No mundo idealizado por Rosaura, o Teleprompter seria adaptado para qualquer situação em que ela precisasse falar por mais de um minuto, a bancada seria alta o suficiente para tapar o terrível terninho que a obrigavam a vestir e as câmeras não teriam luzes vermelhas atraindo seu olhar. Ou melhor: as câmeras seriam proibidas de funcionar antes das 10 da manhã.
Se você não entendeu, eu explico: Rosaura é uma promissora e revoltada apresentadora de telejornal. Promissora porque ela tem jeito para a coisa e revoltada porque o telejornal entra no ar das 06:15 às 06:22. Quem em sã consciência quer ver Rosaura tão cedo? Nem seus pais, ela desconfia. A maquiagem feita com cuidado não disfarça suas gigantescas olheiras – duas manchas roxas carinhosamente apelidadas de Tim e Maia.
Para entrar tão cedo no lar dos telespectadores, por sete miseráveis minutos, Rosaura precisa sair da sua casa às cinco horas. E acordar antes das quatro. E dormir antes das dez. E não ter vida social. E desgraçadamente perder o sono na mesma hora aos domingos.
Agora você entende por que aquilo aconteceu? Foram as circunstâncias. Rosaura cochilou ao vivo, em rede nacional de televisão. O homem da previsão do tempo tinha acabado de comentar sobre a frente fria que vinha da Argentina e a câmera voltou para Rosaura. No exato momento em que seus olhos pesaram como duas bolas de ferro. A cabeça despencou na bancada. A caneta voou longe. Rosaura não chegou a babar porque cortaram a imagem antes. Mas o técnico de som não foi tão rápido e deixou o ronco captado pelo microfone de lapela ir para o ar por quatro desconcertantes segundos, junto com o logotipo do telejornal.
Na faculdade, o professor de Jornalismo I deveria ter advertido: se um dia vocês conseguirem a tão sonhada vaga numa bancada de telejornal, mesmo que seja num horário infame, nunca durmam no ar. Lavem o rosto, aumentem o tom de voz, caminhem pelo cenário, finjam que estão sendo atacados por um mosquito e dêem tapas no próprio rosto. Improvisem. Não durmam jamais.
Agora Rosaura espera a repercussão do incidente. Já são quatro da tarde e ninguém telefonou comentando. Ninguém! A audiência do programa não precisava ser baixa desse jeito. Seus pais poderiam ter ligado. E ligado outra vez, fazendo voz diferente. A tia Carmem também poderia ter se manifestado. Ela jurou que assiste o programa todos os dias. Se amanhã de manhã Rosaura ainda tiver o emprego, vai pedir desculpas no ar. Ou então deixar um travesseiro por perto.
Se você não entendeu, eu explico: Rosaura é uma promissora e revoltada apresentadora de telejornal. Promissora porque ela tem jeito para a coisa e revoltada porque o telejornal entra no ar das 06:15 às 06:22. Quem em sã consciência quer ver Rosaura tão cedo? Nem seus pais, ela desconfia. A maquiagem feita com cuidado não disfarça suas gigantescas olheiras – duas manchas roxas carinhosamente apelidadas de Tim e Maia.
Para entrar tão cedo no lar dos telespectadores, por sete miseráveis minutos, Rosaura precisa sair da sua casa às cinco horas. E acordar antes das quatro. E dormir antes das dez. E não ter vida social. E desgraçadamente perder o sono na mesma hora aos domingos.
Agora você entende por que aquilo aconteceu? Foram as circunstâncias. Rosaura cochilou ao vivo, em rede nacional de televisão. O homem da previsão do tempo tinha acabado de comentar sobre a frente fria que vinha da Argentina e a câmera voltou para Rosaura. No exato momento em que seus olhos pesaram como duas bolas de ferro. A cabeça despencou na bancada. A caneta voou longe. Rosaura não chegou a babar porque cortaram a imagem antes. Mas o técnico de som não foi tão rápido e deixou o ronco captado pelo microfone de lapela ir para o ar por quatro desconcertantes segundos, junto com o logotipo do telejornal.
Na faculdade, o professor de Jornalismo I deveria ter advertido: se um dia vocês conseguirem a tão sonhada vaga numa bancada de telejornal, mesmo que seja num horário infame, nunca durmam no ar. Lavem o rosto, aumentem o tom de voz, caminhem pelo cenário, finjam que estão sendo atacados por um mosquito e dêem tapas no próprio rosto. Improvisem. Não durmam jamais.
Agora Rosaura espera a repercussão do incidente. Já são quatro da tarde e ninguém telefonou comentando. Ninguém! A audiência do programa não precisava ser baixa desse jeito. Seus pais poderiam ter ligado. E ligado outra vez, fazendo voz diferente. A tia Carmem também poderia ter se manifestado. Ela jurou que assiste o programa todos os dias. Se amanhã de manhã Rosaura ainda tiver o emprego, vai pedir desculpas no ar. Ou então deixar um travesseiro por perto.
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