29 de nov. de 2010

Inteligência e observação

Quando eu trabalho muito e me divirto pouco, sinto como se fosse uma evasão de divisas: sai, sai, sai e quase seca a fonte. Chega uma hora em que preciso colocar algo pra dentro da cabeça.
Hoje no final do dia fui assistir uma palestra com o Arnaldo Jabor na Semana da Propaganda, um evento aqui em Porto Alegre para publicitários e simpatizantes. Coisa linda ver alguém concatenar as ideias e construir uma linha de raciocínio contextualizando cada fato, lembrando todas as datas e nomes, resgatando o passado como se tudo aquilo tivesse acontecido ontem. O homem fez uma retrospectiva da história política do Brasil com tiradas dignas de programa humorístico. Foi um sopro no cérebro. O cansaço sumiu na hora. E ele não tinha nenhuma anotação ou power point. Usou só o gogó e o improviso. Vou sonhar com o Jabor. Mulheres têm um fraco por homens que seduzem com seus neurônios.

Listinha pro amigo-secreto



Vai dizer que livro não é uma excelente pedida? Não tem como não servir ou não gostar da cor. Esses são alguns que estão na minha lista:
-Onde foi parar nosso tempo?, de Alberto Villas.
-Intimidade, com artigos da antropóloga Mirian Goldenberg.
-A psicanálise na Terra do Nunca, do casal Diana e Mario Corso.

Game over?

Grande descoberta para uma segunda chuvosa: o blog do casal de psicanalistas Diana e Mario Corso. Eu já lia a Diana, agora leio os dois e recomendo. Esse é um trecho do post Game Over, que fala sobre pais e adolescentes - um assunto que me interessa muito.
Sábado, mais uma vez, fui sozinha em um aniversário de criança. Tentei arrastar o Fabio, nem ele me acompanhou. Ficou com o Rafa, seu mentor espiritual. Tudo bem, entendo como pessoa. Mas isso não impede que eu relute enquanto mãe. Eles começam a escapar pelos dedos feito água. É nessas horas que a gente percebe que o jogo virou, está virando a cada dia. Longe de ser um game over. O jeito é pedir o controle (ou joystick, como chamavam no meu tempo), sentar do lado e descobrir pra que servem aqueles botõezinhos.

"Vejamos o quadro desde os olhos do jovem: ele ainda é parte intrínseca da cena daquela família, partilha intimidades, cheiros, ruídos, que são seus, que são seu eu. Bruscamente aquilo tudo começa a soar, cheirar e parecer diferente. A súbita visão daquilo que antes era invisível na sua obviedade cria um sentimento de exterioridade. A intimidade não é mais dele, mas ele ainda é obrigado a frequentá-la. O silêncio e o nojo são sinais do constrangimento. As distâncias físicas desapareceram, seus pais tem seu tamanho, ou são menores: olhos nos olhos destes, descobrem que são feitos de carne e osso. Descobrem-nos cheios dos caprichos próprios da neurose, que se amam com os limites do amor que substituiu a paixão, que sua sabedoria muitas vezes não foi suficiente para lhes solucionar a vida. Enfim, são pobres diabos atrapalhados."

Foto: FFFound

23 de nov. de 2010

Achei elegante demais

Quem escreveu isso deveria ter usado uma ponta de faca, mais condizente com a situação.
Essa foto é praticamente um mini conto. Dá pra imaginar a história toda.

Foto: FFFFound

Com que roupa eu vou?

Essa foto podia ser na frente do guarda-roupa. Naqueles dias em que a gente cisma em usar algo (botas!) e não tem a menor ideia do que acrescentar ao look. Alguém já deve ter feito o cálculo de quantos anos de sua vida uma mulher passa escolhendo o que vestir. Mas eu prefiro mil vezes a dúvida do que o uniforme.

19 de nov. de 2010

Enfim, sexta

Depois de dois finais de semana trabalhando, nesse vou fechar o guichê e descansar a cabeça. Ainda teve o (s) episódio (s) da virose, que puxou o tapetinho. Buenas, fui.

18 de nov. de 2010

Uma súplica

Mães, ensinem seus filhos a comer de boca fechada. Sério, isso é mais útil do que aprender raiz quadrada ou crase (essa, a gente sempre vai ter dúvidas). Invariavelmente, crianças que comem com a boca aberta se transformam em adultos que nos dão o desprazer de ver um bife ser estraçalhado pelos seus molares.
Eu já tinha reparado nos restaurantes. Eles estão por toda a parte, em almoços de família ou da firma. Marmanjos que insistem em não grudar os lábios enquanto saboreiam a refeição. Ah se eu tenho uma cola Superbonder dentro da bolsa! Se já é nojento conversar com alguém que tem um pé de alface preso no dente, imagine sentar na frente de um cidadão que mastiga ao ar livre? É um BBB de saliva, e eu me nego a assistir.
Esse assunto estava entalado na minha garganta até hoje. No fim do dia, parei o carro ao lado de um taxista que mastigava seu sanduba com o bocão mais aberto que burado em estrada. E, pra completar a desgraça, acho que ele não tinha dentes. Havia um Grand Cannyon entre o bigode e o queixo. Engoli em seco e acelerei.
Repito: mães, uni-vos para o bem da humanidade!

Imagem: adclassix.com

Férias = Prazer

Comecei a planejar as férias e a primeira constatação é essa: não viaje além da conta, senão vai sofrer no decorrer do percurso. Considere que o dinheiro destinado para a viagem é como uma mala: só olhe roteiros e hotéis que caibam ali dentro.
Excesso de bagagem pesa o ano inteiro no cartão de crédito. E nada de ficar xeretando sites de hotéis maravilhosos e caríssimos. Você vai se sentir mais pobre do que realmente é. Alguma hora, você fazer as contas e cair na real - se viajou demais no estrelismo, ferrou! Vai ficar frustrada justo nas suas férias. E isso não é justo pra quem ralou o ano inteiro esperando esse momento tão valioso.
Tenha em mente que uma mala "pousadinha charmosa" é diferente da mala "resort all inclusive", que é beeeeem diferente da mala "Plaza 5th Avenue". Antes de entrar no avião, primeiro é recomendável que a gente tenha os pés no chão. Depois, é só diversão. Ih, rimou.

Aceita?



Dica da minha amiga Inês.

17 de nov. de 2010

Quando o corpo não obedece

Quantas vezes o Ricardo viajou e eu, sozinha com as crianças pequenas, me assustava antecipadamente, ficava tensa. E se algo acontecesse comigo, como seria? Um medo a menos no currículo de mãe. Essa noite, foi o Rafinha quem cuidou de mim. O Ricardo estava em SP e eu, muito a contragosto, vi meu corpo desobedecer. Peguei a virose do Fabio e fiquei prostrada - pra usar um termo elegante. A boa notícia é que os filhos crescem e, quando a gente precisa, os papéis invertem. Mas hoje mesmo eu reassumo o posto. Agora é o Rafa que não está se sentindo bem.
Foto: FFFFound

16 de nov. de 2010

O tapetinho do banheiro

Tem coisa mais chata do que sair do banho e pisar num tapetinho que parece o Oceano Atlântico? Se a família é grande, todos usam o mesmo banheiro e você é a última da fila, coitada. Aconselho providenciar um escafandro. Na casa da praia, no auge do verão, acontece seguido. Na verdade, também acontece nas melhores famílias, em plena cidade, onde mais de uma pessoa compartilhar o banheiro.
Entendo que a função do tapetinho seja justamente aparar as gotas que caem dos pés. Desde que sejam gotas. Até porque o nome já diz: tapetinho e não baldinho. Pingando já basta o chuveiro (outro clássico). As pessoas podiam usar o bom exemplo da lavaroupa e se torcerem um pouco antes de deixar o box. Mais civilizado e menos escorregadio.
Foto: FFFFound

O que eu não sinto falta do passado

-As pouquíssimas opções de canais de TV. Se bem que a gente só via um ou dois e era feliz.
-As vezes em que passei óleo de urucum e fritei horas no sol. O mal que isso fazia para a pele! Olha como mudou o conceito: de bronzeador para protetor. Santo FPS 60!
-O costume horroroso de fumar dentro de avião. Quem não fumava e, por um azar, teve que voar pro exterior na ala dos fumantes, sabe o que estou falando. As pessoas também fumavam dentro do cinema! E num passado recente, fumavam na nossa cara dentro do restaurante!
-A vida sem internet. Meu Deus do céu, como a gente conseguia viver sem o Google e tudo mais?
-A vida sem Vanish. Sofro só de imaginar o dia a dia da minha mãe com três crianças em casa, sem esse poderoso tirador de manchas.
-O telefone de discar, que cansava o dedo.
-A moda anos 80, que os fashinistas insistem em trazer de volta.
-Farmácias sem telentrega.
-As frigideiras que não eram antiaderente.
-Minhas inseguranças. Eu poderia citar em ordem alfabética mas vou poupar você.

A lista é enorme. Faça a sua.





13 de nov. de 2010

Libertador

Eu nunca fiz filme do Harry Potter mas já usei muito cabelo curto na vida. Isso foi há dez anos. Não usei tão curto como o da Emma Watson, porém lembro de uma sensação parecida com a que ela descreveu ao recentemente passar a tesoura nas melenas: foi libertador.
Claro que Emma estava se referindo à personagem Hermione. Mas não é só isso. Qualquer mulher que tem a coragem de cortar radicalmente o cabelo sabe que está desafiando a própria feminilidade. Se consegue se sentir linda e poderosa após a tosa, é realmente uma conquista. Como quem troca o cigarro por balas, as neo curtas se viciam em brincos maiores, em maquiagem mais ousada, em golas imensas. Fuga ou não, funciona como uma lei da compensação. Até o dia em que a genética fala mais alto.
Isso porque mulher, com raríssimas exceções, tem dependência capilar. E desenvolve com seus fios uma relação de amor e ódio. Lava, alisa, enrola, protege, procura pontas duplas, sofre para cortar as pontinhas, testa milhares de produtos como quem mima um filho até estragá-lo de vez. Dedica tempo, amor e dinheiro à cabeleira.
Para mim, cabelo curto é um item já riscado da listinha "Coisas pra experimentar na vida". Eu cortava cada vez mais curto e adorava. Depois o efeito libertador evaporou e comecei a deixar o cabelo crescer. Nunca mais, jurei de pé junto, para alegria do Ricardo que sempre destestou minha fase Joãozinho.
Tirando o cabelo insuportável da Mayana Moura, eu admiro mulheres de cabelo curto. É um ato de superioridade, com certeza.

12 de nov. de 2010

Essa Feira do Livro foi genial




Dias após Porto Alegre inteira tietar o Paul McCartney e a ala teen surtar com os Jonas Brothers, eu também tive meu momento de tietagem. Não gritei, não chorei de histeria, mas foi tão gostoso! Fiquei na fila, o coração bateu rapidinho, tirei fotos e babei pelo talento desses dois garotões aí: Luís Fernando Verissimo e Zuenir Ventura. Também conversei com a mulher do Verissimo, a querida Lúcia. Todos uma simpatia. Me apresentei como "a Magali demitida" e só ouvi elogios. Tem coisa melhor do que realizar sonhos?



Pensamentos natalinos

(crônica feita para o site do Bourbon Shopping)


A gente sabe que dezembro está perto quando as vitrines das lojas ganham as primeiras luzes e enfeites de Natal. Um pinheirinho circulando pelo shopping fora de época é como uma mulher branquela de biquíni em início de veraneio à beira-mar. Chama a atenção, mas é só dar alguns dias para que o bronzeado e o espírito de Natal incorporem.
Passado o susto e a tradicional constatação de que o ano voou, nosso cérebro começa a identificar mais e mais inputs natalinos. Tem algumas pessoas que rejeitam a antecipação dos fatos, outras curtem e já querem armar o amigo-secreto na primeira oportunidade em que a família estiver reunida. Natal é celebração. E quem não gosta de uma boa festa?
Particularmente, sou fã das luzinhas que invadem as fachadas. Luz nunca é demais, nossa casa pode ter dois meses de lua cheia. Eu admiro as pessoas que deixam as luzinhas instaladas o ano inteiro. Praticidade, talvez. Preguiça, quem sabe. Porém é só ligar o interruptor para criar um Natal em pleno julho.
Se eu fosse você, guardava uma horinha do próximo sábado para a desencaixotar a decoração do ano passado e fazer uma auditoria. As renas estão cansadas de guerra? Aposente-as e providencie um trenó 2.0. A árvore é a mesma desde o ano em que você casou? Compre lingeries novas – ops – enfeites novos. Pegue fitas glamurosas e enrosque nos galhos feito colar. Bolas douradas ou prateadas funcionam como acessórios que levantam o look de qualquer pinheirinho. Se a guirlanda da porta ficou quadrada dentro da caixa, essa é uma boa hora para reinventar a roda. O mesmo vale para a barba ralinha e os puidinhos do Papai Noel que ocupa o centro da mesa. O protagonista do Natal merece estar vestido à caráter. E quando a casa respira novidade, os moradores entram no clima.
Convenhamos, não tem como parar o tempo, a gente bem que gostaria de fazer esse truque. Então a saída é se juntar a ele, antecipando a alegria de reencontrar os amigos, abraçar a família e dizer Feliz Natal e Próspero Ano Novo. Mas também não exagera que isso é assunto para outra crônica.

11 de nov. de 2010

Preciso urgente escrever outro livro






Sim, já sinto muita saudade disso tudo.
Escolhi algumas fotinhos pra mostrar como foi o lançamento hoje na Feira do Livro.
De cima pra baixo: meus três amores, sempre comigo. A Cinderela Alexandra, blogueira que foi me conhecer (óbvio que virou amiga). Paula Taitelbaum, também amiga e grande escritora. Minha vizinha de autógrafos, Letícia Wierzchowski. Pausa para uma entrevistinha. E o backstage poderoso: Simone, Lu Thomé e Andressa. Ninguém segura essas mulheres!
Estava tão frio que, em certo momento, pedi emprestada uma jaqueta pra descongelar e parar de tremer. Vou colocar as outras fotos no Facebook. Obrigada a todos que conseguiram ir e aos que estiveram lá em pensamento.

Hoje tem mais

Estou ansiosa, agitada, avoada, animada. Faceirinha que nem criança que acorda em dia de Natal. A diferença é que não quero abrir presentes, quero abrir os braços pra todo mundo que estiver na fila.
Essas últimas semanas estão sendo maravilhosas. O nervosismo da primeira entrevista fica até engraçado agora. Tive a oportunidade de ser entrevistada várias vezes, inclusive hoje tem mais três antes da sessão de autógrafos às 19:30. Já chego tranquila, o Diário embaixo do braço, a conversa flui, dou risada. Isso não é exibimento, é alegria mesmo. Só eu sei o que significa ter lançado esse livro. E a quantidade de emails e mensagens que estou recebendo!! Devorar é o verbo mais usado pra descrever a leitura do Diário. Todo mundo se identificando, de um jeito ou de outro, com aquilo que vivi.
No lançamento da Saraiva, não trabalhei de tarde. Fiz um momento noiva: teve salão, pitstop em casa e um aquece com o Gigio (esse brinde tinha que ser com ele). Hoje vou direto do trabalho, mas com o mesmíssimo frio na barriga. Tomara que seja tão bacana quanto. Amigos, espero vocês na Feira do Livro.

8 de nov. de 2010

A psicopata dos cabides

Ou pode me chamar de sequestradora de cabides, que também condiz com a situação atual. Tudo começou com uma organização, que virou um hábito, que se tranformou em mania. Juro que não percebi essa última mudança de fase. Talvez tenha sido depois do cabide 5.874. E mesmo que tivesse percebido, seria tarde demais.
Hoje não posso ver um cabide vazio que preciso levá-lo o quanto antes para a área de serviço. Vasculho guarda-roupas atrás de cabides desocupados, não permito que eles fiquem matando tempo e conversando com as blusas e casacos pendurados. É algo mais viciante do que roer unhas.
Se o Nelson Mandela lê esse post, vai dizer que criei um Apartheid. Ele não deixa de estar certo, porém quero deixar claro que eu não discrimino a cor dos cabides. Brancos, pretos, amarelos ou transparentes, tanto faz. Se estiverem livres, não podem permanecer no mesmo recinto dos ocupados.
Ainda bem que eu não arrumo as roupas por cor dentro do armário, isso sim é caso sem tratamento. Se bem que, lá nos primórdios da civilização, eu escolhia a cor do prendedor conforme a cor da roupa lavada - e o azul molhado nem sempre combina com o azul seco. Foi no tempo de recém-casada, onde a gente brinca de casinha deslumbrada como se tivesse 5 anos. Pelo menos, desse mal eu me curei.

Fica a dica

As geladeiras estão cada vez maiores, já reparou? A gente devia utilizar melhor o amplo espaço do lado de fora para esclarecer a geografia da casa. Em vez de ímãs fofos e recadinhos, eu sugiro pendurar um mapa mundi mostrando onde se localizam os panos de chão, a colher de sorvete, o sabonete novo, os porta-copos. Assim, qualquer turista (seu filho) circulando por regiões inóspitas e desconhecidas como a área de serviço vai se achar. E achando o que precisa, não vai pedir que você procure aquilo para ele. A cartografia pode ser a nossa salvação!!
É só na minha casa, anos após a família estar devidamente instalada, que alguém pergunta onde fica o Alegrete? Ou Arizona, pra quem não é do Sul? E quando a gente mostra a prateleira certa, revelando onde o Alegrete sempre esteve nos últimos 4 anos, o que acontece? O cidadão faz cara de quem descobriu a América! Só falta querer tirar uma foto do ponto turístico.

Sutileza é pouco

-Vocês estão na metade. Eu e o Rafa, não.

E foi assim que o Fabio nos situou na linha do tempo. Na metade da história. Nem lembro que assunto a gente conversava. A frase recochiteou pelas paredes da cozinha e, como sempre, arrancou risadas. Pior é que o comentário não foi um elogio a tudo que eu e o Ricardo ainda temos pela frente. Foi tipo um alerta: a segunda parte passa mais rápido ou algo assim. Ribanceira abaixo, entende? Eu me senti um tanque de combustível pela metade. Ainda dá pra rodar muito, mas sab-se lá até quando.

6 de nov. de 2010

Inevitável

Já perdi a conta de quantas vezes a água da massa transbordou da panela e inundou o fogão. É um clássico, igual a macarrão com queijo ralado.
Fico de sentinela feito soldado na trincheira. O problema é que, por alguma razão inexplicável, em algum momento eu me distraio só um pouquinho e a maldita da água transborda. A panela parece um vulcão em erupção. Escuto a tampa sacudindo, se chacoalhando toda, na nobre tentativa de me avisar. Tarde demais. Vai ver, esse barulho é ela rindo da minha cara.
Hoje aconteceu de novo. A esponja veio sozinha, pegou a minha mão, alcançou o detergente, o ritual se repetiu. Da próxima vez, juro que desligo o fogo um segundo antes.

É chegada a hora

Aqui no Sul, existe um momento crucial em que a mulher tem certeza absoluta de que o calor chegou. É quando ela não consegue mais usar suas botas. Ela ainda tenta algumas semanas, mesmo suando um riacho no dedão do pé. Mas se vê obrigada a abandonar as adoradas botas, em nome do bom senso e das futuras dermatites.
Se pudessem, as gaúchas já sairiam da barriga das suas mães usando botas. E de couro, pra esquentar mais. Eu me incluo nesse grupo, também sou tarada por botas de todas as espécies. Hoje me dei conta de que só tenho usado sapatilhas. Infelizmente. Chego a sentir um aperto no peito só de fazer as contas e me imaginar usando botas novamente daqui a quatro ou cinco meses.
É tempo de pedicure. Os calcanhares escondidos por meias grossas serão lixados, hidratados e logo vão ganhar as ruas. As unhas dos pés serão pintadas de cores fortes. Rasteirinhas, sandálias e chinelinhos, agora é tudo com vocês.
(Garanto que esse post não faz o menor sentido para quem mora no Nordeste ou no Rio. Se você nunca usou uma bota cano longo, não sabe a delícia que é.)

5 de nov. de 2010

Olho vivo

Maquiagem não combina com pressa. Não se logo depois você for se olhar no implacável retrovisor do carro. Aquele espelhinho de nada é um tirano, um ditador, um invejoso. Nem quer saber o que aconteceu, se você não ouviu o despertador tocar, se teve um princípio de incêndio em casa. Ele vai logo apontando o traço torto do lápis, os cílios grudados de rímel, o corretivo que era para ter ficado imperceptível mas não ficou, a testa com brilho, o batom que sujou o dente. Sem falar nos excessos (pra não dizer matagal) da sobrancelha. Melhor evitar o retrovisor porque alguma dessas falhas técnicas você vai constatar no meio do caminho. Ou então, acorde dez minutos mais cedo e evite constrangimentos. Por causa dele já pensei em ter cotonete e demaquilante dentro do carro. Pinça é claro que tenho.
Se você saiu apressada de casa, eu recomendo: evite o retrovisor. Especialmente em dia de sol, com iluminação perfeita. Você vai enxergar coisas que jamais teria visto na luz do banheiro. Um perigo.


Foto: FFFFound

4 de nov. de 2010

Come e tranca

Já contei muitas frases de efeito do Fabio e ele sabe que apanha se quiser ser publicitário. O que nunca contei aqui no blog é que existe outra frasista na família. Valy, minha mãe. De todo o portfólio de frases engraçadas que ela já falou na vida, uma é hors concours: come e tranca.
A Vavá, apelido instituído pelo primeiro neto (o Rafa) que virou seu codinome desde então, poderia simplesmente dizer pra gente guardar segredo. Sem drama e sem impacto.
Em vez disso, ela criou essa pérola. Uma livre associação com o aparelho digestivo. Um novo papel para os intestinos, que se transformam em guardiões. Reter nas entranhas, essa é a ideia. Causar uma proposital retenção anal em nome de algo que jamais pode ser revelado. Só mesmo uma mãe para ensinar o valor da discrição utilizando como figura de linguagem o alimento.
Vavá, garanto que tu nunca tinha pensado nisso. Esse é só um dos motivos porque eu te amo tanto.

Imagem: FFFFound

3 de nov. de 2010

O blind date da literatura

Ontem fui a convidada do Sarau Elétrico, um evento superlegal que acontece aqui em Porto Alegre, pra falar sobre o meu livro. Faz anos que toda terça de noite um bando de malucos por literatura se encontra no bar Ocidente, reduto de modernos e baladas. É tipo assim um blind date da literatura. Existe um tema (no meu caso, Rompimentos), um convidado, mas a gente nunca sabe os outros autores que serão lidos na hora. Essa espontaneidade é o segredo do Sarau. E o pessoal fica lá, ouvindo trechos de livros, comentários hilários e inteligentes. Depois uma banda toca e a noite segue. Quem comanda tudo são os quatro que aparecem na foto. Eu estou sentadinha no meio. Da esquerda pra direita: Luis Augusto Fischer, escritor e professor de literatura que escreveu a orelha do meu segundo livro. Katia Suman, uma figuraça, radialista e apresentadora de TV. Claudia Tajes, publicitária, roteirista da Globo (escreveu A Vingativa do Meyer, um dos episódios de As Cariocas) e autora de vários livros engraçadíssimos. E o professor Claudio Moreno, que fala sobre Mitologia Grega como se os deuses do Olimpo fossem seus vizinhos. Recomendo. É uma atração turístico-cabeça da cidade.

Foto tirada pela amiga Kelly.

2 de nov. de 2010

Cada coisa no seu lugar

A quantidade de flores que tinha na minha casa semana passada não era normal. Mesmo trocando a água, um dia elas secam, morrem, saem do vaso para o lixo. E tudo volta a ser como antes, os vasinhos e plantas de sempre, cada um no seu lugar.
Enquanto escrevo esse post, escuto a normalidade ao meu redor. E agradeço mentalmente. Os guris jogam Playstation e conversam na sala ao lado, algum carro passa na rua, o Ricardo descansa no quarto. As últimas 24h saíram dos trilhos. Em pleno feriadão, o Fabinho passou mal e teve outra crise (conforme já contei aqui e aqui) depois de mais de um ano superbem. Ficou um dia no hospital em observação e chegamos há pouco em casa. Se você tem filhos, vai entender o sufoco. Se ainda não tem, acredite quando dizem que NADA no mundo é mais importante do que o bem-estar deles.
Eu gosto da minha casa assim, cada um de nós quatro no seu lugar. Ó, acabei de sair do computador pra apartar uma briga. Definitivamente, está tudo bem.

1 de nov. de 2010

Boa sorte

Não votei na Dilma, apesar de ter votado inúmeras vezes no seu partido. E não pense que votei no Serra toda empolgada. Muita gente ficou esnucada, como eu. Política é um assunto que não tenho facilidade para entender, muito menos para escrever sobre.
Agora que é fato consumado, espero que ela não deixe de lado aquela característica hoje em dia tão valorizada no mundo corporativo: a sensibilidade feminina. Estou para ver emprego com ambiente mais pesado do que esse. Independente do sexo, todo presidente precisa honrar o cargo que ocupa. Seja de uma empresa, seja de um país.

Foto: Krisatomic