31 de jan. de 2011

Volto dia 21 de fevereiro

Esse blog também vai curtir férias merecidas. Até a volta, amigos!

Qual é a sua posição preferida?

Quanto tempo você passa com seu notebook? Leva ele pra cama, pro chão, pro banheiro, pro elevador? Seus problemas acabaram: é só usar o Kamasutra acima. Prazer garantido!
Imagem: Blue Bus

26 de jan. de 2011

O novo lixo seco

Lembro quando li pela primeira vez que os japoneses colocam no lixo coisas como geladeira e TV. Achei um absurdo, um excesso, como assim eles fazem isso? Parecia mais uma bizarrice oriental.
O tempo passou e a turma aqui do ocidente também começou a achar que os eletrodomésticos envelhecem rápido demais. Com tantos gadgets que surgem a preços mais acessíveis, a gente faz o upgrade e não se dá conta do lixo tecnológico que acumula.
Abra seus armários e gavetas. Você vai se surpreender ao achar aquela câmera velhinha que segue esquecida, o aparelho de dvd que ia ser passado adiante mas ainda está lá, a filmadora grandona e desajeitada que você nem lembrava mais. Com certeza, vai encontrar algum celular que ainda funciona muito bem - mas você tinha pontos acumulados e o trocou por um modelo novo e incrível. Aliás, os celulares modernos e suas câmeras velozes aceleram a passagem do tempo e descartam o que a gente tem em casa. Nossos avós desconheciam esse desapego digital.

Imagem: FFFFound

25 de jan. de 2011

Ou bunker, como queira

Descreva a sensação de chegar em casa depois de um dia de trabalho. Vai ser uma chuva de adjetivos, e sem aquela clássica preocupação de "será que eu fechei a janela?"
O lugar que nos tira o IPTU também nos dá muita coisa em troca. O sofá pode estar desbotado, a parede precisando de tinta. É em casa que a gente se sente confortável por dentro. É lá que temos a sensação de pertencimento, o território é nosso, as panelinhas também.
Eu já tive a fase das plantas, das almofadas, dos enfeites, dos copos. Agora a curtição é aromatizador de ambiente. Porque sempre dá pra deixar a experiência ainda mais sensorial. Parece que a sala tomou banho e o ar ficou mais convidativo. Tudo menos abrir a porta de casa e ser recebida pelo cheiro de bife do almoço (a menos que seja meio-dia).
Instalação: Andrew Byrom's 3-D type

Momento tenso

Pior que bad hair day é cortar o cabelo e não ter certeza se gostou - aí vira bad hair week ou bad hair month. Nessas horas, eu queria ter nascido homem pra passar máquina 4 e pronto. Mas não, sou mulher no sentido mais capilar da palavra. Um corte que passa do ponto é que nem churrasco, só a gente sabe a quantidade exata de sangue que esperava encontrar no seu pedaço de picanha. Talvez tudo mude amanhã quando eu acordar. Vamos ver o que o espelho me reserva.

24 de jan. de 2011

Quando o dia é sempre escuro

Entre os pessimistas, os alarmistas e os realistas, eu fico com os otimistas. Mesmo que às vezes eles pareçam ingênuos ou desinformados. Qual é o problema de pensar que a coisa não está tão preta assim, que pode dar uma reviravolta e melhorar?
Eu tento ser o mais positiva possível, já é um raciocínio automático trocar as nuvens escuras pelo sol. Gente que só pensa/fala/conta desgraça contamina o ar feito fumaça de charuto. Não dá pra respirar, o jeito é trancar a respiração e sair de perto.

Usar ou não usar? Eis a questão

Ando louca por acessórios com caveira. Mas não é qualquer crânio que me sensibiliza, tem que ter style. Ou o famoso plus a mais.
Foto: FFFFound

21 de jan. de 2011

Lost in translation

Falar é fácil. Agora entender as entrelinhas, bom, aí é outra conversa.

Tive uma ideia

Podiam inventar um desenho com robôs intelectuais. Eles iriam procurar nos livros de uma biblioteca intergalática o segredo pra salvar o universo. Praticamente um serviço de utilidade pública! Algum Transformer se habilita? Pode ser uma Barbie Leitora, também.

Hoje vou assim

Tem que botar pra fora o que nos mata por dentro.

Imagem: DeviantART

O novo hype na decoração?

Depois do hit "6 cadeiras nada a ver e 1 mesa de jantar," sugem as gavetas esquizofrênicas na estante da sala. Eu adoro. É a desconstrução, o humor, o não óbvio. Além de ser eco friendly consciente lixo seco sustentável blablablá. Será que depois disso vão inventar cada armário da cozinha com uma porta diferente da outra? Fica a dica, Sig.

Um leque de possibilidades

Acho que os cromossomos X e Y não nasceram para serem amigos. Não no sentido fraterno, aquela amizade onde nenhum (eu disse NENHUM) interesse hormonal está envolvido. Eu já desconfiava disso, tinha quase certeza. Mas sou apenas uma observadora de sentimentos, o único fundamento técnico que possuo é minha sensibilidade.
Quando vi esse gráfico (não deixa de ser) no Facebook, foi como encontrar um livro de 800 páginas sobre o tema. Olha a sutileza das possibilidades! Something But Nothing é angustiante, porém melhor do que nada. Fuck Buddy é um comportamento pós-moderno-objetivo-sincero-descolado que ainda vai sustentar muito roteirista de Hollywood e anistiar consciências pesadas. Preste atenção: Fuck Buddy é diferente de Bestfriends with Benefits - provavelmente na intensidade e/ou frequência. Inclusive em breve veremos no cinema mais próximo a Natalie Portman e o Ashton So Hot Kuchter passando por esse dilema na comédia romântica No Strings Attached, que anteriormente iria se chamar como? Friends with benefits.
Esse info-cyber-gráfico deve ter sido feito por uma mulher. Talking e Kinda Talking é genial! Também adoro a sinceridade de No GF/BF Since Birth e a resignação de Forever Alone. Mas meu preferido é It's complicated. Resume tanta amizade por aí. Que o digam Meryl Streep, Steve Martin e Alec Baldwin, que recentemente passaram por isso.

Imagem: um achado da Lise Bing

20 de jan. de 2011

Amor antigo




Sou apaixonada por supermercados. É uma das coisas que adoro visitar quando viajo. Se bem que a globalização tirou metade da graça de descobrir marcas novas em terras distantes. Uma vez, há séculos, voltei com tantos xampus da América que mal conseguia carregar. Fiasco! Mesmo com a canseira semanal de fazer supermercado, ainda consigo manter a paixão. Agora pior do que encher o carrinho (e ter o calcanhar pisoteado pelo ajudante que está na direção) é esvaziar as sacolas em casa. Quanto tempo uma mulher gasta durante sua vida fazendo isso? Nem quero calcular.

Fotos: Ephemera Assemblyman

19 de jan. de 2011

O valor do espaço

A lógica da geladeira deveria valer para o mercado imobiliário. Não faz sentido um casal de 2 rodelas de abacaxi ocupar um privilegiado potão 5 quartos. Eles devem procurar um potinho JK, liberando espaço para quem precisa (uma couve-flor inteira, por exemplo). Se a família fictícia de abacaxis já foi grande um dia e as rodelas saíram de casa, não tem porque o potão dar eco de tão vazio. Geladeira é como condomínio, tem espaço mas tem que saber aproveitar.
Na minha cozinha, a hierarquia dos potes é rigorosa. Não posso ver um restinho de comida ocupando 3 vagas na garagem que já tomo uma providência imediata. E lá se vai a mudança para uma metragem adequada. Do maior para o menor. Ou sendo mais específica, do pote grande para o médio confortável, depois para o médio justinho, para o pequeno espaçoso, o pequeno apertado e o minipote claustrofóbico. Seria injusto uma rúcula velhinha, já com o pé na cova do lixo, ficar guardada em uma área nobre da gaveta de verduras, enquanto o kg de batata se espreme e quase vira purê. Ordem de despejo nela! Eu vivo lavando potes mas fico com a consciência tranquila.

17 de jan. de 2011

Filhos idealizados X Filhos reais

Meus filhos nunca comeram brócolis ou beterraba em restaurante (muito menos em casa), atraindo suspiros invejosos de outras mães. Para falar a verdade, eu sempre estava sentada na mesa de onde saíam esses suspiros. Uma criança levar cenoura pra comer na hora do recreio, como já ouvi relatos orgulhosos, sempre pareceu coisa de ficção científica. Talvez seja mais fácil eu cruzar com o Darth Vader no Zaffari.
Meus filhos nunca dormiram a noite inteirinha quando eram bebês. Sei que existem pais felizardos que narram essa experiência surreal com detalhes. Impossível não comparar com as noites em que o Rafa nos fazia acordar cinco (5) vezes.
Meus filhos não gostam de ler, não tanto quanto eu. E também já fui informada de que existem, sim, crianças da mesma idade que devoram livros enormes. Por isso, estabeleci como missão de férias fazer a dupla ler.
Acreditando que milagres podem mesmo acontecer, quero que eles descubram que leitura dá prazer, não sono. E que a gente pode esperar o dia inteiro para finalmente chegar de noite e retomar um livro, uma história, um mundo à parte.
Ontem os dois foram na Livraria Cultura e, diante de um cardápio tão apetitoso, escolheram um livro cada um. Criei uma única regra: ler uma hora todos os dias. Rapidamente o Fabio colocou um relógio enorme pra marcar o tempo. Tive que flexibilizar a regra antes que virasse um tiro no pé (o meu, claro). Ler o suficiente para se envolver com a história.
Há pouco fiquei sabendo que o Fabio está gostando das Crônicas de Nárnia, apesar de achar meio confuso. Ele começou pelo segundo volume, por motivos óbvios. "O primeiro tem umas 750 páginas, mãe. Ninguém merece!"
Até o fechamento desse post, o senhor Rafael não tocou no seu exemplar sobre a história das seleções brasileiras de futebol. E você sabe, se um não está fazendo o combinado, o outro se sente no legítimo direito de descombinar também. Convoquei o Ricardo para dar um cartão vermelho no cara. E cheguei à conclusão de que a maternidade é mesmo a Terra Encantada das Idealizações.

13 de jan. de 2011

Brilhante definição

"O adjetivo é o imprescindível avalista da individualidade de pessoas e coisas; está para a língua assim como a cor para a pintura. O mundo sem ele é triste como um hospital no domingo."

(Revista Piauí de janeiro, matéria Em Defesa dos Adjetivos)

12 de jan. de 2011

Ciúmes numa hora dessas?

Atenção mães blogueiras, esse é um post-pesquisa. Quero saber se acontece com vocês: filho com ciúmes do blog. Atenção antropólogos, sociólogos, psicólogos e outros ólogos, pode ser uma nova tendência de comportamento: a DR com filhos.
Achei que era só comigo mas hoje, conversando com a Alexandra do Destemperadinhos, fiquei sabendo que ela também passa por isso e já ouviu a frase "tu quer casar com o teu computador!!". O Fabio seguido reclama que dou mais bola pro blog do que pra ele - vê se pode. E ainda tem ciúmes do Twitter e do Facebook. O Rafa e até o Ricardo entraram na onda e engrossam o coro. Será a nova neurose feminina?
Desculpe, essa é uma culpa que eu não vou absorver. Já tenho tantas! Claro que manter um blog atualizado toma tempo e requer dedicação. Mas se nos dá prazer, a gente dá um jeito. Posta de madrugada, do trabalho, do banheiro. Escrever é uma terapia econômica e produtiva. O pessoal vai ter que se acostumar com a ideia. Inteligente é a minha amiga Fernanda Reali, que fez um blog pro Guga e outro pra Helena. Cada um no seu quadrado.

Mr postman

Hoje li duas coisas que deram saudade de uma cartinha à la antigamente. A carta é a tataravó do e-mail e por séculos conectou as pessoas. Foi moderna e prática do seu jeito.
Olha que legal. O correio americano vai lançar selos com personagens da Pixar. Só isso já dá vontade de comprar papel, envelope e caprichar na letra. Agora o que eu amei mesmo foi uma ação feita em Madrid ano passado, chamada Poesia iluminada. Um grupo de poetas pendurou mil cartas em um jardim, cada uma com uma luzinha e uma poesia dentro. Por 3 dias, as pessoas foram convidadas a pegar uma dessas cartas e enviá-la pra alguém especial. Achei sensível e surpreendente. Pra não dizer romântico até entupir o canal lacrimal.

Começa assim

Vou prestar mais atenção quando abrir meu guarda-roupa. Posso estar separando algum casalzinho sem querer. Ou forçando a barra, fazendo com que a regata branca que é ex do cinto marrom saia de novo com ele. Será que lá dentro rola o mesmo clima que acontece nas empresas, com muito colega se querendo? Talvez o guarda-roupa seja um micro-cosmo social onde a convivência também cria vínculos - nem sempre coleguísticos.
Já era difícil escolher o que vestir de manhã cedo. Agora a logística complicou.


Foto: Booooooo.com

7 de jan. de 2011

O Primeiro

(publicado no site do Bourbon Shopping)


Já reparou como a gente cultua o que vem primeiro? O Primeiro beijo, O Primeiro da fila, O Primeiro lugar no concurso, O Primeiro carro, O Primeiro amor, O Primeiro apartamento, O Primeiro emprego, O Primeiro filho, O Primeiro neto. Todos esses primeiros costumam ocupar espaço nobre na nossa memória (incluindo aí O Primeiro fora, O Primeiro porre e O Primeiro fio de cabelo branco). O dilema clássico do “Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?” na verdade é só uma disputa pelo primeiro lugar. Nada menos filosófico do que isso.
Se O Primeiro sempre ganha os holofotes e ganhou até maiúsculas nessa crônica, por que janeiro não tem a mesma sorte? O Primeiro mês do ano merece um tratamento mais digno, mas acaba sendo encarado como uma ressaca de dezembro. Sinceramente, acho que dezembro não é tão legal assim. Ele teve a sorte de estar na hora certa e no lugar certo – ou seja, no final do ano, onde todos se emocionam fácil.
Janeiro pode muito bem ser sua extensão, roubar um pouco desse carisma, pegar carona nas idealizações, sonhos e promessas. Quer ver um bom exemplo? No mês passado (você sabe qual é), bati o recorde de happy hours. Tive uma urgência de rever todos os amigos, atropelei beijos e abraços. Eu poderia ter deixado alguns desses excelentes momentos para janeiro. Ainda dá tempo de fazer isso. E com ar-condicionado tão geladinho quanto o espumante.
Janeiro é pontapé inicial, primeiro vagão do trem, ponto de partida, fio condutor, pedra fundamental. A menos que você tire férias nesses 30 dias e automaticamente promova janeiro ao melhor mês da vida, vai precisar mudar sua atitude em relação a ele. A Dilma nunca mais vai esquecer esse janeiro. Os primeiros bebês do ano ganharam destaque no jornal, tomara que ganhem atenção para sempre. Minha sugestão? Se cada um de nós fizer uma coisinha incrível durante esse mês, seu conceito vai subir. E se nada disso acontecer, pelo menos janeiro já ganhou uma crônica em sua homenagem. Beijão para você, querido!

6 de jan. de 2011

Pra que tanto calor?

Quando o calor atrapalha os nossos hábitos, é porque passou dos limites. Hoje tive que abrir mão do meu café com leite bem quente - na minha lista de comfort food, isso é um crime. Eu não quis ter um treco térmico e cair dura no meio da cozinha. Apesar de gostar bastante do verão, senti muita raiva dele.
Se você é do Sul, mais especificamente aqui da terrinha, vai compreender. Gaúchos são separatistas, sempre foram. Adoram uma briga. É Grêmio X Inter. É Zaffari X os outros supermercados. É Panvel X as outras farmácias. E também é Verão X Inverno. Ter as estações bem definidas provoca (com o perdão do trocadilho) acaloradas discussões. A turma que defende o foundue de chocolate acha o cúmulo quem se joga no mar cor de chocolate e vice-versa. Mas desconfio que, num dia insuportável como o de hoje, até os adoradores do verão cogitaram virar a casaca. Já o pessoal do lençol térmico rogou ainda mais praga para o calor nos torrar de vez.
Essa rivalidade climática nunca vai mudar. A única coisa que posso fazer é tomar um banho urgente.



5 de jan. de 2011

Já leu a revista Lola?

"De alguma forma, se não permanecemos alertas, somos convidadas o tempo todo a nos sentir ultrapassadas, gerando uma busca alucinante, sem tréguas. É como se não pudéssemos ser quem somos. Nem temos tempo, aliás, de descobrir a beleza que temos naquele instante".

Sábias palavras de Constanza Pacolato, que assina a matéria Respeito ao Tempo, onde filosofa sobre os motivos que fazem as mulheres francesas envelhecerem com tanta dignidade e charme. Também tem a Malu Mader escrevendo sobre a Amy Winehouse. O Domingos Oliveira entrevistando a Claudia Abreu. E por aí seguem as surpresas de Lola, uma revista que dá gosto de ler. Espero que continue assim.

Imagem: Christa Joo Hyun Dangelo

4 de jan. de 2011

Da série faxinão

No embalo das faxinas, resolvi pegar uma caixa de livros guardada na garagem desde a mudança - quase 4 anos. Achei que eram livros-entulho, se é que eles existem. Não deu muito certo, consegui separar menos de um terço pra passar adiante. Vários tinham dedicatória, impossível ser ingrata com quem tatuou meu nome na primeira página do livro. Foram quase todos para a estante, lugar onde deveriam estar faz tempo.

Enganando a si mesma

Estou aqui, teclando, quando deveria estar suando na esteira. Até já me vesti a caráter, mas lembrei (cara de pau) que eu precisava atualizar o blog! E assim vou me enganando, fingindo que não vejo a calça apertar na cintura, o Facebook roubar meu tempo durante o trabalho, o fio de cabelo branco surgir quando prendo o cabelo e tantas outras coisas. Às vezes tenho a impressão que existe outra dentro de mim, um xerox instável como a previsão do tempo, louca pra sabotar minhas decisões, me desviar da rota e fazer eu repetir os mesmos erros.
Enquanto ela se distrai, esteira aqui vou eu.

Foto: Today and Tomorrow

A síndrome do ninho vazio II, por Claudio Franco

Dê uma criança para um brinquedo

Toda criança tem direito a brincar. Sempre. Brincar é tão bom. E brinquedos estão sempre dispostos. Do mais tecnológico com pilhas novas, até a latinha de achocolatado que virou tambor.
Lembro de uma campanha de doação de brinquedos que fiz com o amigo e colega de profissão Zeca Honorato. Dizia que "toda criança tem direito a um brinquedo. E todo brinquedo tem direito a uma criança". Gosto muito desse trabalho e guardo com carinho até hoje.
Pensei muito nessa campanha ao baixar várias prateleiras de brinquedos do armário da minha filha. Jogos, bonecas, casinhas, caminhas, bolas e muito mais veio abaixo. Confesso que tive que fazer isso sozinho para evitar uma defesa quase que jurídica a cada brinquedo. E pensava na história de cada um. O jogo da memória que tantas vezes perdi feio. Ele ainda vai fazer muitos pais perceberem que não há nada como uma "cabeça nova" pra te derrotar. As muitas caixas de quebra-cabeça com os mais variados temas e personagens. Gastei um tempo colocando as peças nas caixas certas, afinal, os novos proprietários teriam que recebê-los completos para montar e remontar muitas vezes mais.
Também desceram lá da última prateleira muitas bonecas. Os pais de meninas sabem. É exatamente proporcional aos pais de meninos e seus milhares de carrinhos. As Barbies ruivas, loiras, morenas, borboletas, cantoras, dançarinas e até ciclistas. As que imaginei que não fossem me render um processo judicial por sequestro foram direto pra a caixa pra soltar as tranças, tomar muito banho de pia, cantar e voar em outra freguesia.
E não há como não lembrar o filme Toy Story. Só mesmo um gênio pra fazer uma animação tão verdadeira. Assim como no filme, não parei de pensar na agitação daquela turma que entrava na caixa de doações. Ou dos que esperavam ansiosos na prateleira para serem escolhidos. Juro que ouvi alguns barulhos estranhos quando se juntaram umas três ou quatro Barbies na mesma caixa.
Mas aquela caixa não era um "calabouço" ou um "triturador" de brinquedos. Era uma caminho para novos sorrisos, novas brincadeiras, novos voos, novas briguinhas, novas prateleiras e novos amigos. Mesmo que tenha feito o "trabalho sujo" sozinho, antes de me despedir das caixas e sacolas cheias de brinquedos, convidei minha filha para, num ato simbólico, fazer uma despedida daquele joguinho de memória. Ela adorou a ideia e colocou mais umas três vitórias no seu currículo.
Valeu. O dia chuvoso ideal para essa tarefa terminou num belíssimo final de tarde. E, num último olhar naquela caixa que ocupava um lugar na sala, enxerguei muitos brinquedos brilhando novinhos em folha. E a turma lá de dentro, ao contrário do famoso filme, vibrando à espera dos novos donos. (ZH, 24/12/2010)

3 de jan. de 2011

A síndrome do armário de brinquedos vazio

Esses dias meu amigo Claudio Franco publicou no jornal Zero Hora um texto emocionante sobre a dor que dá esvaziar os armários de brinquedos dos filhos. Acabei de fazer isso, por iniciativa deles (quem mandou ver os pais faxinando papéis e caixas na virada do ano?).
Difícil preencher esse vazio. Cada jogo tem uma história, a gente se enxerga sentado com perna de índio no tapete da sala brincando com as crianças. Quantas vezes eu consolei quem não sabia perder. Agora quem me consola? Senti um aperto no peito, uma vontade de frear o tempo. E olha que sou desapegada, já doei muitos brinquedos. É que dessa vez a quantidade foi maior. Quatro sacos lotados de infância. O Rafa e o Fabio não se sentem satisfeitos com suas espinhas e pelos crescendo. Querem virar o jogo, que nem fazem no Playstation.
Vou levar tudo para o Hospital da Criança Santo Antônio, assim como da última vez. Alegro os pequenos doentes e a mim. Como tão bem escreveu Claudio, os brinquedos merecem ganhar novos donos e continuar a brincadeira. Toy Story feelings!
Só restaram os Legos. Esses, under my dead body.

Foto: FFFFound

Um tempo que deixa saudade

Meu corpo ainda exala panetone e casquinha de siri. Depois de um final de ano intenso e de micro-férias na praia, chego à óbvia constatação de que o cérebro foi extraviado feito mala em voo fretado. Ou fez como nos filmes, colocando travesseiros embaixo do lençol pra simular sua presença. O resultado? Uma cabeça oca na segunda-feira, os dedos lentos no teclado e marcas de bronzeado só pra lembrar dos dias de ócio. Quer dizer, ócio em termos. Você já viu uma mãe em turno integral conseguir descansar? A gente acha o que fazer o tempo todo.
Mesmo assim, relaxei. Fiquei uma semana sem ligar a TV. Comi uma padaria por refeição. Corri e caminhei mas dormi depois do almoço, o que engorda em dobro. Namorei. Li a metade de um livro, duas revistas e o Facebook inteirinho (o vício superou a lentidão do 3G). Olhei pro mar e pensei na vida, sem chegar a grandes conclusões. Só uma, na verdade: é muito bom estar viva.
Joguei frescobol com as canelas mergulhadas na água, bem do jeito que eu gosto. Encolhi a barriga e tive a sorte de não encontrar colegas na beira da praia (nada pessoal, é sempre constrangedor pra quem não nasceu miss). Curti meus filhos e descobri que minto quando perguntam se eles brigam. Sim, brigam o tempo todo, eu é que não vejo. Ou faço que não vejo, pra manter uma visão romântica e idealizada da maternidade.
Apesar de ter passado protetor o suficiente, senti um misto de culpa e prazer cada vez que o sol lambeu minhas sardas. Se a gente fica de óculos, corre o risco de se bronzear feito urso panda. Se não fica, sente a região dos olhos craquelar - é duro ser dermatologicamente correta. Em compensação, de noite aproveitei a lua. Coisa boa ficar sentada na frente de casa, deu até pra sentir frio. Eu e o coaxar dos sapos (quando os vizinhos davam uma trégua no repertório musical).
Agora o melhor das férias é bagunçar os horários. No último dia, saímos do restaurante quase cinco da tarde. Constatação? Leva um tempo até que a gente se permita estar de férias. E quando finalmente conseguimos, já é hora de voltar.