27 de nov. de 2009

Olha a minha casa na praia!!


Em primeira mão, o aterro da Casa Hermosa, em Xangri-lá. Um punhado dessa areia vai ser o meu refúgio daqui a dois verões.

Uma ode aos restinhos

Eu valorizo os restinhos. De comida, de creme pro rosto, de pasta de dentes, de suco na jarra. Não gosto de desperdiçar nada. Pego uma faca e vou empurrando o que ainda resta e aproveito tudo, tudo. Se bobear, corto a embalagem ao meio e tiro o último naquinho com a ponta do dedo.
Dá pra fazer isso também com o fim de semana, com um encontro de amigos. Até com o final do ano. Eu queria ver 2009 pelas costas, mas agora quero aproveitar cada momento até a meia noite de 31 de dezembro. Os restinhos são valiosos, acredite.

Momento carrousel

A vida dá voltas, e como!! No meio disso tudo, a gente pode se sentir tonto, sem saber se segura no cavalinho ou pede pra descer. Mas tem uma hora em que finalmente o chão fica firme novamente.
foto from behance.com


26 de nov. de 2009

O glam aéreo

Não é só pelos uniformes glamurosos que as aeromoças usavam no passado e tudo o que elas representavam no imaginário coletivo (claro que eu queria ser aeromoça quando era pequeninha). Voar já foi elegante e inesquecível.
Tome o aeroporto de Congonhas numa sexta fim do dia, especialmente no subsolo. Parece uma rodoviária onde o povo usa terno. Observe uma fila de vôo fretado. O abrigo de tactel impera. Ele deveria estar dentro da sacolinha com o logotipo da operadora. E a sacolinha, dentro da mala que foi despachada. Junto com o travesseiro que veio de casa, com fronha de babados.
Eu amo viajar de avião, amo as promoções aéreas, amo o detector de metais, amo olhar as nuvens pela janelinha, amo até o gosto de plástico da comida. Sair do chão e voar pelo céu sempre vai parecer um momento mágico. Se bem que eu preferia o teletransporte. Isso sim é chique.

25 de nov. de 2009

Você compraria para sua filha?

Os cabelos voando pra lá e pra cá. As boladas nos peitos. E elas sempre sorrindo!

Perigo! Perigo!


Conflito de geração é quando a outra pessoa não tem as mesmas referências que você.

Azar ou sorte

A zebra é injustamente associada a coisas negativas, a erros e imprevistos que atrapalham a vida. Acho que ela deveria contratar um marketeiro para mudar essa imagem.
Dar zebra pode significar o inesperado, aquilo que num primeiro momento parece ruim, mas que faz um bem danado. Zebra é a nova fênix! Une no mesmo espaço físico todas as possibilidades, o não e o sim, os altos e baixos. Ela é o tombo e a volta por cima. Suas listras parecem aquele ditado do copo metade cheio, metade vazio. Olhe positivamente e entre no clima.
Quando eu era pequena, aparecia toda semana na TV uma zebrinha anunciando os resultados da loteria esportiva. Por sua causa, a gente não ficava rico. Apesar de ser simpática e ter até risada, ela era o desapontamento em pessoa (ou em 4 patas). Sorte que as crianças de hoje vão lembrar da zebra de Madagascar: engraçada, amiga, cheia de conflitos, mas um bicho do bem.

24 de nov. de 2009

O contexto muda tudo

Mas o preto e branco funcionam sempre!

23 de nov. de 2009

Bonequinha de luxo

Neste fim de semana, por força do hábito, eu ajudei a reforçar um padrão de beleza inexistente. Comprei uma Barbie para uma menininha de quatro anos. Loira e linda, claro. Com um corpinho que a menina jamais vai ter igual, a não ser que case com um cirurgião plástico.
Perdi a oportunidade de dar algo mais útil. Na hora eu não me dei conta, quase nunca compro brinquedos pra meninas. Mas quando achei a foto que ilustra esse post, fiquei incomodada. Putz, em tempos de Dove e Natura, eu ainda caio no conto da beleza perfeita!!
Quem sou eu para iniciar uma greve contra a Mattel? E sem falsa demagogia, já comprei muito super-herói para meus filhos. O fato é que a Barbie me chateou. Como é difícil fugir dos padrões sacramentados. Quantas gerações ou séculos nós vamos precisar?
Os brinquedos evoluíram principalmente por fora. Por dentro, a lógica continua igual. Não é o caso de lançar a Barbie Acne. Isso as meninas vão descobrir sozinhas, provavelmente na véspera de uma festa. Também não vou sugerir a Barbie Dentadura, que já vem com Corega. Mas um pouquinho de realidade com certeza facilitaria as coisas na frente do espelho.

22 de nov. de 2009

Design divertido

from todayandtomorrow.net
from reubenmiller.typepad.com
from nextnature.net

from designboom.com

20 de nov. de 2009

Pro dia nascer feliz

Hoje é sexta-feira. Não se deixe levar pelas chatices, mantenha o foco no fim de semana.

19 de nov. de 2009

Toda grandeza é comparativa

Sim, o verão está chegando. Não, você não fez tudo que a indústria da estética disponibiliza no mercado. Agora bate o pavor. E se jogar pela janela não é uma boa ideia, já que a flacidez é acentuada em movimentos bruscos.
Nessas horas, sempre é bom lembrar que tem gente em pior estado de conservação.
O jeito é encolher a barriga e se puxar no sorriso. Menos paranoia e mais caminhadas. De preferência, com uma amiga pra que seja prazeroso.

#ficaadica

Sabe aqueles feltrinhos pra colocar embaixo do pé da cadeira e não arranhar o chão? Descobri outra utilidade: eles são perfeitos pra grudar dentro do sapato e proteger o calcanhar. Mais discretos e duradouros que band-aid. Feltros redondinhos vão superbem com aquela sapatilha maldita que na loja parecia tão macia!

18 de nov. de 2009

Pólvora



Descobri o que o Robert Pattison e o Paulo Sant´Ana têm em comum: pólvora.
Um é vampirinho, o outro é lobo velho. Um é Lua Nova, o outro é de lua. Um é atormentado pela amada, o outro é pelo Pablo. Um é politicamente correto e só bebe sangue de animais, o outro quer engolir as vísceras de muita gente. Um é meigo, lindo e low-profile, o outro é arrogante, feio e exibido. Um precisa do vermelho, o outro do azul.
A única coisa que os aproxima é a pólvora. Robert Pattison mexe com a libido, provoca arrepio, arranca suspiros e tem legiões de fãs que berram na frente da sua casa. Já o Sant´Ana mexe com o intelecto, atiça com polêmicas, inflama as discussões e tem legiões de fãs que gritam se abrem a porta de casa e o jornal ainda não chegou.
Robert Pattison é penumbra e fantasia. Sant´Ana é clareza e dia a dia. Talvez o homem perfeito seja uma mistura dos dois. Não, não. Seria explosivo demais.

17 de nov. de 2009

Ah se a moda pega

Esse produto já nasce morto. Nenhuma mulher compraria um peito caído.

from trendhunter.com

Morte às frases vagas e imprecisas

“O que é seu está guardado.”
Se tem uma frase que perdeu o sentido, é essa aí. Hoje em dia, quem tem paciência de procurar o lugar onde algum engraçadinho guardou o que a gente nem sabe direito o que é? Se é meu, eu quero agora.
Mas digamos que eu concorde em esperar o momento divino e celestial quando, finalmente, encontrarei o que me pertence. E se precisar de chave pra abrir? Ou uma senha que vem pelo correio? Por favor, eu preciso de informações mais claras. Quem guardou o que para mim? Está em um cofre ou só escondidinho numa gaveta? Se eu não gostar, posso trocar? Precisa ser num prazo de 30 dias? Quanto tempo vai durar essa espera? Vale a pena ou eu vou me frustrar, depois de tanta expectativa?
Tem outras frases que só empacam a vida da gente.
“Quem espera sempre alcança.”
Alcança o quê? Passa a vida esperando ou é só uma semaninha? De novo a questão da espera, que provoca passividade. O mundo ficou competitivo demais, agora quem não corre atrás fica esperando pra sempre.
É um perigo repetir frases vagas e imprecisas. Principalmente aquelas com autoajuda nas entrelinhas. Senão alguém acha bonito, passa adiante, a frase se cristaliza e vira ditado popular. Aí, deu pra bola. Ditado só é útil no colégio, pra gente descobrir se “discernimento” se escreve com S, SS ou SC.

16 de nov. de 2009

Uma repaginada

Que bom que a vida não é feita só de móveis modulados sob-medida. Assim nos sentimos livres pra criar, mudar, repaginar, inventar. Mesmo correndo o risco de que a invenção fique com tanta personalidade que não combine com mais nada.
Adoro quando fazem extreme makeover num móvel caidinho, que estava jogado em um canto. Depois da transformação, ele rouba a cena. E casa de praia é perfeita pra esse tipo de laboratório. O mar não fica da cor que ele quer? E geralmente um chocolate de mau gosto? Então o jeito é garantir o azul de outra forma. Paredes ensolaradas e móveis divertidos renovam também os donos da casa. Decoração não é eterna, pode surpreender a cada verão.
Eu queria tanto que a minha casinha hermosa já estivesse pronta. Os refúgios fazem isso com a gente, nos inspiram à distância. Enquanto espero, eu imagino. Agora tudo é possível, as ideias têm todo o dinheiro do mundo. Você não sabe quantas vezes eu já mudei esses móveis de lugar.

15 de nov. de 2009

Uma semana de clareamento

Eu queria tanto brindar com um expresso triplo! Mas não dá, ainda nem cheguei na metade do clareamento. Descobri que os dentes sofrem choques como se estivessem numa cadeira elétrica. E nem precisa tomar líquido gelado. O ar que entra na boca, tipo vento encanado, já é suficiente. A boa notícia: meus dentes estão ficando Omo Dupla Ação.


13 de nov. de 2009

Azar de quem é igual

Nesta sexta-feira 13, quero homenagear os corajosos que passam embaixo de escadas, cruzam com gatos pretos, derramam sal na mesa de propósito e não carregam um patuá na carteira. Mais do que isso, o post de hoje é dedicado aos esquisitos, extravagantes e a todos os sortudos que fazem questão de exibir suas diferenças.
Quando a gente é criança, quer ser igual aos pais. Vira adolescente e precisa desesperadamente ser igual aos amigos. Fica adulto e rapidinho se vê copiando modelos de sucesso no trabalho, na família, nos relacionamentos. O resultado de tudo isso? Tudo muito parecido, repetitivo, morno e previsível. Um mundo chatinho que só vendo.
Esquisitos e extravagantes, não desistam! Vocês têm um importante papel social. Continuem escrevendo textos para que eu discorde, fazendo coisas que eu não faria, agindo com menos compromisso e certeza. Apareçam na minha frente na rua, embaixo da escada, peguem o elevador comigo, trabalhem ao meu lado, me provoquem.
Acho que a Fernanda Young é uma bruxa moderna. Sua aparição na última Playboy, quebrando o modelo peitão-bundão, só comprova que as diferenças fazem bem. A maioria dos homens não gostou, muitas mulheres também não. Eu achei sexy. Não morro de amores por ela, mas gosto das suas provocações. A diferença que irrita.

12 de nov. de 2009

Clichê 100% algodão

Sim, nós nunca temos roupa. Não o suficiente para vestir as nossas dúvidas. Hoje o jeans serve, amanhã está apertado. Ontem aquela blusinha ficou tão bem, agora a estampa parece exagerada – por que comprei isso?, pergunto para o espelho. Ele prefere se manter longe dessa discussão.
O salto combinou com a terça, mas hoje é quinta e ele ficou alto demais. Eu poderia escolher a sapatilha, mas aí teria que trocar o vestido. E faz tanto tempo que não saímos juntos! A bolsa, que antes era utilitária, entrou no troca-troca. Até os curingas não funcionam sempre. Depende do humor, da estação, da entrada de saturno no meu signo.
Sabe o que eu queria? Ser escolhida pelas roupas. Cansa decidir tudo sozinha. Eu iria sentar na beira da cama e esperar que elas viessem até a mim. A chance daquela saia que não uso há meses pular na minha cintura e ir pra rua. Um colar podia gritar lá da última gaveta “Magali, hoje você é minha!” As listras teriam iniciativa pra me prender num look básico? E os decotes, mostrariam tudo para mim? O preto, elegante que só vendo, bateria boca com os coloridos?
Mas não. Sou eu que sofro o apagão todas as manhãs, na hora de escolher a roupa.
art by adam dedman

11 de nov. de 2009

Acontece

Nunca confie numa toalha de banho. Quando surgir a primeira oportunidade, ela vai deixar você na mão. Aconteceu comigo e eu estava sozinha em casa. Tomei café, dei uma espiada no jornal, liguei o chuveiro, tirei a camisola e fui pra baixo d'água. O xampu e o sabonete estavam lá, meu cabelo também. Tudo dentro da normalidade. Talvez eu tenha lido alguma matéria a mais e, atrasada, não reparei se a toalha estava pendurada (cada um com suas obrigações). O fato é que desliguei a água, abri a porta do box e não acreditei no que vi. O gancho vazio! Era usar o pano de chão, a toalha de rosto ou ir pingando pela casa inteira até chegar na traíra.
A experiência foi divertida. Eu me senti uma mulher gigante me secando com aquela toalha micro. Pior, só se fosse um Perfex furadinho. Tem gente que faz pior na academia. Esquece até a cabeça e se seca com a camiseta podre que usou na esteira.
A traíra felpuda poderia ter jogado um prendedor de roupa na minha cabeça pra avisar que ainda estava pendurada no secador. Que nada. Eu retribuiria a gentileza com uma dose extra de amaciante no seu banho.

10 de nov. de 2009

Falando sobre falar em público

Ontem, em questão de horas, tive a oportunidade de estar no palco e na plateia. E fiquei me perguntando se cometi os mesmos erros que as convidadas do “Fala Feminina”, debate de abertura da Semana da Arp.
Era fim do dia, estávamos no hotel Sheraton e até o prefeito apareceu. Apesar do ambiente chique e grande elenco (a atriz Marisa Orth, a publicitária Tetê Pacheco e as jornalistas Claudia Laitano, Saraí Schmidt e Claudia Giudice), fiquei chocada com a falta de traquejo ao microfone. Célia Ribeiro estava sentada na minha frente e, assim como eu, sacudia a cabeça consternada. O atraso de quase uma hora também merecia um puxão de orelha seu na próxima crônica sobre etiqueta.
Não é fácil falar em público, mas quem aceita o convite precisa se preparar. Em conteúdo, óbvio. E também na forma. Uma das mulheres falava rápido demais e num tom agressivo-passeata, tinha sérios problemas de dicção e – o pior dos piores – lia seu texto sem levantar os olhos para a plateia. Outra falava de modo calmo, porém com chiclé na boca. A que se expressava melhor pecou pela falta de novidade. Marisa Orth ganhou em empatia, mas estava deslocada. E Claudia Laitano, sempre tão inteligente, tentava amarrar as coisas.
Da minha parte, cometi a indelicadeza de sair antes do término. Desculpe, foi a frustração. A fala feminina é um assunto que me atrai muito, e me senti traída. Eu queria mais. Também falo rápido e com certeza já cometi muitas gafes de microfone. Lembrei de um curso que fiz há tempos na agência onde trabalhava. O professor filmava a gente falando sobre temas de improviso e depois assistíamos aos próprios erros. Era horrível se enxergar gesticulando demais, olhando só para um lado da plateia, gaguejando, botando a mão no bolso ou cabelo. Mas esse é o único jeito de melhorar a fala em público. Com feedback e coragem.

9 de nov. de 2009

Uma DR sobre cinema e agência


Começou a Semana da ARP aqui em Porto Alegre. E hoje, às 12h, eu sou a convidada de um evento bem legal que junta cinema e propaganda. Quem está organizando é o Saul Duque, da agência Dez. A gente vai assistir ao filme Do que as mulheres gostam e conversar sobre linguagem feminina. Sabe do que eu gostaria? De ver você lá, no Instituto NT (antiga casa Boni, na Marquês do Pombal). A entrada é franca.
Amanhã e quarta, o Saul recebe outros convidados. E tem muito mais acontecendo. Consulte a programação em http://www.arpnet.com.br

8 de nov. de 2009

Eu na Claudia Bebê que está nas bancas

Ninguém me disse que era assim

Com suas necessidades, graças e descobertas, os filhos renovam nosso olhar sobre as coisas e ensinam que ser mãe é se reinventar um pouco a cada dia. Bem-vinda a esse clube de mutantes, descrito pela cronista e publicitária Magali Moraes, mãe de Rafael, 13 anos, e de Fabio, 9 anos.

Alguém disse para você que a maternidade é dividida em antes e depois do parto? Para início de conversa, vamos deixar claro que o período antes do parto não se resume aos nove meses de gravidez. Mulheres ensaiam a maternidade com as primeiras bonecas e seguem fantasiando, ao longo de décadas, que tipo de mãe serão. Muitas escolhem o nome dos futuros filhos (e até mesmo quem vai ser a madrinha) antes mesmo de conhecer o pai das crianças.
Do exame positivo às contrações, o tempo passa numa fração de segundos. Precisamos comprar roupinhas (e achar roupa bonita para gestante), passar galões de óleo de amêndoas na barriga, selecionar os conselhos que serão usados, fazer convites do chá de fralda e descobrir por que o bercinho não foi entregue.
Depois do parto, as fichas caem feito um caça-níqueis premiado em Las Vegas. Ninguém contou para você que um bebê tinha capacidade pulmonar para chorar tanto e, aparentemente, sem motivo. É aí que a maternidade começa. Agora, você vai ter a preciosa oportunidade de comprovar na prática toda a teoria de sonhos.
O corpo muda, assim como a rotina, as atitudes, as prioridades, o humor. Nenhuma crise mundial é mais séria do que a cólica. A economia passa a ser regida pela cotação da fralda noturna extra plus comfort dry. A indústria cinematográfica é repudiada ao lançar filmes contendo maus-tratos infantis. Ok, você não tem mais tempo de ir ao cinema, mas quem quer ser um milionário e ver criancinhas sofrendo daquele jeito?! Você quer enxergar o mundo cor-de-rosa (ou azul clarinho, dependendo do sexo). E se o bebê herdar justamente seu maior defeito (o dedo torto do pé), você até vai achar que, nele, é fofinho.
Outra característica que surge depois do parto: a modificação do seu círculo de amizades. Amigos antigos, porém com o grave defeito de não ter gravidez no currículo, serão deixados em banho-maria. Um ímã invisível (ou o cheiro de Hipoglós?) vai atrair outros casais com filhos, numa espécie de seita na qual todos se entendem e ninguém repara se o leite vazou.
As gracinhas infantis monopolizam a conversa. Para não esquecer nada, você fotografa, filma, anota tudo. E, quando chega sua vez de contar, a pracinha vira palco. Meryl Streep incorpora e... palmas para as últimas do bebê!! É importante observar que depois do parto o cuti-cutismo vira idioma oficial da casa, paciência. Ainda no setor da comunicação: se antes do parto você não pronunciava a palavra “cocô” em público, prepare-se para narrar diarreias, arrotos e puns como um Galvão Bueno pediátrico em final de campeonato, até na frente das visitas.
A amamentação dá adeus a qualquer timidez. Para saciar a fome do bebê, você não hesita em levantar a blusa e mostrar o peito em pleno corredor do shopping. Caso apareça a barriga fora de forma, encare como uma missão humanitária: as garotas que um dia terão filhos precisam ver mães de carne e osso em ação. Senão elas vão idealizar que é facílimo parir e emagrecer feito a Claudia Leitte – já reparou que as mães-celebridade adoram contar que “secaram” em tempo recorde, exibindo abdomens irritantemente sarados antes do umbigo do bebê cair?
Depois de virar mãe, comemos o restinho da papinha com peninha de colocar no lixinho (e, assim, engordamos mais um pouquinho). Por maior que seja o cansaço, mesmo à beira da estafa, acordamos no meio da noite quantas vezes for necessário. E continuamos assim depois que eles crescem. Babamos tanto pela cria que algum desavisado pode achar que é a nossa gengiva que está rompendo para vir dentinho. E as caretas ridículas, as cantorias desafinadas? Sim, vale qualquer mico em troca de uma risada gostosa.
A maternidade também provoca insanidades na volta ao trabalho. Conheço mães que se negam a ter o logotipo da empresa como fundo de tela no computador – não com tantas fotos lindas no pen drive! Nós somos capazes de chorar junto na hora de tomar vacina. E de deixar todas as televisões da casa serem monopolizadas por canais infantis (aceite o convite para assistir pela milésima vez o mesmo desenho e veja que uma criancinha é capaz de decorar todas as falas de todos os personagens).
É, minha amiga, ninguém disse que ia ser fácil criar um filho, ainda mais botar o fofo de castigo. E não voltar atrás, mantendo a firmeza. Até esses momentos deixam saudade. Mas pode ter certeza de que, sempre que o telefone tocar, você vai largar tudo e atender com aquele tom de voz açucarado. Não importa se o seu bebê estiver com dois anos ou vinte.
O tempo, que espicha a contragosto nossas crianças e faz nascer bigodes e peitinhos, também mostra que as fases seguintes são igualmente mágicas. Acompanhar o crescimento de um filho (apesar de ver que o dedo torto do pé ficou ainda mais parecido com o seu) é um presente dos deuses. Como faz bem perceber que seu bebê virou uma pessoa educada e responsável (liste os elogios que quiser). Dá orgulho e, mais do que isso, alívio – mesmo sem manual, nós conseguimos!
Antes e depois do parto se tornam uma deliciosa nostalgia. Daqui para a frente, você vai seguir sendo solicitada. Prepare-se para estar a postos antes do primeiro dia de aula e depois (pontualmente), na hora da saída. Antes da prova de biologia e depois da nota baixa. Antes do primeiro beijo e depois de um fora. Antes do novo emprego e depois que eles saírem de casa. A vida nem sempre vai ser generosa, até os adultos engatinham às vezes.
Ainda bem que nós, mães, somo fortes como muralhas. Temos colinho liberado, um coração recheado de amor, o conselho certo na hora certa – além de estoque de band-aid e bolo de chocolate. Os filhos seguem os seus caminhos sabendo que podem contar sempre com a gente. Antes, depois e principalmente durante.

Nova crônica para o site do Bourbon Shopping

Devagar e sempre

Acho que dezembro sofre injustamente. Chega apressado, sai esbaforido. E o Natal, no meio disso tudo! Se a gente se preparasse melhor em novembro, daria para curtir o último mês do ano em grande estilo, não na grande correria que acaba sendo.
Para combater o fast food, inventaram o slow food. O movimento foi ganhando tantos adeptos que logo surgiram versões para desacelerar as cidades, as viagens, o sexo. A moda também tenta diminuir sua ansiedade natural. O fast fashion, expressão criada para mostrar a rapidez com que as últimas tendências das passarelas aparecem nas vitrines dos grandes magazines, ganhou um contraponto: o slow fashion, que busca peças mais duradouras e atemporais. É o consumo consciente, e precisamos nos adaptar aos novos tempos.
Essa onda slow motion, muito mais que modinha, é um desejo contemporâneo de respirar e aproveitar melhor a vida. Você sabe que todas as ações automatizadas (casa-trabalho, trabalho-casa) nem chegam a ser registradas pelo cérebro, o que dá aquela sensação incômoda do tempo passar voando. O atropelo impera. Até a velocidade da informação começa a ser questionada e os próprios internautas querem slow information.
Então por que não lançar o slow Christmas? Dezembro merece ser tratado com mais pompa e circunstância. O peru, coitado, morre de véspera. Nós podemos usar a cabeça (e o mês de novembro) para saborear os preparativos do Natal. Montar a árvore com antecedência ajuda a esticar a data. Espalhar pela casa enfeites fofos dá um clima gostoso e festivo. Fazer as listinhas com calma, comprar os presentes pesquisando melhor os preços. Programar os encontros com os amigos, abraçar por um tempinho a mais quem é especial na nossa vida. Assim, devagar e sempre, vamos nos preparando e curtindo cada momento. A celebração requer paz de espírito. Não precisa ser a mesma gincana de sempre.
Repita comigo: slow down... slow down... slow down... slow down...




6 de nov. de 2009

Ultra power white

Eu precisei tomar uma providência em relação à enxurrada de dentistas nos comerciais de TV. Decidi fazer clareamento e acabar com essa conversinha de dentes mais brancos. Vou clarear os meus na marra. Se eu sobreviver à sensibilidade (Sensodine, o grande culpado do reality show dentário), voltarei a comprar pasta de dentes como uma pessoa normal. Sem aquela angústia de escolher entre quem dá proteção 24h ou 48h ou clareia até a língua ou remove as sujeiras mais difíceis (isso não era Vanish que prometia?). Não quero usar uma pasta que alcança o sininho da garganta, me sinto invadida.
Antes era tão simples escovar os dentes. Questão de minutos. Depois que colocaram dentistas e seus jalecos brancos no ar, a coisa complicou. Colgate deixou todos nós, consumidores limpinhos, com o gosto amargo da dúvida. Parece que nunca vai ser suficiente a pasta escolhida. Sem falar nas variações de fio dental e no repugnante limpador de língua.
Voltando ao clareamento, inicio segunda-feira. Deseje-me sorte. E não me convide para saborear uma deliciosa salada de beterraba. Também estarei momentaneamente afastada de expressos e capuccinos. Chocolate preto idem, o que até ajuda. Em 15 dias, terei dentes ultra power fucking white. E seguirei mudando de canal ao ver um consultório de dentista enquadrado na telinha.

5 de nov. de 2009

Os inspiradores

Tem pessoas que expiram e tem outras que inspiram. Na medida do possível, afaste-se das primeiras. Elas só vão expelir banalidades em você. Mas quando estiver perto de alguém inspirador, abra seus pulmões e aproveite ao máximo.
Ontem eu conheci um belíssimo exemplar. A gente sabe quando está ao lado de uma pessoa inspiradora quando, no meio da conversa, deseja ter 3 pulmões de tanta coisa pra absorver. Dá vontade de esticar o assunto, de perguntar mais, de também ter 3 ouvidos pra captar cada palavra, o olho que brilha, a mão que gesticula e contagia.
Quem inspira os outros tem um papel importantíssimo no ecossistema do dia a dia. São eles que deixam tudo mais leve, divertido, inteligente, espirituoso. Aos inspiradores, que tornam a vida bem mais interessante, o meu obrigada!

4 de nov. de 2009

Percepção e realidade

Ontem, ouvi a frase mais inesperada do mundo...
-Mãe, tu podia abrir um restaurante!
Eles não se referiam à minha visão empreendedora, nem faziam um brainstorming sobre novos negócios. A frase acima foi um elogio para a minha comida ou, numa definição mais condizente com a realidade, o que produzo na cozinha.
Achei muito, muito engraçado. Há um ano eu nem tocava nas panelas e me orgulhava de comer fora SEMPRE que a Dodô, musa dos temperos, não vinha. Eu era a promoter das telentregas.
Esse elogio tão verdadeiro, feito de boca cheia, me fez pensar em outra grande verdade: a percepção é bem diferente da realidade em si. Uma jantinha básica, se feita com carinho, pode parecer um banquete.
Na memória dos filhos, existe um espaço reservado para os quitutes da mãe. É como uma sala vazia que espera um sofá. Os filhos precisam preencher esse espaço com aromas e sabores maternos, nem que seja com a marca da lasanha congelada que só a mami sabia escolher.
Sem essas lembranças gastronômicas, a memória pode roncar de fome anos depois. E nenhuma mãe quer isso para seus filhos. Era assim no século XVI e provavelmente vai continuar sendo em 2055.

ilustração from cargocollective.com

3 de nov. de 2009

Espera

Atenção Vivo, Claro, Tim, Oi, GVT (ainda existe GVT?).
Vou dar uma ideia sobre um produto que vai fazer o maior sucesso no mercado, é de quem se ligar primeiro: vocês podiam ajudar quem está esperando o celular tocar. Simples, hein? Mas promissor. Uma mina de ouro.
Eu faço parte desse grupo de ansiosos que carregam o celular até para o chuveiro (conferindo se não está no silencioso e se tem bastante risquinho de carga). Posso falar com propriedade, não são apenas adolescentes apaixonadas que agem assim.
Quem espera o celular tocar por motivos mais justificáveis como uma resposta de emprego, automaticamente entra em outra dimensão de tempo (lá, onde as horas se arrastam e os dias se transformam em semanas). Então só nos resta olhar para o celular com súplica, desejando que a força do pensamento colabore.
Mas vocês, empresas de telefonia móvel, poderiam ajudar. De alguma forma, fazer o celular tocar agora logo de uma vez. Quem sabe dando leves choques em quem está devendo a resposta e não liga – ao pegar o celular, essa pessoa esquecida é levemente eletrocutada e se dá conta de que tem alguém esperando uma importante ligação. Ou vocês podiam enviar torpedos gentis, com mensagens de apoio tipo “calma, ele só está ocupado”. Podiam inclusive mandar pra gente uma foto dessa pessoa ocupada, pra não restar dúvida.
Mas façam alguma coisa, senão vocês vão perder terreno para os emails, twitters e facebooks onde o povo se ajuda. Eu sei que as boas notícias chegam de todas as partes, quando menos se espera. Só que ainda não inventaram coisa melhor do que ouvir a voz de alguém dizendo “vem”.