30 de out. de 2010

Life is for sharing



Imagina você chegar de viagem e ser recebido assim, com um welcome back coletivo e empolgante. Esse tipo de ação se chama flashmob e foi feita no aeroporto Heathrow em Londres por uma empresa de telefonia. A vida é para compartilhar, eles dizem. E eu concordo.

(Dica do Mauro Dorfmann e do Márcio Callage, via Facebook)

Revolução Industrial

Esse post não é sobre homens, muito menos quiches. É sobre verdades prontas. Ou a poderosa fábrica de rótulos que a gente administra, muitas vezes sem se dar conta. Eu caio nessas ciladas de vez em quando. Acho que uma determinada pessoa é antipática, por exemplo. Mando imprimir o rótulo e pronto. Ainda bem que a vida sempre dá um jeitinho de mostrar que a gente pode ter se enganado feio, que não dá pra julgar alguém sem conhecê-la direito. Uma conversa, uma aproximação casual, um assunto em comum e tudo muda. O queixo cai, o rótulo desgruda na hora. Fico feliz e com uma sensação incômoda de que posso ter perdido um valioso tempo de convivência com aquela pessoa. Tenho vontade de dar férias coletivas, decretar falência, gritar "parem as máquinas!!" pra minha fábrica de rótulos. Só que, conscientemente, a gente não consegue comandar tudo. O ser humano tem engrenagens complicadas. E, por isso mesmo, é tão fascinante.

29 de out. de 2010

Algumas fotinhos




Nada como um dia depois do outro, né?



Todo show tem um backstage

Ontem a sessão de autógrafos foi emocionante. Não sei como o meu pulso resistiu. Revi tantos amigos, conheci gente nova e adoro isso! Se não fosse a turma aí de cima, nada teria acontecido. Esse é o backstage de O Diário de Uma Demitida. Da direita para a esquerda: Andressa Damin, produtora executiva da Editora Nova Prova. Luciana Thomé, assessora de imprensa e agitadora cultural. Simone Schlottfeldt, a Nova Prova em pessoa. Eu. E Guilherme Rex, que fez o projeto gráfico do livro. Mas antes, ele fez a ponte comigo e a Andressa. E como se não fosse o suficiente, fez o livro chegar na Casa dos Verissimo. Beijão, adoro vocês!

27 de out. de 2010

3... 2... 1...

O grande dia sempre chega. Pode ser de uma viagem que a gente planeja meses, um casamento, um parto, um livro. Agora é só respirar. E dormir essa noite. Amanhã quero curtir cada minuto. Os últimos preparativos? Euzinha!
Foto: FFFFound

É amanhã

Todo mundo bem faceiro na fila de autógrafos!!

Foto: FFFFound

26 de out. de 2010

Tem que pensar em tudo

E a caneta?! Escolho um modelo chique, com pompa e circunstância? Ou uma Bic casual? Mordo a tampa e faço cara de quem está pensando muito no que vai escrever ou baixo a cabeça e psicografo o que vier? Eu podia inovar e levar um estojo enorme de canetinhas, pra escolher a cor conforme a cara do freguês. Se bem que um lápis com borracha na ponta seria mais útil. Vai que eu erre o nome.
Foto: Google

Sessão nostalgia


Sim, eu publiquei um livro em 2001 e outro em 2002. Não, eles não existem mais. Sim, eu usava o cabelo terrivelmente curto. Não, eu jamais vou cortar tão curto assim. Tanto tempo depois, novas fotos virão. E o cabelo, nem se compara.

25 de out. de 2010

Quase lá

Agora eu dei para falar sozinha. No chuveiro. No elevador. No carro. Na frente do espelho eu evito porque é mais constrangedor. Estou treinando para as entrevistas, especialmente na Feira do Livro. A vantagem de se entrevistar é que a gente pode literalmente conduzir a conversa. Quem para ao meu lado no semáforo fechado jura que sou louca. Meu amigo, apenas ESTOU louquinha. Mas é de faceira, viu? É como se eu tivesse engolido fogos de artifício. Eles querem brilhar no céu da boca, dentro dos olhos, na corrente sanguínea.
A roupa está escolhida, o que é uma preocupação a menos. Tomara que até lá não nasça nenhuma espinha na ponta do nariz. E que o cabelo acorde bom. E que os amigos não faltem. E que a fila esteja grande. Pior que não posso começar a roer unha, imagina segurar a caneta com os dedos carcomidos.
Amanhã eu queria que já fosse quinta-feira.

24 de out. de 2010

A máscara vai cair

Sinto informar que minha letra sofreu mutações genéticas e ficou horrível com o passar do tempo. O uso excessivo de teclados de computador e teclinhas de celular (adoro mandar mensagem) são os responsáveis. Quando preciso escrever, é um salve-se quem puder ler. Sabe letra de médico em emergência do Sus? Mais ou menos assim. Eu teclo super rápido e quero escrever do mesmo jeito com a caneta. Já viu o que acontece. Garranchos bem intencionados, vogais que parecem ovnis, consoantes que caíram do berço e bateram de cabeça no chão, parágrafos cifrados. E eu tinha uma letra tão bonitinha! Fazia bolinha no pingo do i.
Quinta-feira, quem estiver na fila de autógrafos vai querer ler o que escrevi. De que adianta escolher a dedo as palavras se a frase parecer uma preescrição médica? A pessoa não vai saber se eu mandei um beijo ou um paracetamol.
Eu poderia comprar um caderno de caligrafia e treinar em casa. Mas tem um agravante: a emoção do momento. Vou engasgar, arrepiar, chorar, abraçar com a caneta na mão e tomara que eu não fure o olho de ninguém. Por isso, se você for me prestigiar, finja que entendeu o que escrevi. Sorria em consideração ao meu nervosismo.
Ou serve mímica?

22 de out. de 2010

Todos os layers reunidos

Quem me conhece, sabe. Não sou a pessoa mais festeira do mundo, apesar de ter melhorado significamente. Faço a linha low-profile-caseirinha, o que atrapalha o convívio social e me impede de ver mais seguido tanta gente querida.
A sessão de autógrafos do meu livro vai ser como uma festa onde sou obrigada a ir (!!) e por isso mesmo vai ser tão bom. Em uma noite, terei o prazer de encontrar pessoas de grupos e momentos diferentes da minha vida: família, colegas da academia, vizinhos novos, vizinhos antigos, amigos que fiz em todas as agências onde já trabalhei, a turma da Paim (alô, alô, caravana do Richmond!), amigas do tempo do colégio, amigas recentes, pais dos amigos dos meus filhos. Sem falar nas pessoas que me leem aqui no blog e não conheço pessoalmente.
Em direção de arte, se usa muito a palavra layer (camada) para montar uma foto. Cada coisa (um céu, uma modelo, uma parede de fundo, um prédio) é um layer que vai somando a outros, até formar a imagem desejada. No dia 28 de outubro, mais que uma festa, vai ser o momento de juntar todos os layer que fazem de mim a pessoa que eu sou hoje.

Foto: FFFFound

O outro lado da moeda

"Dinheiro é uma energia de troca. Se você trabalha durante um mês por um salário, ou seja, por uma quantidade de dinheiro, você está trocando grande parte da sua vida por essa energia. Pense nisso!"
(Trecho da coluna da consultora de riqueza Glória Pereira na TPM de outubro. Recomendo.)
Foto: Best Article Every Day

Já não basta sentar na poltrona do meio?

Eu tinha planejado dormir no voo de volta para Porto Alegre porque a noite passada foi de trabalho árduo. Então me acomodei na poltrona e estava quase fechando os olhinhos quando a menina má sentou do meu lado. Ela e seu fone de ouvido que mais parecia um amplificador. Um segundo depois da sonzeira começar, minha vontade era largar uma versão mais elegante de "Dá pra baixar essa porcaria?"
Não consegui. Fiquei treinando mentalmente tantas formas de abordagem e entonações que o sono foi embora. Achei melhor pegar a menina má do Vargas Llosa e ler, já que o livro está tão bom. E o bate-estaca zunindo na minha orelha direita.
Por que a gente fica constrangida de comunicar aos outros que eles estão nos incomodando? No meu caso, acho que foi excesso de educação. Eu não quis parecer mais mal educada do que ela - uma preocupação sem cabimento, já que a menina má paulistana não parecia ser preocupar com ninguém. A gente jamais aceitaria que outro passageiro viajasse sentado no nosso colo. O mesmo deveria valer se ele quisesse ocupar nossos ouvidos.
Talvez tenha sido o lanche a bordo. Teve uma hora em que criei coragem e bati no seu ombro. "Será que você podia baixar um pouco o som?" Ela não moveu um músculo da face, não disse uma palavra e diminuiu. Aí foi o comandante quem falou: "Atenção tripulação, preparar para a aterrissagem".
Os últimos minutos de voo foram uma tranquilidade só.

Foto: designineurope.eu

20 de out. de 2010

Minúscula

Eu me senti pequena no aeroporto. Passou por mim um homem de 30 e poucos anos, bem-vestido, a célebre maleta de executivo. Mais duas bengalas, duas pernas que não firmavam sozinhas, duas mãos com dedos disformes. E um olhar sereno, cheio de autonomia. Ele sentou, abriu o notebook no colo (os pés muito longe do chão), pronto pra tocar a vida.
Imediatamente duas cenas vieram na minha cabeça: eu reclamando que preciso de escada pra alcançar uma prateleira mais alta. Eu irritada por ter que me espremer toda pra passar entre dois carros grudados e abrir a porta do meu. E o amigo ali, nonstop.
Adivinha quem se sentiu a limitada. Imóvel e minúscula, apesar de mais alta que ele. Um choque de realidade sempre é útil. Minhas pernas me sustentam. Imperfeitas e tão perfeitas ao mesmo tempo.
Foto: VonMurr on Flickr

Estou assim por dentro

Pensando em todas as dedicatórias especiais que já recebi. E li, reli, mostrei em casa toda faceira. Pensando no que eu vou escrever na dedicatória do teu livro. Na hora a emoção piora a letra, embaralha a vista, mistura as palavras. Escrever um livro é fácil. Retribuir em uma frase o carinho a quem saiu de casa ou do trabalho para prestigiar a gente, isso sim é tarefa ingrata. Parece que nenhuma frase vai estar à altura.

Ilustração: Kate Moross

Eles não crescem

Por que os meninos, independente da idade que consta na carteira de identidade, insistem em assustar o sexo oposto com insetos falsos?
Cheguei e, pasme, havia uma barata de papel escondidinha dentro do meu MacBook. Que estava parcialmente fechado. Que eu abri e...... ahhgggrrrrrr!!!
Não gritei, não da forma como eles esperavam. Mas me babei toda. Reconheço que a piada é pertinente, baratas frequentam o bairro mais nobre de Porto Alegre.
Pelo jeito, nunca vou descobrir quem se deu ao trabalho de recortar minunciosamente as perninhas da barata. Ah se o Steve Jobs fica sabendo. O teclado ficou bichado (=lentinho) logo depois.

Imagem: tumblr.com

19 de out. de 2010

E esse blog agora só fala do livro???

Achei outro assunto que não seja o livro pra não incomodar você. Estou levemente obsessiva, emocionada, ansiosa, desfocada. Mas ainda tenho noção. Então lá vai...


De uma vez por todas, não quero ter intimidade com máquinas. É apenas uma relação comercial, não tentem puxar conversa e se fingir de humanos. Ontem um terminal de caixa 24h usou a primeira pessoa do singular comigo. Eu só queria sacar dinheiro e tive que ler na tela "Vou providenciar", "Estou imprimindo". Só um pouquinho digo eu.
Já reparou que agora é moda gravação de SAC e de telemarketing usar um tom coloquial com a gente? Quando eu sou obrigada a ligar para a Sky, tenho que aguentar o discurso amigo íntimo. Escolho a opção SEM SINAL, por exemplo, e escuto: "Ah, sei. Entendo." "Já tentou tirar o fio da tomada e colocar de novo?" "Vejo que você está com problema no sinal".
Vejo como, cara-pálida? Vejo fios, cabos e conexões.
E agora os terminais de banco resolveram cair nessa conversinha mole. Um desrespeito com a gente e com a primeira pessoa do singular. Se pelo menos o terminal tivesse perguntado pelo livro, puxa, aí sim eu baixava a guarda e contava tudo.

18 de out. de 2010

Autoexplicativo

O Diário De Uma Demitida nem foi lançado e já está rendendo momentos impagáveis!
Como toda mulher que se preze, não tenho roupa para o evento. E se tivesse, não usaria ;)
Então fui dar um giro pelas lojas e ver se eu encontrava algo legal - não tão arrumado, não tão casual, não tão colorido, não tão sério. Bem fácil de achar, como você pode perceber.
É tanta coisa espalhafatosamente floreada e estampada (primavera não pode ser light?) que eu busquei refúgio em uma loja fora do meu budget, porém um oásis de bom gosto. Nesse tipo de lugar, já vale o citytour.
E lá estava eu, olhando aquelas lindezas para descansar a retina, quando a vendedora apareceu. Por que elas sempre aparecem e se transformam em papagaio-de-pirata? Eu virava pra um lado e ela surgia com um $$$. Eu fugia pra outra arara e ela trazia um $$$$$. Até que começaram as perguntas.
-Que tipo de evento é?
-Uma sessão de autógrafos. (eu poderia ter ficado quieta, mas e o orgulho?)
-Tua?
-Sim! (pressenti a saia-justa, agora não tinha mais volta)
-E qual é o nome do livro? (comecei a rir)
-O Diário De Uma Demitida.
-Ah. Tá. (silêncio constrangedor)
-Mas agora tu está empregada... (quase tirando o cabide da minha mão)
Vesti o meu melhor sorriso e respondi que agora estou óoootema.
Ela deve ter me achado com cara de caloteira, aposto.
Virei as costas e saí poderosa, de mãos abanando, lógico.
O Diário ainda vai me fazer rir muito!

Foto: FFFFound

Só por isso já valeu a pena

Faltam 10 dias para o lançamento de O Diário De Uma Demitida. Esse livro representa muito para mim. Eu não esperava conseguir publicar. E nunca na vida imaginei que o Verissimo fosse escrever a orelha do livro. Mas ele escreveu. E ficou ma-ra-vi-lho-so!
Foto: Google Images

16 de out. de 2010

Disfarce

Gosto de ficar escondida, quieta no meu canto, reorganizando os pensamentos, vagando de pijama pela casa, me enrolando pra tomar banho, deixando a manhã passar. E isso é tão raro. Só assim eu presto atenção na asinha de cupim que apareceu no chão da sala (ué?). No galho da plantinha que entortou. No prendedor de roupa que quebrou no canto. No lugar gostoso que é a minha casa.
Depois de uma semana cheia de responsabilidades, considero um privilégio tirar um turno para a livre observação. Já ajudei o Fabio com os temas, já dei uma geral na casa e até sobrou tempo para o blog. Acordar cedo aos sábados é ruim mas é muito bom. O dia cresce. A gente toma posse das horas e decide o que fazer com elas. Almoçar às 3 da tarde é um ato de rebeldia pra quem precisa comer sempre de olho no relógio de segunda a sexta.
Então, se algum compromisso perguntar por mim, diz que você nem me viu, que não sabe onde estou ou a que horas volto.
Foto: FFFound

15 de out. de 2010

Amo muito tudo isso

Os lenços vão bombar nesse verão. Eu, que adoro panos, echarpes e lenços, vou me jogar! Vai lá. É perfeito para um bad hair day.

Foto: FFFFound

14 de out. de 2010

A agência bancária é o novo cartório

Não sei o que me deu na cabeça, mas hoje entrei em um banco. E o pior, um banco que nem é o meu. E pior dos piores, entrei na fila do caixa. Tudo para descontar um cheque. Eu poderia ter feito o depósito em 5 segundos num caixa automático. É que o banco em questão fica ao lado da minha casa e achei que ganharia tempo. Gastei meia hora olhando angustiantemente para o número da senha e o número que chamavam no painel. A ansiedade tocou no teto.
Naquele ambiente ultrapassado, sem saber direito por que eu ainda estava ali, me dei conta de uma coisa importantíssima: a humanidade evoluiu muito. Felizes de nós que vamos no site do banco. Não precisamos mais do espécime físico, não como antigamente. Eu me senti lavando uma leiteira que não é T-fal, com o leite grudado no fundo. Ninguém mais lava leiteiras, não quando se pode esquentar o leite no microondas e sujar só a xícara.
Voltando à agência bancária, ela é o novo cartório. Ainda é necessária para algumas coisas, mas podemos ir infinitamente menos. Tem cheiro de mofo, teia de aranha, parece deslocada dentro do mundo contemporâneo. Graças ao bom Deus cibernético, temos a internet. God save the WWW. Foi importante essa experiência para dar mais valor aos avanços do século XXI. A gente nem percebe mais o atraso que era a nossa vida. Sem falar na desagradável função de abrir a bolsa, tirar tudo, o alarme apitar, o guarda xeretar meus pertences. Logo a minha bolsa, que é praticamente um armário. Já isso não vai mudar nem em 2089.

Foto: FFFound

A escolha de Sofia

O MacBook que uso no trabalho foi viajar e voltou sem a foto dos guris no desktop. Aproveitei pra escolher outra, sempre é bom mudar a paisagem mesmo sendo de dois garotos paradisíacos. Separei uma com o Rafa e outra com o Fabio. E deu um aperto no peito ter que escolher qual deles iria pro trono. Cheguei a pensar: e se eles aparecem aqui na agência e só encontram um na telinha?
O Rafa diz que o Fabio é o preferido e eu digo que não, que meu coração é um duplex megaconfortável onde cabe meu amor absurdamente enorme pelos dois. O Fabio sente ciúmes e reclama porque coloquei uma foto minha com o Ricardo (ops, triplex!) no notebook de casa. Quem tem irmão já fez essa pergunta cabeluda: "De quem tu gosta mais?" Eu sempre ouvia a mesmíssima resposta, sem um pingo de hesitação: "Dos três. Igual." Aquilo me tranquilizava, eu era a feliz proprietária de 1/3 do coração da minha mãe.
Rafa e Fabio, resolvi a questão com um belo mosaico. O Diego, que ainda não tem filhos, entendeu e fez a montagem pra mim. É o meu amor multiplicado.

13 de out. de 2010

Objetividade


Essas placas eu achei no blog do fotógrafo Yvan Rodic, dica do amigo Peri. Será que tanta objetividade funciona? Em todo caso, vale a tentativa.

43, quem diria!

Hoje é meu aniversário. Fico feliz com essa data, sabe? Lá no começo do ano demora muito para outubro chegar. E, quando vejo, o dia 13 aparece na minha frente. Já passei da fase de ter neurose com idade. Por dentro, me sinto uma guria. Por fora, uma mulher de bem com o espelho apesar dos quilinhos extras. Tenho um marido que segue apaixonado por mim, filhos fabulosos, pai e mãe vivos e especiais, irmãos amigos, alguns amigos que parecem irmãos, um trabalho que eu gosto muito, um livro quase pronto. Não posso reclamar de nada, nem se eu pegar todos os semáforos fechados e estiver atrasada.
Vai, me ajuda a apagar esse monte de velas que eu guardo um pedaço do bolo pra você.

Foto: FFFFound

7 de out. de 2010

Filhos-fermento, pais-forno

(feita para o site do Bourbon Shopping)


Essa não é uma crônica para ler com filhos por perto. Não agora. Precisa de silêncio para voltar no tempo e pensar na criança que você foi, sentir a massinha de modelar grudando nos dedos, o gosto do sangue quando o dente de leite caía, o pente descendo com dificuldade para desembaraçar o cabelo molhado.
A gente também colou em prova, escondeu vaso quebrado, acordou no meio da noite com pesadelo. Ficou sozinho em casa e sentiu medo, depois adorou. Conhecemos bem a sensação de crescer e o dedão do pé esmagar a ponta do tênis, de começar a prestar atenção na conversa dos adultos, de trocar as estampas bobinhas por roupas descoladas.
Por isso eu acredito que não é tão difícil assim entender os filhos, não para quem já foi criança um dia. A gente tem a referência interna daquilo que era bom ou não, o que sobrou e o que faltou. É só localizar essas informações perdidas nas gavetas do cérebro e atualizar para o ano corrente.
Crianças crescem como fermento, cabe aos pais fazer o papel do forno. Dar calor humano, dar espaço, dar tempo livre para brincar, dar ouvidos, dar bom exemplo, dar liberdade para perguntas cabeludas, dar respostas sinceras.
E dar presentes, sempre que possível. É prazeroso surpreender um filho, ver seus dedos afobados rasgarem a embalagem, mesmo naquela fase em que eles curtem mais a embalagem do que o presente. Lembra? A gente também adorava ganhar boneca, bicicleta, videogame, carro de controle remoto, roupa nova, o primeiro sapato de salto alto, skate, prancha de surf (ih, esses dois são muito perigosos, melhor dar uma desculpa e achar outro presente). Como tudo na vida, o segredo é equilibrar. Dar sins e dar nãos. Isso forma o caráter e recheia a memória afetiva que os acompanhará para sempre.
No Dia das Crianças, dedique as 24 horas (ou boa parte delas) para essas pessoinhas que enchem a casa, bagunçam, questionam, tumultuam, aprontam. Imagina que tédio seria a nossa existência sem eles!

Foto: Distillate.com.au

Comprei meu presente de Dia das Crianças

Faz tempo que eu queria ler esse livro. Agora que o Mario Vargas Llosa ganhou o Nobel de Literatura, é uma boa desculpa. Tem tantos autores que eu ainda não tive o prazer de levar pra minha cama. Às vezes parece que uma vida não é suficiente pra colocar a leitura em dia.
E vai dizer que não é um título sugestivo pra devorar no próximo feriado?

Let it be

Um homem que ninguém conhece conseguiu tirar os holofotes do über Beatle Paul McCartney, que se apresenta mês que vem em Porto Alegre e, até então, era o talk of the town.
Estou falando do gaúcho sortudo de Fontoura Xavier, outra localidade que a gente também nunca tinha ouvido falar. Ele acaba de ganhar sozinho 119 milhões na Mega Sena. O Paul deve ter mais trocados no banco, mas não é tão assediado como o nosso amigo vai ser. Sério, eu fico preocupada. O rabudo de Fontoura Xavier provavelmente é um homem simples, de bom coração, que vai se sentir mal com tanta grana. Eu posso ajudar!
E com essa mudança de foco dos holofotes, fico mais tranquila para fazer a camiseta EU NÃO VOU NO PAUL. A menos que eu entre na listinha de favorecidos pelo novo milionário e ganhe quatro ingressos.

Imagem: Flickr

6 de out. de 2010

Eu tô aqui

Meio sumidinha, reconheço. Mas é por um excelente motivo. Estamos na reta final de produção do meu livro. O Diário De Uma Demitida, enfim, vai ganhar vida. Já tenho quase tudo: editora, assessoria de imprensa, capa, orelha, prefácio, diagramação, foto (hoje tive um momento top model!). Só falta mesmo te ver na fila de autógrafos. Você vai, né? Logo, logo tem o convite oficial.

Foto: FFFFound

4 de out. de 2010

Da série recomendo




Só fui conhecer a biblioteca pública de Nova Iorque na quarta ou quinta ida. Em uma cidade movida a compras, a gente até esquece que nem todo o prazer está ligado ao consumo. Entramos eu e o Gigio, saímos impressionados. O lugar é de uma paz imensa, assim como a quantidade de livros. Há silêncio de graça, coisa rara em Nova Iorque. As constantes sirenes de ambulância e de polícia são barradas por paredes históricas. Por dentro, a biblioteca é majestosa. Mesmo na primeira vez, você tem a nítida sensação de que já esteve lá. Agradeça a Hollywood, que seguido filma naquele cenário pronto. Só para citar dois exemplos, Um Dia Depois de Amanhã e Sex And The City - no primeiro filme, Carrie Bradshaw bem que tentou, mas não conseguiu casar na biblioteca.
Não sei por que fui lembrar disso agora. Deve ser uma vontade enorme de viajar, somada ao lançamento do meu livro.

3 de out. de 2010

Drama à moda da casa

Rafa olha para seu pijama, franze a testa e diz:
-Ih... Pai!! Acho que de noite eu sangrei pela coxa.
Olha de novo e conclui:
-Ou pode ser sorvete.
Ainda bem que eu conheço a turma e nem peguei a carteirinha da Unimed.

1 de out. de 2010

Tradução simultânea

Como sempre, meu celular toca no meio da tarde.
-Mãe, não entendi uma palavra do tema: achila.
-Axila? É o sovaco, Fabinho.
-Mãe, tu é um gênio!
Viu por que a gente SEMPRE tem que atender o celular quando são os filhos?
Ninguém nos promove a gênio dessa maneira, sem burocracia ou concurso, sem levantar dúvidas e exigir provas. Se a mãe falou, tá falado. Pelo menos no quesito "palavras em que a letra X tem som de /K/Z/S. Por que eu iria concorrer ao Prêmio Nobel se minha genialidade é reconhecida por causa de um sovaco?
Depilado, evidentemente.
Foto: FFFFound