
Isso não exime minha culpa, mas eu segurava várias sacolas. Vai ver, aquela jarra estava fadada à reciclagem de vidro e pressentia que nunca, jamais, iria sentir gosto algum. O som foi seco e certeiro, a fina camada de plástico bolha não conseguiu amenizar o contato com o metal do elevador. Entrei em casa já esperando o pior, carregando um cadáver. A Jarra do Clericot rachou, inutilizou, foi direto para o lixo enrolada na própria sacola.
Eu queria dar banho, colocar no armário das louças chiques e aguardar o sábado seguinte para fazer uma inauguração solene. A Jarra do Clericot faria um triângulo amoroso comigo e o Ricardo, veria DVDs e compartilharia com a gente momentos de relax. Eu estava pensando em tantas frutas picadas e tantas risadas pra nós.
Não foi desta vez. Logo eu, sempre cuidadosa, acabei com ela – e sem uma gota de álcool nem no sangue, nem na jarra. Durante a semana, vou ter que voltar lá e comprar outra igual. Prometo pedir mais reforço de plástico bolha e talvez, numa penitência, eu suba os 19 andares de escada para que a nova jarra chegue intacta em casa. Um brinde vai ser pouco. De onde estiver, a antiga Jarra do Clericot vai me perdoar.
Foto: Flickr
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