31 de mar. de 2010

Mais uma crônica para o site do Bourbon Shopping

Cerimonial do coelho

Para mim, papel celofane tem gosto de Páscoa. Nunca mastiguei um, mas posso garantir. Ele me transporta para outros tempos onde ninguém tinha inventado a contagem de calorias.

Quando eu era pequena, a Páscoa durava meses. Os ovos eram tantos que lotavam os armários da cozinha. A gente enjoava de chocolate. Para ganhar espaço, minha mãe quebrava tudo em pedaços e guardava em latas de mantimentos. Os chocolates não tinham dono, eram propriedade da família.

Apesar do alto nível de glicose no sangue, nunca esqueci as cenas da porta da rua aberta e as cestas enormes do lado de fora. Lembro dos papéis celofane e suas pontas quase tocando o teto, a luz do corredor ganhando reflexos coloridos, a transparência num jogo de esconde-esconde com os ovos.

Descobri o que eram efeitos especiais brincando com o celofane que sobrava da Páscoa: a gente criava o tataravô dos óculos 3D. Uma pirotecnia modesta, era só colocar um papel celofane na frente dos olhos e – Oh!! – até o pai e a mãe ficavam vermelhos! E verdes, azuis, amarelos! Nada saltava ou explodia, apenas a imaginação. Hoje, acho que as alucinações de cacau é que davam esse barato.

Na década de 90, passei para o outro lado da força e comecei a alimentar a memória visual dos meus filhos. Estranhamente, não viajei no celofane. Foquei esforços na cenoura deixada na janela, nas pegadas e – Oh!! – nos restinhos que "ele" deixou.

Nesta Páscoa, não esqueça o cerimonial do coelho. Garanta um mínimo de emoção e magia, esconda o presente pela casa mesmo que seja uma linda calça jeans sob encomenda. Embale os sonhos, não só as cestas.

Imagem: Flickr

Dê um up no lixo




Essa notícia vem do blog Chic, da Gloria Kalil. A Cavalera fez bolsas aproveitando sacos de cimento. É o conceito upcycle: dar um up naquilo que terminaria no lixo (diferente de reciclar). Até aí, ok.
O que achei legal foi o surgimento da ideia. O showroom deles estava em obras. Em algum momento, alguém do estilo se deu conta de que chovia muito, todos os dias, e os sacos de cimento permaneciam inteiros na rua.

30 de mar. de 2010

Favoritos

Tenho o restaurante, o cinema (a fila e a poltrona), a comida, o seriado, a loja, o shopping, o dia da semana, o trajeto pra casa. Faz um tempinho que também tenho o santo favorito: Santo Antônio. Descobri que acender uma vela - seja para pedir ou para agradecer - é muito bom. Não gosto de missa, só de sentar sozinha na igreja. Alguém falando, só eu com o santo. A gente tem se entendido bem.
Foto: Flickr

O lobo mau é o de menos

A gente cresce e fica com uns medos bobos. De não educar direito os filhos, de faltar dinheiro, de ser uma farsa no trabalho, de deixar o tempo passar e não aproveitar bem, de se afastar dos amigos, de desperdiçar energia com quem não merece.
Eu penso muito nessas coisas, tem dias em que escurece mais cedo na minha floresta. Pensar já é meio caminho andado. Tenho certeza de que faz parte do crescimento a gente conviver com as incertezas. Só nos contos de fada e nas novelas da Globo tudo é perfeitinho.
Aí você pergunta:
-Magali, pra que esses medos tão grandes?
-É pra enxergar melhor a vida, respondo eu.

Ilustração: Cory Godbey

No flash, please

A gente não é tão difícil assim de entender. Um pouco complexas, talvez. Levemente subjetivas. Nada que um olhar (bem) mais atento não perceba. Agora se você quiser só admirar o conjunto da obra, tudo bem. Antes, deixa eu passar um batonzinho.

Imagem: www.behance.net

29 de mar. de 2010

Dorme bem


Esses dias o Fabinho sonhou que era adotado - portanto, um pesadelo. Ele ficou incomodado, perguntou várias vezes se não era mesmo. Casualmente, o pesadelo aconteceu na casa de um amigo. Não sei se ele lembrou do sonho na manhã seguinte ou acordou na hora. Melhor nem saber.
O que a gente responde? Que não é. E mesmo que fosse, seria tudo igualzinho. Acho que mais importante do que a resposta em si, é o tom de voz. Uma pergunta dessas quer a tranquilidade de volta. Eu podia ter feito um comentário pós Nardoni, dizendo que muitos filhos estão mais seguros longe dos pais biológicos. Pra quê? Pra mostrar a um garoto de 9 anos que a vida pode ser bem cachorra?
Fabio, o senhor é parcialmente responsável pelo meu umbigo detonado (nas palavras dele). Dorme bem, filho. E sonha que todas as crianças têm a mesma sorte.

Foto: Adore on Flickr

No pain, no game

Sábado tinha tudo pra ser uma noite especial pra mim e pro Ricardo. Um filho exportado para a casa do amiguinho, o filho adolescente com programação pronta. E nós dois sozinhos, em pleno sábado. Fui pegar a bolsa pra gente sair e o celular que tocou. Em uma hora, eu deveria estar na agência. Juro, me senti uma obstetra com a publicidade entrando em trabalho de parto.
Mesmo assim, sábado foi uma noite especial. Isso porque eu não perdi tempo com lamentações. Fui lá conferir os dedos de dilatação, depois refiz a pauta. A gente conseguiu uma mesinha ao ar livre num restaurante gostoso e em minutos esqueceu o imprevisto. Sem cinema (a Sandra Bullock virou O Sonho Impossível) e sem festa de aniversário. Quero ver o amigo do Ricardo acreditar que eu tive que estar às 22h de um sábado no trabalho. Conviva com uma publicitária para descobrir que isso é parte da rotina.

Foto: Flickr

Sobre a importância do troco

Eu queria muito que existissem moedas de cinquenta reais. Você já vai entender por quê. De uma hora para outra, a minha lavaroupas estragou. E ela tem quase três anos, é um bebê ainda. O painel acusou um código e lá fomos nós ler o manual para saber a gravidade da situação.
Devia estar escrito “porquinho cheio”. Era a mangueira entupida – quando li isso, deu um clarão. Fazia meses (12, acho) que eu não abria a tal da mangueira para drenar a água que sobra das lavagens. Ao lado dela, encontrei um compartimento secreto que nunca havia sido aberto: um filtro. Dizem que é comum ter filtro em lavaroupas. Mas em casa com duas crianças, a gente não se prende em detalhes. O importante é conseguir lavar tudo que eles sujam.
Quando eu abri o filtro, parecia um porquinho. Encontrei 7 moedas, 1 chave que o Rafa perdeu na primeira semana depois que nos mudamos para cá (junho de 2007) e 2 pedaços de plástico não identificados. Imagina se as 7 moedas fossem de cinquenta reais! Eu sairia com lucro, já que a lavaroupas ainda está na garantia.
Ela voltou a funcionar e depois trancou de novo. O técnico vem hoje resolver o problema. Quem sabe ele acha algo que eu possa revender num brique. Das moedinhas, salvei duas que não estavam enferrujadas. Precisava ver a emoção do Rafa ao rever a primeira chave de casa que ganhou na vida. No fim da história, ele não foi o único desatento.
Dica: pagar pela garantia estendida é uma boa. Semana passada a coifa, comprada junto com a lavaroupas, também foi para o conserto. Até o dia 25 de maio, ainda dá tempo de estragar mais alguma coisa.

28 de mar. de 2010

De caso com a casa

Eu adoro comprar roupa, sapato, maquiagem. O problema é que também adoro vestir a minha casa. Como não dá para fazer as duas coisas o tempo todo, eu oscilo para lá e para cá.
Esse fim de semana visitei um apartamento lindo e voltou de novo aquela vontade de comprar almofada, prato, vaso, enfeitinho, mandar fazer as cortinas, folhear revistas de decoração, trocar metade dos móveis. Já fiquei cheia de ideias, fiz listinha, lembrei de lojas, até comprar planta eu comprei (dá um refresh instantâneo).
Será que só eu sou assim? No exato momento, parece que tenho roupa suficiente pra meses, que não preciso de botas novas pra esse inverno, que o meu guarda-roupa pode dar conta do recado sozinho, que o perfume vai durar pra sempre.
Amanhã o raciocínio pode ser outro. Se eu postar uma declaração de amor para calcinhas ou pulseiras, não me chame de instável, bipolar ou coisa do gênero. Sou mulher - com bom gosto demais e dinheiro de menos.

Imagem: Flickr

26 de mar. de 2010

Repetindo um dos primeiros posts do blog



Esse texto foi escrito originalmente para o site Argumento em 2006 ou 2007, com o nome "Oração da Mulher". Circulou bastante na internet, virou um lamentável power point edificante e foi lido pela Ana Maria Braga, para toda a audiência da Globo, como texto de autor desconhecido. Depois, em 2008, virou anúncio para o Dia da Mulher, finalmente com a minha autorização.

E essa semana ele ressurgiu na minha vida. Na quarta, a Rodaika leu a Oração no programa Pretinho Básico, da Atlântida FM aqui de Porto Alegre. Eu, que sempre estou ligada no PB, não ouvi. O Ricardo, sim. E me ligou na hora. Só consegui falar com ela depois do programa, graças ao meu amigo Miltinho Talaveira. E hoje, a Rodaika retomou o assunto no PB, dizendo que muitas pessoas pediram a Oração e que a autora (!!) havia aparecido. Falou meu nome, citou duas vezes o blog e eu tive o recorde de acessos: 517! Para mim, uma pequena multidão de novos leitores. Sejam bem-vindos!



Oração da Mulher


Senhor, me ajude a nunca desistir de ser mulher. Coloque um espelho no meio do meu caminho entre a lavanderia, o supermercado, o sapateiro, o colégio e a locadora. E que, ao me olhar, eu goste do que veja. Não deixe que eu passe uma semana sem usar um batom bem vermelho, uma bota bem alta ou um jeans bem justo. Proteja meus cachos do vento e os brincos e anéis dos olhares invejosos. Nunca deixe faltar na minha vida comédias românticas e boas depiladoras. Deixe que eu fecho os registros e as janelas. Mas, por favor, abra algumas portas. Nem que seja a do carro. Se eu estiver com vontade de chorar, faça com que eu chore um dilúvio. E que tenha saído de casa sem pintar o olho. Para cada dia de TPM, me dê uma vitrine com sapatos lindos. Já que eu nunca pedi milagres, faça com que minhas celulites sejam ao menos discretinhas. Me dê saúde, tempo livre, silêncio. E que nunca falte O.B. na minha bolsa. Nos engarrafamentos, faça com que eu ligue o rádio e esteja tocando minha música preferida. E que eu lembre da letra para cantar. Dê forças para eu insistir que meus filhos comam salada, digam por favor e obrigada, limpem a boca no guardanapo, façam as pazes e puxem a descarga. Cegue meus olhos para as sujeiras nos cantos e os brinquedos no meio da sala – eles vão estar sempre lá, isso eu já vi. Ajude para que eu chegue do trabalho e ainda consiga brincar, ver desenho, contar história, fazer cosquinha, pintar dentro da linha preta. Ou fazer só uma dessas coisas. E se eu não tiver a menor condição de me manter em pé, faça com que meu filho chegue dormindo da escola. Em dias difíceis, dê coragem e persistência para eu seguir na dieta. Faça com que eu não esqueça de ligar para os meus pais e meus amigos. Dê firmeza para os seios e para a hora do castigo. Ajude para que o meu trabalho não seja bom somente no dia do pagamento. Proteja minhas poucas horas de sono e não me julgue mal caso eu não acorde no meio da noite para cobrir meus filhos. Não deixe que a minha testa fique tão franzida a ponto de parecer uma saia plissada. E eu, uma louca estressada. Faça com que o sol seja meu personal trainer, meu complexo de vitaminas, meu carregador de bateria – mas quando eu pedir um diazinho de chuva, não pergunte por quê. Para cada batata quente no trabalho, me dê um café recém-passado. Entenda quando eu rezo para cancelarem uma reunião – não é gastar reza à toa, pode ter certeza. No meio de tudo isso, faça com que eu ache tempo para virar namorada de novo, ir no cinema, jantar fora, beijar na boca, dormir abraçadinha. Ilumine o espelho do banheiro e proteja minhas pinças, meus cremes e segredos. Ajude a não faltar gasolina, não furar o pneu, não arranhar a calota. Afaste os motoqueiros do meu retrovisor. Proteja meu sorriso, meu humor, meu intestino. Senhor, por pior que seja o meu dia, faça com que ele termine, e não eu.

Real life



Eu já dividi muita pizza, divido a cama, os sonhos, a educação de duas pessoas, mas não dividiria o local de trabalho com o Ricardo. Não ia dar certo, em algum momento eu ia chamar ele de amor, ia dar um beijo sem querer, falar algo de casa na frente dos colegas.
Sempre penso nisso quando vejo o Jornal Nacional. Chego a desconcentrar das notícias. Ainda vou flagrar o casal William e Fátima escorregar no texto e deixar o Bonner e a Bernardes numa saia-justa divertida. Um ato falho de intimidade.
Depois que comecei a seguir o Bonner no Twitter, minha certeza aumentou. O tio (como ele se chama para a legião de sobrinhos) conta que tá com dor de garganta e por isso matou aula, diz que o nome da cachorra (Chantilly) foi escolhido pela patroa, avisa quando vai “encostar os cílios superiores com os inferiores e descansar a carcaça”. Ele confia tanto na sua credibilidade que se permite brincar. E mostra para os mais de 400 mil seguidores que é um cara superengraçado, leve, de bem com a vida. Olha, tem muito mala no Twitter, mas vale a pena seguir o Bonner e ter ele na bancada por mais tempo.
Eu já pensei em vários assuntos para o ato falho. Antes achava que a Fátima é quem deixaria escapar um “Esqueci do papel crepom pra amanhã!!” – mulher tem tanta coisa na cabeça, totalmente compreensível. Ou então ela iria sussurrar entre os dentes, aproveitando uma mudança de câmera: “você deixou o xampú aberto de novo...”. Agora já acho que vai ser o Bonner. Um comentário sutil, uma pegadinha na Fátima, que só os sobrinhos vão entender. Se bem que ia ser genial ver ela desviar os olhos do tele-prompter, torcer o nariz e falar: “William, de novo no Twitter?!”

Essa é pra dar assunto na reunião de condomínio



Quer dançar?

Mais uma: Motocade



Essa música eu também curto muito.

25 de mar. de 2010

Miike Snow



Finalmente descobri de quem é uma música que eu adoro. Já ouvi tantas vezes que vou sonhar com ela - e vai ser um clipe! Como é bom a gente conseguir uma coisa que queria muito, mesmo que seja uma música. Ouve aí. Só achei a capa do álbum. Se eu sonhar direitinho essa noite, amanhã posso oferecer o meu clipe incrível para o Miike Snow.

24 de mar. de 2010

Assoalho pélvico

O Pilates ainda não mudou meu corpo, mas em três aulas já fez diferença no vocabulário. Descobri que eu tenho um assoalho pélvico!! E é melhor não rir porque você também tem. Assoalho todo mundo sabe o que é, então imagine um chãozinho com músculos. Fica lá no fundo do corpo, tipo assim um porão na bacia. Se errar de porta, dá na bexiga.
E não é gíria do Pilates, não. Digitei assoalho pélvico no Google e apareceram 61.200 citações. A coisa é científica. Vai ver eu tenho um rodapé uterino, uma escadinha estomacal e nem sei. Metáforas ajudam na conscientização corporal, que é a base do Pilates. Então a partir de agora vou me agarrar no assoalho pélvico. Já consigo enxergar o meu. Um pouco empoeirado pela falta de uso, mas nada que um Ajax e um escovão não resolvam.
Tem outra expressão que me deixou curiosa: caixa neutra. Parece que também tenho uma, mas ainda ignoro sua localização. E se, um dia desses, eu colocar a caixa neutra em cima do assoalho pélvico? Arranha tudo lá dentro?
Imagem: Flickr.

23 de mar. de 2010

Relatividade

Vaidade é algo relativo, depende do momento. Até que ponto eu estou disposta a cortar as comidas que adoro para ficar na linha? Isso hoje, amanhã posso pensar diferente.
De maquiagem e perfume não abro mão. De pinça e roupa bonita, também. Mas tem épocas em que eu negocio escandalosamente comigo mesma. A coisa vira um escambo: troco a esteira por um punhado de sono, troco a cintura por umas páginas de livro, troco um bíceps melhorzinho por vários posts no blog (vaidade intelectual). Sem falar quando eu me gratifico com um bolinho pelas horas a mais no trabalho, pechincho um chocolatinho em plena terça-feira, comemoro com glicose todas as sinaleiras que peguei abertas na volta pra casa. Meu karma é deixar a preguiça e as indulgências sentarem na mesa de negociação.
Vaidade é algo necessário, isso sim. Se mesmo sendo bastante vaidosa eu me boicoto, imagina se não fosse. Vou dormir pensando na relatividade da vaidade. Vá que eu tenha uma ideia brilhante e resolva o problema. Pelo menos eu mantenho um certo nível de dignidade: posso acordar de madrugada mil vezes que jamais abro a geladeira. Água no máximo. E do filtro, pra não despertar as lombrigas.

19 de mar. de 2010

Esvaziando


Fim de semana foi feito pra esvaziar a cabeça, esquecer as falas, trocar de cenário, zerar a alma. É o que eu vou fazer nessas preciosas 48 horas. Bom descanso pra você também. Segunda-feira começa tudo de novo.

Gourmet em casa

Você sabe, mulher que cozinha direito não faz mais que sua obrigação. Agora o homem que manda bem nas panelas vira gourmet. Eu acho ótimo! Homens na cozinha - como é que não pensaram nisso antes?
O Ricardo acaba de se inscrever no União Cooks, uma confraria de homens que aprendem a cozinhar e depois mostram seus dotes em vários jantares no Clube União. Eu estou pensando é na mesa aqui de casa. O curso vai se pagar rapidinho. Homem, quando resolve cozinhar, faz por gosto e geralmente arrasa.
O interesse culinário do Ricardo começou por uma necessidade: o churrasco. É quase uma obrigação um gaúcho se exibir com uma picanha suculenta. Mas ele foi além, comprou livro pra aprimorar a técnica. Todo domingo, lá vai o Ricardo para a churrasqueira. Eu e os guris ficamos mal acostumados.
Até aí, tudo dentro do esperado. Depois o Ricardo quis comprar uma máquina de fazer pão. Eu achei uma bobagem. Ele insistiu, insistiu e comprou a dita cuja (adivinha como? No Shoptime!). O trato foi: "eu não encosto o dedinho ali, é tudo contigo". Mais uma vez, o cara surpreendeu. Testou receitas, estocou ingredientes e exigiu uma prateleira da cozinha só pra ele. Eu, que amo café da manhã, agora acordo com pão quentinho e cheiroso.
Entendeu a minha empolgação com o União Cooks? Claro que o Ricardo vai ter que praticar em casa - os almoços de sábado vão ficar sob nova administração!! Se ele precisar de ajudantes (ouvi falar que todo chef tem que ter um legumeiro), conheço dois homenzinhos que até agora só comeram de graça na vida.
Sou ou não sou uma mulher de sorte? Casei por amor, e tão novinha! Perdi a chance de dar o golpe do baú. Mas o tempo só mostra que a fortuna vem de outras formas. O Ricardo é quase perfeito, inclusive conserta tudo e lê manual de instruções. Agora vai aprender a cozinhar. Eu casaria de novo com ele. Certo que sim!

18 de mar. de 2010

Voltei

Eu sempre quis usar essa imagem em algum post e finalmente consegui. Você vai entender a metáfora, se desconsiderar o lado equino da coisa.
Nos últimos dias, eu me senti assim. Não adotei a alfafa como estilo de vida, era a minha cabeça que estava tomada por preocupações. Tem horas em que junta tudo, parece que baixa a imunidade emocional. E a gente só enxerga os problemas. Os meus não eram todos branquinhos, não. Faltava ânimo até para atualizar o blog - e eu deveria ter postado forçadamente, já que escrever é terapêutico para mim.
Ainda falta estourar alguns balões, como o resultado do exame. Fiz a maldita ressonância. Aquilo me desestabilizou antes, durante e logo depois - saí do tubo desorientada com os intermináveis 30 minutos. Sem relógio, sem poder se mexer (ou respirar fundo) e sem enxergar absolutamente nada (fiquei de olhos fechados o tempo todo, rezando sem parar). Depois saí da clínica e regulei a lenta com um sorvete powerplus - a glicose bateu na corrente sanguínea mais rápido que o contraste injetado.
O ponto alto da semana: entrei no Pilates! Minha amiga-musa Fernanda mandou fotinhos abdominais encorajadoras, não pude resistir. A gente vai ter que se encontrar nas areias cariocas para fazer um duelo de umbigos no próximo verão.
Eu nunca fui fã de academia. Por isso gostava (e gosto) tanto de correr, pela solidão ou autossuficiência. Mesmo assim, achei muito legal voltar a fazer parte de um grupo onde tudo conspira pra nos deixar mais saudável. A professora definiu o Pilates como Denorex - lembra? Parece fácil, mas não é. Concordo. Se o corpinho vai corresponder às minhas expectativas, não sei. Por dentro, eu já senti a diferença.

Imagem: ffffound.com

12 de mar. de 2010

“O que acontece no consultório fica no consultório”

Eu quase vomitei lendo o jornal. Tudo por causa de mais uma notícia de médico abusando sexualmente da paciente. Já não bastava o velhote da inseminação artificial, que revoltou meu estômago como nunca?
O idiota da vez é um traumatologista, anote aí o nome para nunca pisar no consultório do Dr. Paulo dos Santos Dutra, de Caxias do Sul. Esse cara pode se safar e voltar a atender suas pacientes, apesar de já responder a um processo por abuso a uma adolescente.
Eu não conheço a paciente que recebeu a seguinte orientação médica: baixar a calça e deitar de bruços na maca, para que fosse introduzido um equipamento na sua genitália e examinar a coluna!!! O gentil doutor avisou que poderia doer. Essa mulher deveria estar com muita dor nas costas para não perceber na hora. Ela teve um momento de estupidez e, quando viu, o equipamento do médico já estava em ação.
Isso é pra matar. Eu me revolto muito. Queria saber se um tarado desses já faz medicina pensando em se dar bem ou fica louco no meio do caminho. Eu queria saber em que momento ele achou que era Deus e podia fazer o que quisesse. Pacientes idealizam os médicos, esses profissionais que tiram a dor e acabam com o sofrimento. Outra coisa que eu não entendo: por que as mulheres demoram tanto pra abrir a boca. E já começaram a aparecer outras vítimas dele.
O que será que passa na cabeça de uma paciente quando ela se dá conta da situação? Deve ser algo tipo “isso não pode estar acontecendo.” Pode, infelizmente.


Imagem: Flickr

11 de mar. de 2010

Looping

Às vezes eu digo que o Rafa entra em looping. Ele começa a repetir uma bobagem ou uma piada, desata a rir e a falar aquilo de novo, não consegue mais parar. É engraçado e irritante. O cara tem que receber o cartão amarelo (meu ou do Ricardo) pra se dar conta e voltar ao normal.
Essa semana fui eu que entrei em looping. De engraçado, não teve nada. Quando vi, eu simplesmente não conseguia parar de ficar nervosa. Tudo conspirava pra aumentar o meu nervosismo, até a calma das pessoas ao redor. Virei uma mulher-stress. Foi o exame que atrasou, o email que não chegou, o médico que demorou, a sinaleira que fechou, o trânsito que parou. O stress dava voltas dentro de mim.
Demorou, mas eu consegui enfiar a mão no bolso e pegar o cartão vermelho (o amarelo era pouco). Não sei como a gente cai nessas roubadas emocionais, mesmo cuidando tanto pra ser feliz.

Bacia hidrográfica

Eu tenho uma enorme facilidade pra chorar. Meus olhos são mais irrigados do que muita plantação de arroz. Eu choro por bobagem, por alegria, por emoção barata, por emoção cara e também por necessidade de escoar algo ruim que pressiona lá dentro.
Se eu fosse atriz, faria cenas belíssimas com minhas lágrimas inundando o Projac, o galã com colete salva-vidas pra não se afogar. Ia interromper pros comerciais, voltar a novela e eu ainda estaria chorando.
O problema é quando não consigo parar. Viro um Niagara Falls, os olhos se transformam em duas pias que transbordam, eu corro o risco de desidratar. O cérebro não entende a palavra "Cheeeega!', talvez não funcione com umidade.
Sabe as baianas lavando as escadarias da igreja de Nosso Senhor do Bonfim? Meu choro é parecido, só que sem as flores. É inchaço e alívio. Depois da choradeira, o corpo relaxa. Dá um cansaço do bem.
Com tanta seca no Nordeste, eu poderia reaproveitar essa água toda nem que fosse pra lavar a calçada – pensei em molhar as plantas ou embalar e revender, pena que o choro é salgado.
Tem gente que não consegue chorar. Sinceramente, não sei como.

9 de mar. de 2010

Visão 100%

Hoje eu dei graças a Deus por não ter bolado nenhum nome criativesco para a minha empresa. Há cinco anos, tive uma grande visão de negócios e pensei: não inventa, Magali.
Foi assim que evitei um vexame no futuro longínquo de 2010. Na época, optei por um nome clássico, um básico-contemporâneo que fosse capaz de cumprir o seu papel enquanto nomenclatura, sem macular a imagem de ambas as partes. Eu era carteira assinada, não entendia nada de business.
Se eu tivesse caído na tentação do publicitário cheio de ideias, teria me arrependido amargamente. Ao pegar o cartão e o talão de cheques da minha conta de pessoa jurídica, é que me dei conta da credibilidade que deve ter o nome ali impresso.
Imagina se agora eu tivesse que assinar um cheque da “Maguita Textos Incríveis”? Como eu iria emitir um boleto e efetuar a cobrança em nome de “Maga Magnólia Worldwide”? Conheço amigos que escolheram nomes perigosos demais. E se cadastraram em nichos duvidosos de mercado.
Antes o meu mundinho corporativo era formado por nota fiscal, carbono, carimbo e envelope pardo – e uns clipes, quando achava oferta na livraria da esquina. Só hoje eu me senti realmente empresária. Deu uma responsa ver minha versão PJ começando uma vida bancária. E eu fugi tanto disso.
Se eu assinar a primeira folhinha do talão de cheques, vou ficar na obrigação de fazer festa da firma em dezembro. E, claro, terei que contratar uma equipe de primeira. Também vou mandar emoldurar um quadro com a Missão e os Valores. O próximo passo vai ser frequentar as reuniões-almoço da Federasul e da Fiergs. Quem sabe convidar o Gerdau para tomar um café e conversar sobre as exportações. Uma filial na Avenida Paulista já está nos planos. E, se tudo der certo, na próxima década abrirei o capital na Bolsa de Valores.
Ih, essa conta mexeu comigo. Melhor esquecer a senha e pedir dinheiro para a minha pessoa física.
Image from Brent Couchman

8 de mar. de 2010

Eu beijo, tu beijas

Não é só a Gisele e o Pelé que contribuem para o Brasil ter uma imagem melhor no exterior. Sempre que possível, eu faço a minha parte. Como na última sexta-feira.
Fui convocada para uma força-tarefa de entretenimento. Eu estava supercansada, louca para chegar em casa e esquecer a semana. Espertinho, o Ricardo tinha uma carta na manga.
-E se for no Kho Pi Pi?
Well, aí a coisa muda de figura. Passei um batonzinho, ajeitei os cachos e filei um jantar tailandês com os três americanos que ainda estavam sob custódia do maridão. Apesar da língua enferrujadíssima, consegui conversar bastante. Mandei baixar os pratos mais pedidos, supreendi nas sobremesas e mesmo assim levei um puxão de orelha.
É que, mais uma vez, tasquei dois beijinhos nos gringos. Dois beijos vezes duas bochechas cada, multiplicado por 3 – ou seja, houve uma farta distribuição de kisses. É sempre assim. Quando vejo, já foi. O hábito é mais forte que as recomendações.
Definitivamente, eu nunca poderia trabalhar no Itamaraty. Sou uma brasileira calorosa, humana, alegre, efusiva, receptiva e... beijoqueira. Os americanos não estão acostumados com isso, ainda mais na primeira visita ao Brasil. A cara que eles fazem é muito engraçada, um misto de constrangimento e curiosidade. Isso na chegada. Na saída, eles já estão abrasileirados e oferecem suas bochechas para mais uma experiência tropical. Devem chegar na terrinha e contar desse perigoso costume dos nativos.
-It’s a ritual... just as mulheres beijam... I don’t sabia se aquela crazy woman ia morder meu nariz... ou say something no ouvido... ou afastar um bad espírito.
Talvez eu também estranhasse se um aborígene me abordasse de um jeito mais íntimo. Ou se me obrigasse a experimentar sopa de olho (eu escolhi uma comida deliciosa).
Dessa vez, só beijei na chegada. Depois da sobremesa com amêndoa da flor de Lótus ou algo assim, o Ricardo sorriu para mim e falou entre os dentes: sem beijinho.
A despedida foi um good bye chocho na calçada, bem nórdico. Eu me senti uma mal educada. Achei melhor nem apertar a mão, isso sim seria esquisito para uma criatura que beijou antes mesmo de dizer “nice to meet you”.
Eles sorriram cordialmente. Mas posso jurar que vi uma pontinha de decepção. Se falarem que o Brasil não é mais o mesmo, a culpa é do Ricardo.

5 de mar. de 2010

Dar nome aos bois


-Rafa, é muito legal chamar a mãe de Maga!!"
Ouvi essa frase ontem de noite. E, antes, um Maaaaaaaaaaaaaaaaga!, vindo lá do banheiro.
Achei engraçado esse comentário do Fabio. Será que a gente fica diferente na visão de um filho quando ele nos rebatiza?
Um tempo atrás, esse mesmo gurizinho fez outra tentativa de adotar o Maga. Perguntei qual era o motivo.
-Ué, não é assim que os teus amigos te chamam? Também sou teu amigo, posso te chamar assim.

Claro que pode. Mas soa esquisito. É como se mudasse a nomenclatura oficial das coisas.
Bom, fica livre a escolha. Sou a Maga, sou a mãe. E mesmo que ele resolva me chamar de Clotilde, vou atender. Vai ser divertido. No trabalho, tenho que reinventar a roda todo santo dia. É campanha de Páscoa, Namorados, primavera-verão, Natal, liquidação.
Filhos podem ter essa necessidade de reinventar a própria mãe.

Photo from wwww.found.com

4 de mar. de 2010

Ressonância

Não sei se é cacoete de publicitária, mas eu penso muito por associação de fatos. Hoje o dia começou e terminou com uma palavra martelando na minha cabeça: ressonância.
Cedinho, ouvi da médica a versão científica do termo. Vou ter que entrar naquele tubo horroroso e fazer uma ressonância magnética para zerar um assunto pendente. Não vai ser fácil, eu odeio esse exame. O Fabinho já fez duas vezes e, de tão tranquilo, dormiu lá dentro. Talvez um uísque triplo sem gelo faça eu apagar também.
No fim do dia, cheguei de uma reunião fora da agência e fui avisada por minha amiga Lúcia que o texto "Mulherzinha é a vovozinha" estava circulando no Twitter - uma enorme caixa de ressonância - sem citar meu nome. Para encurtar a história, consegui falar com a pessoa que tuitou o texto e tudo foi esclarecido. Mas aquilo me incomodou tanto que fui um pouco agressiva. Depois, no carro, fiquei pensando por quê. Acho que a gente está sempre atrás de repercussão pelas coisas que faz e que se orgulha. A repercussão é um reconhecimento público que nos ajuda a seguir em frente, é como se a vida não passasse em branco. Uma mãe quer ouvir da professora que seu filho é inteligente e genial. Um empregado quer ouvir do seu chefe que fez um excelente trabalho. Um filho quer ouvir dos seus pais que é amado, por mais que saiba disso. Até um corte de cabelo que repercute bem é um alívio.
Por outro lado, tudo aquilo que não repercute como gostaríamos (seja um zero na prova ou um "eu te amo" sem resposta) machuca. Não sei se faz sentido para você, para mim faz.


photo from design sponge

3 de mar. de 2010

Me sinto no Arizona

Descobri minha cara-metade no mundo das plantas: o cactus, a única espécie capaz de sobreviver dignamente lá em casa. Neste verão, meu cactus deu um estirão de crescimento. Até ele passou da minha altura, vê se pode.
O calor insuportável que fez aqui em Porto Alegre acordou o bichinho. Se você já analisou um cactus de perto, sabe que tem umas pontas pretas que - como direi - arrematam o verde. É como se fosse um capitonê ao redor dele. E eis que uma quantidade absurda de sol faz esse capitonê abrir e brotar lá de dentro um puxadinho de cactus.
O Discovery Channel nunca explicaria dessa maneira, e eu não conheço nenhum botânico para perguntar os termos técnicos. Com certeza, é um momento Phoenix. Você jura que o cactus é um boneco de cera dele mesmo. No máximo, oferece um copo d'água uma vez por mês, por educação. De repente, a ponta do cactus vira uma escada Magirus e sobe, sobe, sobe.
Eu fico de olho, vai que comprei uma cruza de cactus com planta carnívora e nunca desconfiei. Se revendesse o cactus para a mesma floricultura, teria lucro na negociação. Meu cactus é criado a Toddy, o teto é o limite.
Já a plantinha que sobrou do Natal (aquela com folhas vermelhas) é meio suicida. Ela não pode ver a janela aberta, entrando um vento gostoso, que se joga no chão. De vaso e tudo. Ok, venta bastante no décimo nono andar. Mas isso não justifica. Sou claustrofóbica, não vou viver encerrada por causa de uma planta sensível. Minha paciência tem limite. Perdi a conta de quantas vezes eu reconstruí a criatura, busquei vassoura, varri tudo.
Ela parece mais a Torre de Pisa, inclinada com o que sobrou de terra. Ou essa planta quer se matar (mas eu nunca a obrigaria a viver até o próximo Natal) ou é ceninha de ciúmes. Eu entendo, não é fácil ter um cactus robusto como rival.
photo from Flickr


2 de mar. de 2010

Mulherzinha é a vovozinha

Faço parte da ala feminina que não morre de amores pelo Dia Internacional da Mulher, apesar de amar o cargo. Se eu pudesse escolher, nasceria de novo mulher. Com as mesmas inseguranças, o mesmíssimo coração mole, o lado direito do cérebro no comando e as eternas insatisfações capilares.
Agora se tem uma coisa que eu implico é com o termo “mulherzinha”. Hoje em dia ele rotula 90% do universo feminino. Tudo é mulherzinha: carro, seriado de TV, música, restaurante - isso é mais irritante do que cinco TPMs juntas.
Por definição gramatical, mulherzinha é uma mulher de pouca estatura. E as brasileiras são baixinhas, como você sabe. O problema é o deboche do Inha. Diminutivo não condiz com o nosso esforço, além de soar pejorativo e cafona. Poderia ser doce como na palavra filhinha. Consegue ser mais falso que o Inha de queridinha. No inglês, tem uma expressão parecida: girlie. Não se iluda, o contexto é igual, um pink caricato com glitter por toda a pele.
Agora eu pergunto: o que é ser mulherzinha? É ser afetada emocionalmente? É ter um útero em miniatura? É ser uma Barbie eternamente em compras? É tomar banho com batom vermelho e escolher uma toalha no mesmo tom?
Mulheres adoram roupa, esmalte, maquiagem, perfume, bolsa, sapato e filme com beijo (assim como os homens curtem esportes, carros, esportes, carros e filmes com sangue). Mas isso ocupa o nosso tempo bem menos do que a gente gostaria.
Desconfio que o termo mulherzinha caiu na boca do povo quando foi associado à vaidade. Para a futilidade, foi um passo. E mesmo que ser mulher fosse só uma questão de beleza e moda, você sabe o trabalhão que dá manter as aparências? Vá administrar o fio branco que grita na sua têmpora, justo no dia em que você resolveu prender o cabelo para se sentir mais bonita. Vá tirar a sobrancelha quando o olho já fecha de sono. E as mudanças hormonais, que brincam com o nosso zíper semana a semana? Se no meio da rotina estafante e do acúmulo de tarefas sobrar um tempinho pra passar corretivo nas olheiras, ninguém tem nada com isso!
No Dia Internacional da Mulher, eu peço esse presente: acabar com o Inha. Não precisa erradicar da face da Terra. Do termo mulherzinha, já está mais do que suficiente.

Invenções

E pensar que a mesma raça humana que inventou o sabonete líquido também nos presenteou com o banheiro químico e o fraldão – uma atrocidade que rendeu mais polêmica no carnaval do Rio do que as madrinhas peladonas.
Enquanto a invenção do sabonete líquido nos mostra que a vida pode ser uma eterna massagem, o banheiro químico aponta o dedo na cara e diz: você veio das cavernas, não esquece, hein! A situação é troglodita, apesar de útil para quem está desesperado.
Não consigo fazer Número Dois na casa dos outros, nem em banheiro de shopping, muito menos no trabalho. Preciso dos meus azulejos ao redor. Uma vez, fui obrigada a testar um banheiro químico numa filmagem externa – ainda bem que era Número Um. Mesmo assim, foi bizarro. Quando dei a descarga, o negócio todo tremeu. Era como se soasse uma sirene: ela acabou de usar essa coisa ridícula. E ela sacudiu!!
Por isso eu gosto tanto de sabonete líquido. É a invenção que faz carinho. Você vai precisar de uma esponja e, ao passar o sabonete pela pele, perceberá que antes só tinha lavado as partes. Banho, no sentido mais prazeroso da palavra, é com sabonete líquido. Desde o tempo em que patinhos de borracha tomavam banho com você, muita água rolou. A vida foi se tornando agitada e sem graça, a civilização automatizou um dos momentos mais gostosos do dia.
O banho pode ser lúdico como antigamente. E sem o mico do patinho. Com sabonete líquido, o chuveiro se transforma numa banheira e fica quase impossível tomar banhos de 3,5 minutos. Eu recomendo. Já o banheiro químico ou o fraldão, cada um sabe o que fazer da sua vida.