tadinho. Deve ser a alegria dele cantar as profes em época de Bienal.

19 de out. de 2009

Toddy, sabor que alimenta

Minha sogra comprou um cachorro que parece uma pantufa número 34. Olhei de longe e, ok, achei bonitinho. Mas beleza não é tudo na vida. Ele segue sendo um cachorro, o que para mim significa perigo. Já fico em alerta, feito Pastor Alemão. Cães lambem, cheiram, querem assunto, correm atrás da gente, ainda mais tendo dois meses. Sem querer, arranjei sarna pra me coçar.
Toda a família está in love com o Toddy (nome dado pelo Fabio, o mais apaixonado). Eu estou pensando em táticas de sobrevivência aos domingos. Posso atravessar o verão de botas de cano alto e suportar o calor em troca de proteção - imagine ganhar uma lambida inesperada nas canelas? Também posso convidar o pessoal pra sentar na calçada (ô hábito gostoso!) e conversar por horas. O projeto de Nescau só vai sair na rua quando completar seis meses, então tenho 24 domingos para me refugiar ao ar livre enquanto ele fica na sala vendo Faustão.
Eu só queria entender por que todo mundo se derrete por cachorros. Você deve estar pensando que o Nesquik é esse aí em cima. Claro que não, é uma imagem meramente ilustrativa. Aposto que o achocolatado em pó vai se intrometer nas fotos que eu tirar do Fabio e do Rafa, mas eu sempre posso cortar a cabeça dele – no enquadramento, no enquadramento!
Minha sobrinha perguntou o que eu sinto quando um cachorro se aproxima. Boa pergunta, difícil explicar. Gosto de joaninha, borboleta, coqueiro, cachoeira e arco-íris. Isso deve compensar. Talvez o cacau me ajude a ser mais tolerante com os animais. É apenas uma vaga hipótese, não se emocione.

18 de out. de 2009

Índice de bem-estar

Nada é por acaso. Eu estava lendo a Zero Hora de domingo, com um aperto dentro de mim, e bati os olhos numa frase: bem-estar psicológico é prioridade. Bingo!, quase gritei na sala.
Era uma matéria sobre a pesquisa patrocinada pela Unimed Porto Alegre sobre o que os gaúchos consideram importante para sua felicidade e satisfação pessoal. As pessoas já não esperam milagre do governo, preferem contar consigo mesmas para ter uma vida menos ordinária, nem que seja emocionalmente.
Eu também estou lapidando meu bem-estar. Se pudesse o colocava dentro de um cofre, protegidinho. Tem que ter maturidade para identificar o que nos faz bem, e não me venha com a conversa de que dinheiro resolve tudo. Por isso o check-up da vida, proposto pela Unimed, é fundamental. Otimismo, convívio, confiança no próprio taco, lazer, cultura, hábitos que jogam a favor e não contra. Homens e mulheres, pelos menos nesse ponto, pensam igual.
No exato momento, posso dizer que meu índice de bem-estar emocional está acima da média. Mas tenho plena consciência de que isso é como um regime: mais difícil do que conquistar é manter. Quantas dietas malucas eu já fiz, e sempre as manutenções botaram tudo abaixo. O equilíbrio é o que garante a continuidade. Seja na salada ou na paz de espírito.
Dona Unimed, curti muito essa iniciativa. E pode me entrevistar na próxima pesquisa.

17 de out. de 2009

O neon mais sábio que já vi

Nauman sculpt

Adiantadinha

Hoje começa o Horário de Verão, que amo tanto! O sol nos acompanha por mais tempo, o dia fica mais convidativo. Vou aproveitar cada minuto. Agora quero só o que for bom para mim.

16 de out. de 2009

Escolhas

Eu não costumo ver o programa da Ophra, mas ontem assisti. Estava zapeando e o assunto caiu feito uma luva: working moms X stay-at-home moms. Não que eu tenha decidido parar de trabalhar, imagina! Mas estar momentaneamente em casa faz com que eu tenha a experiência de viver esses dois mundos. Tipo aqueles filmes onde a mocinha quase morre, espia o lado de lá e depois volta para contar. E eu digo: é desgastante ser full-time mom.
Mas voltando ao programa, cada uma defendia com unhas e dentes a sua escolha. Tinha de tudo: a do avental todo sujo de ovo, a arrependida por trabalhar tanto, a sofredora por ter abdicado da carreira, a que enche a boca para dizer que abraço de mãe é mais gostoso. Achei bem sincero quando uma reconheceu que não teve a satisfação imaginada convivendo 24h com os filhos, então (para sorte deles) voltou para o emprego. E teve a new-mom que ouviu da creche escolhida a recomendação para botar na sacolinha do baby uma câmera descartável, assim ela não perderia momentos preciosos (1- perderam a cliente, óbvio. 2- isso é coisa que se diga pra uma mãe desmamando da cria?)
As décadas avançam, os países são diferentes, mas a culpa é a mesma. Same old, same old. Parece que mulher gosta de sofrer, independente das suas escolhas. Homem não carrega esse piano, não. A psicóloga que participou do programa foi pontual. Disse que é muito americano ser isso ou aquilo (republicano ou democrata, contra ou a favor do aborto). Não precisa ser assim. E foi mais longe: ter tudo é uma ilusão, a gente só se frustra porque nunca chega lá. Dra Robin também falou com todas as letras: não podemos planejar tudo, devemos aprender com as mudanças. Se a culpa existe é para nos ensinar, não para nos torturar. God bless her!
Trabalhando fora ou dentro, o que importa é estar conectada com os filhos e ensiná-los a lidar com seus sentimentos, inclusive os ruins. E que se dane o julgamento dos vizinhos.
Pay attention on what you need foi o recado final.

15 de out. de 2009

Desaprender

Aproveito que hoje é Dia do Professor pra lembrar que a gente também precisa desaprender. E isso pode ser difícil. Não dizem que o bacana é aprender tudo o tempo todo?
Dá para desaprender, sim senhor. Tem tantas coisas que não têm utilidade e que nós parecemos um papagaio repetindo. As manias, as conclusões equivocadas, as desconfianças e inseguranças que só atrapalham a vida. Ninguém disse para você decorar esse tipo de bobagem, vai ver ficou guardado junto com a fórmula de Báskara e os adjuntos adverbiais. Pior, ocupando um espaço precioso para novos registros.
Desaprender modelos de comportamento é algo dificílimo. Quem tem filhos, então, é um perigo. É mais fácil ensinar o jeitão consagrado de ser feliz (aquele que você aprendeu com seus pais, e eles aprenderam com seus avós) do que deixar os filhos descobrirem sozinhos.
Eu sempre tirei notas altas em matemática, estudava feito louca, tinha que ser a melhor. Até que um dia (logicamente depois de acabar o colégio), eu decidi não precisar mais daquilo. Apaguei da cabeça tudo que dizia respeito a cálculos e números. TUDO. Infelizmente, a tabuada foi junto. Mas nada que uma calculadora de celular não resolva. Com matemática, eu consegui. E o resto?
Quando a gente é adulto, já está automatizado que aprender é fundamental. Ninguém questiona isso. Só que faz parte da evolução do ser humano se reconfigurar de tempos em tempos. Desaprender para então aprender um novo jeito de se relacionar, de trabalhar, de constituir família, de ser emocionalmente sustentável.
Eu, como publicitária, sempre me vangloriei de ler até bula de remédio, de viver sedenta de informação. Num auditório lotado de estudantes essa frase pega superbem, mas no dia a dia cansa. Quero ser mais seletiva e não acumular o lixão disfarçado de conteúdo que anda por aí.
Desaprender é bem diferente de emburrecer. É ter inteligência para guardar o que vale a pena, sejam livros ou sentimentos. É não salvar tudo no Favoritos e só se alimentar dali. Tem sempre uma janela se abrindo, seja na tela do computador ou na vida.
Eu proponho desaprender algo todos os dias. Esquecer as lições com cheiro de mofo, as fórmulas prontas e agir mais no improviso. Como se cada dia fosse o primeiro dia de aula de um professor.

14 de out. de 2009

Como assim?!

Mais um mito cai, e eu nem precisei acionar os Caçadores de Mitos ou algo assim.
Os cegos também perdem o senso de direção. Sabia? É verdade. E isso me deixou preocupada. Todos os deficientes visuais que a gente vê na rua podem estar indo para o lado oposto do que gostariam, perdidinhos da Silva. E a gente sempre acha que eles sabem onde estão, portanto nem oferece ajuda. Mas não é bem assim.
Hoje eu vi uma senhora cega completamente desorientada. Ela caminha na mesma pista onde eu corro, é um trajeto que faz diariamente e conhece bem o terreno. Vem tranquilona, acha algum voluntário para segurar sua cordinha, engata uma conversa e caminha lado a lado. Depois, ela volta sozinha pra casa. Seguido eu a vejo e sempre admiro a desenvoltura.
Hoje ela errou feio. Quando eu cheguei, estava fora de rota, no canto oposto onde deveria estar. Tateava as pedras com sua bengala, a pista esperando lá do outro lado. Eu perguntei se podia ajudar e a levei para o lugar certo. Você acha que ela demonstrou alguma fraqueza ou se justificou, dizendo que tinha acordado do lado errado da cama ou algo assim? Que nada! Agradeceu e seguiu a vida. Remapeou mentalmente a área e foi caminhar.
Eu corri pensando nas minhas desorientações. E em como elas são pertinentes, aceitáveis, justificáveis, coerentes. Não vou me cobrar tanto assim. Se até os cegos às vezes perdem a direção, então eu estou óteeema!

13 de out. de 2009

11, 12 e 13 de outubro

Eu sou do tempo em que os pais tiravam foto dos filhos em estúdio fotográfico, mandavam fazer um pôster bem grande e penduravam na parede da sala. Bem no meio. Quanto mais a gente crescia, mais amarelava na foto. E os pais não tinham coragem de botar fora, não. No máximo, tiravam o pôster dali e colocavam no corredor dos quartos ou numa parede mais escondida (isso depois dos filhos, já adolescentes, insistirem muito).
Essa imagem de nós três é a que eu mais gosto, de toda a nossa infância. Eu, o Luciano e o Leandro, quietinhos aí dentro, vimos a samambaia da sala crescer, a parede rachar, o abajur mudar. Vimos também o Sítio do Pica-pau Amarelo infinitas tardes, enquanto os irmãos de carne e osso comiam bolacha recheada na volta do colégio, jogados no sofá da sala. Devíamos ficar loucos para brincar com eles, vendo a correria pela casa. Será que a minha versão P&B ouviu o barulhão que fez aquela vez em que eu rolei da escada? Ainda bem que eu não escutei suas risadas.
Ter irmãos é ter mais histórias para contar. Que outro trio faz aniversário em 3 dias consecutivos, sempre ganhou uma festa única (pra terror dos parentes, que precisavam desembolsar 3 presentes de uma só vez) e aceitava pacificamente o fato de que a lembrancinha do Dia das Crianças estava "tudo junto incluído"? Um de nós poderia ter virado serial killer!
A gente cresceu, fez turmas diferentes, namorou, foi morar fora, casou, estudou, descasou, adoeceu, curou, deu sobrinhos e netos, perdeu cabelo, ganhou peso, sentiu saudade, brigou (mas só aquelas briguinhas bobas), chorou, se ajudou e achou graça disso tudo. Sempre amigos até hoje.
Leandro e Luciano, vocês são os melhores irmãos que a menina da casa poderia ter!
Feliz níver para nós três!

11 de out. de 2009

-Eu vou governar o mundo!!!

Eu, não. É o Fabio, que está jogando War pela primeira vez. Ter o mapa mundi aberto em cima da mesa dá uma grande sensação de poder, preciso concordar. Ainda mais com o pai ao lado, dando todas as dicas para ele. Quantos continentes e países um garotinho de 9 anos consegue conquistar antes de ir para a cama? Ainda mais quando não precisa acordar cedo amanhã?
Eu não pretendo atacar a Inglaterra, muito menos a Oceania. Deslocar exércitos também me parece trabalhoso demais para um sábado chuvoso. Quero botar energia nas minhas próximas conquistas, sejam elas quais forem. Eu só não quero me atacar. Estou confiante e curiosa com o que vem por aí. Em todo caso, vou assoprar os dados pra dar sorte.
-Eu já sei qual é o teu objetivo!!!
Agora foi o Rafa que falou. Será que ele consegue ler pensamentos?





9 de out. de 2009

As variáveis imponderáveis

E lá vou eu, mais uma vez, abrir novos caminhos. Quem sabe eu largue definitivamente a publicidade e entre no ramo da construção civil, focando no nicho de estradas e rodagens. Posso até acrescentar o filão das ciclovias.
Quando escrevi online O Diário De Uma Demitida (nos arquivos do blog, de novembro/08 a janeiro/09), nunca pensei que fosse ter uma continuidade, tipo o volume 2 com capa dura. Fora de cogitação, apesar de eu ter levado o pé nas nádegas de novo. Não tenho a menor vontade de escrever aqueles textos lacrimosos da outra vez.
Só posso concluir que vem coisa melhor pela frente. Hoje em dia, o desapego é fundamental. Está aí a prova. O raio caiu duas vezes no mesmo lugar? Ou... achei dinheiro no bolso da calça pela segunda vez!! Se observarmos por um ângulo otimista, estou tendo a segunda oportunidade de puxar o freio de mão. E, convenhamos, não é fácil parar por conta própria para organizar os pensamentos e rever prioridades.
Semana passada, minha amiga Lúcia indicou uma matéria ótima sobre a ditadura da felicidade na revista Bons Fluídos de outubro. Já li e agora vou reler com outros olhos, pois o texto fala justamente em saber aceitar os altos e baixos da vida. A gente tem uma noção equivocada da felicidade, com mais cor-de-rosa do que uma pessoa é capaz de suportar. Faz parte do ser feliz acolher os momentos difíceis e aprender com eles. No mínimo, no mínimo, eu vou encontrar novos amigos. E isso vale mais do que qualquer tíquete alimentação.

Foto: manipulação de Erik Johansson.

7 de out. de 2009

Perseveras e triunfarás

Hoje travei uma luta com um mísero fio de cabelo branco. A gente se arruma toda, capricha no make, monta o look, investe no acessório, daí resolve puxar o cabelo pra cima, só pra mudar. E o maldito fio branco aparece, logicamente BEM na frente.
O confronto foi no banheiro da firma. Sem o espelho grande, a luz natural e a cafeína no sangue, eu não teria conseguido. Impressionante como um fio branco é ágil. Ele faz que vai se entregar e foge dos dedos, se esconde atrás de um cacho, usa outro fio como refém, que nem assaltante de banco e cliente azarado. Eu arranquei três ou quatro na manobra. Tadinhos, não tinham nada a ver com o assunto. Espero que não façam falta.
Fio branco é sempre assim: curto e grosso. Parece que foi colado com Superbonder. Testa a nossa motricidade fina, a coordenação motora, a paciência, a vaidade. Os dedos armados em pinça sofrem até conseguir concluir o serviço.
Indescritível o prazer com que eu coloquei o desgraçado no lixo. Não é o primeiro, tenho uma pequena coleção devidamente colorizada. Mas descobrir um novo, de manhã cedo??!
Na verdade, achei dois. Um eu fiz que não vi.

6 de out. de 2009

Bloom Chair


Uma poltrona-flor para alegrar a casa. O bom é que não precisa regar.
From Kenneth Cobonpue

5 de out. de 2009

Dots Obsession


E você achando over um colar de bolas pra levantar o look...
By Yayoi Kusama.

4 de out. de 2009

Os dias da criança - eu no site do Bourbon Shopping

No Dia das Mães, adoram dizer que nós temos mais do que essas vinte e quatro horas, que os outros 364 dias do ano também são nossos. Que nada. Se tem uma turma que é paparicada todo santo dia e monopoliza o calendário são as crianças.
De segunda a segunda, elas pedem atenção, carinho, brinquedo, batata frita, controle remoto da TV, ajuda no dever de casa, dinheiro para comprar bala – a demanda é infinita. Quem convive com crianças sabe como é. Pode ser filho, sobrinho, priminho, afilhado, filho de amigos. Nada é tão importante (para elas, claro) do que a solicitação do momento. E, incrivelmente, conseguem grande parte do que querem.
Minha teoria é que os adultos cedem porque, no fim das contas, ganham bem mais em troca. Criança faz um bem danado, alegra o dia, a casa, o mundo. Quando elas não estão por perto, nossa primeira reação é gostar do silêncio. Mas logo sentimos falta daquele turbilhão de energia. Sem elas, nós viveríamos em preto e branco.
Você já viu o refresh que dá na família quando nasce um bebê? Todos babam e riem por nada, temporariamente não se fala das brigas e fofocas, só das gracinhas do novo integrante.
Mesmo tendo pouca experiência de vida, uma criança ensina muito. Eu diria que é um MBA em sinceridade e autenticidade. Veja um pequeno sábio dizendo o que pensa na cara do freguês, ou então limpando os beijos que não queria ganhar. É a quebra do protocolo, sem incidentes diplomáticos.
As fotos não ficariam tão divertidas e espontâneas sem as caretas das crianças – isto é, se alguém conseguir fazer elas pararem quietas. Como mexem e remexem, a pilha recarrega impiedosamente.
Segundo a lógica infantil, tudo pode ser questionado. Infinitas vezes.
E agora eu pergunto: por que a gente cresce e perde esse poder de argumentação?
Por que franze tanto a testa?
Por que se irrita no trânsito?
Por que vive contando calorias?
Por que não chama as amigas para brincar de comprar sapato no shopping?
Por que não senta no chão com perna de índio? (Se for por causa do joelho, tudo bem, eu entendo.)
Por que tem adulto que fica com vergonha de ir sozinho no cinema ver uma nova animação da Pixar?
Ou de ir na Disney, para se divertir em grande estilo?
A gente se leva a sério demais, esse é o problema.
Esquece como é bom jogar pipoca para o alto e tentar pegar com a boca.
Criança é tão inteligente que cresce e, mesmo assim, quer continuar sendo tratada como criança. Para ganhar presente no dia 12 de outubro, com certeza. Mas para espichar o máaaaaaaximo que der os melhores dias da vida.

2 de out. de 2009

Decifra-me

Acabei de assistir a uma palestra muito legal sobre como a mulher é representada na mídia e na publicidade. Sou fã da Denise Gallo por suas colunas na revista TPM e também por seus insights em relação ao universo feminino, que a levaram a fundar a empresa de pesquisa Uma a Uma em SP, focada nessa confusão de desejos e sentimentos que somos todas nós.
Denise mostrou o quanto as revistas e a publicidade nos sacaneiam com promessas impossíveis de perfeição e celebridades euforicamente realizadas. Nada de novo para quem é antenada e consegue analisar com frieza o conteúdo das bancas e da TV. Mas eu voltei para a agência pensando na forma como ela se referiu ao que está visível e invisível dentro desse discurso todo. O que é visível, você já imagina: a busca por beleza, realização no trabalho, sucesso no amor, eterna juventude e uns dez orgasmos múltiplos depois de um dia estafante.
A carta na manga está no invisível, nos sentimentos ignorados, nas outras mulheres que não são saradas ou lindas ou tão realizadas assim. Denise lembrou que as revistas só se referem à primeira metade das nossas vidas – é como se depois dos 40/50 anos nada importasse. Falou que nós temos mais anos inférteis do que férteis, e parece que só a ovulação interessa.
Para ela, nem tudo está perdido. Aqui e ali surgem empresas à la Dove que ousam mostrar o invisível. Os errinhos, confissões e improvisos, os acidentes de percurso, as gafes que nós cometemos na frente do espelho, dos filhos, do chefe, do marido. Representações femininas mais verdadeiras, é disso que as mulheres precisam. Inclusão, equilíbrio, humor e sensibilidade – uma fórmula que requer anunciantes com culhão. Me arrepiei quando ela disse que a mídia tem que ser cúmplice da mulher na caminhada, não a guardiã daquilo que nunca chega.
Numa hora, Denise listou vários termos técnicos dos anúncios de cremes faciais. E vendo todas aquelas palavras difíceis, inventadas por algum redator muito criativo, eu lembrei do Omo Lipolase. Esse termo foi um divisor de águas, separando a consumidora porca da caprichosa. Levei anos para comprar outra marca de sabão em pó e não me sentir culpada. Quantas mulheres caíram no Lipolase como abelhas no mel, ávidas pelo branco mais branco? Agora elas querem fazer o teste da janela e ver se a sua pele reflete todo o esforço para conservar a juventude. Só que até o lençol pendurado também enruga com o vento.
http://www.umaauma.com.br/ e blog.umaauma.com.br

Zé Mayer Facts

Os galãs estão em falta no mercado. Décadas aturando Francisco Cuoco, Tarcísio Meira, Tony Ramos e o que nos resta? O Zé Mayer!! Hoje ele faz mais sucesso na internet (graças ao bom humor dos tuiteiros) do que na nova novela. Repetir as Helenas, eu acho interessante. Mas aturar o Zé Mayer de novo? A fila anda até para os galãs. Hollywood consegue desencavar uns rostinhos diferentes. Só a Globo insiste no modelo consagrado. E como ela vence na insistência, ainda vai ter muita garota escrevendo na sua listinha de resoluções para 2010 “arranjar um genérico do Zé Mayer.”
Depois de tantos anos, ele não é mais galã. O Zé Mayer virou o marido da mulher brasileira. Sempre lá, na alegria e na tristeza. Agora eu pergunto: se televisão é entretenimento, cadê a surpresa e a novidade? Maneco, o Zé Mayer datou! Venceu o prazo de validade. Nem a Taís Araújo que é atriz consegue fingir química com ele. As mulheres gostariam de um plus a mais no elenco. Que grande mercado de trabalho se abre para os homens. Por que não copiam a fórmula do programa Ídolos e lançam um concurso nacional de galãs? Eles entram na folha de pagamento da Globo e no imaginário feminino.
Quando achei essa foto (ou melhor, retrato), pensei com os meus mamilos: esse moçoilo já foi um Zé Mayer alguma década (ultra) passada. Para ter posado assim, tão seguro de si, ele se achava. Será que as meias na metade das canelas eram o truque de virilidade da época, tipo assim a famosa barba de dois dias? Alguma Helena deve ter aprovado o look. Hoje, o coitado parece um jóquei de bicicleta.
Mas voltando ao Zé Mayer verdadeiro, eu gostaria de estar viva para ver o querido encerrando sua carreira, já com os dentes dentro do copo d´água. Acho que não terei essa sorte. Tudo indica que ele vai longe nos corredores da Globo. Nem que seja de andador, tentando pegar a nova protagonista.

Sorria, meu bem

Um sorriso, uma mordidinha no lábio, um jeito de olhar ou passar as mãos no cabelo, uma cruzada de pernas, um ombro de fora. Definitivamente, a gente não precisa de modelitos caros para ser provocante. Então, força no sorriso. E no Listerine! Ah, um bom creme para contorno de lábios também ajuda.

Um luxo de lixo

Quebre o paradigma e, por favor, coloque no lixo seco! Dá para reinventar tudo e deixar a vida mais alegre. Com sacos tão pop, ninguém vai se enrolar para levar o lixo para a rua. Imagine sacos com estampas diferentes, uma pra cada dia da semana. Ou então listrinhas coordenadas, uma pro lixo seco e outra pro orgânico? O uniforme dos lixeiros e o caminhão poderiam entrar no clima, embelezando as ruas. E se as estampas fossem assinadas pelo Herchcovitch? Garanto que ele topa.
Devaneios coloridos de uma sexta-feira!

1 de out. de 2009

A (difícil) arte de beijar



Esse filme foi feito por Justin Weber para a abertura do Palm Springs International Short-fest. Achei fofo, dá vontade de beijar.

Te joga no Mr Right!

Comprovado cientificamente por uma universidade dos Estados Unidos: as mulheres solteiras se sentem mais atraídas por homens comprometidos. E nem precisa ter aliança no dedo, basta saber que o moço tem dona. A razão é que eles já foram pré-selecionados por outra mulher. Testados e aprovados, entende? Uma triagem que pode garantir algo. Um ISO 9000 carimbado nas costinhas. Outra possibilidade é a competitividade do mulherio. Se já é de alguém, é mais difícil conseguir. Portanto, muito mais emocionante.
From Folha online.

Assim eu quero!

Essa balança faz bem pro ego. Em vez de marcar os quilos, dá elogios: you're perfect, hot, gorgeous e por aí vai. Oh, my godness! Totalmente mulherzinha.
From bluebus.com.br