-Mãe, quero tirar o bigode.
Olhei para os dois agrupamentos de penugem entre o nariz e a boca do meu filho. Depois olhei para o visor do meu celular, procurando data e hora para registrar imediatamente aquilo no cérebro - pasta momentos inesquecíveis de mãe.
Analisando friamente a questão, ele passou o ano dando indícios de que não era mais o menininho de sempre. Começou a ir a festas no clube. A usar desodorante. A pedir privacidade. A fechar a porta do banheiro. Sem falar nos outros bigodinhos que apareceram pelo corpo. E dos copos derrubados. E dos abraços de cão São Bernardo, que quase me tiram do chão. E do tênis número quarenta que ele comprou semana passada. Eu ainda podia sentir um cheirinho de pomada de assadura pela casa. E de lencinho umedecido. Danoninho. Tip-top azedinho de leite. Bigode de gatinho desenhado pela profe da escolinha.
-Ouviu, mãe? Quero tirar o bigode.
Péssima hora para devaneios uterinos.Tinha uma boca rosada, carnuda e com um projeto de bigode esperando minha resposta. Gilete ou barbeador? Com a mão direita eu raspo o guri e com a esquerda eu tiro foto? Com ou sem flash? Azuleno pra acalmar a pele ou anestesia local pra acalmar a mãe?
-O pai disse que tirando com pinça não nasce mais.
Peloamordedeus, não era a melhor hora para eu explicar os princípios básicos da depilação para os dois. Ou melhor, para os três, porque meu filho caçula estava ligadíssimo em tudo, já procurando o seu bigode no espelho.
Nem preciso dizer que a família inteira foi para o banheiro. Após uma breve discussão sobre dor e folículos capilares, optamos pela maquininha de aparar cabelo. Rápida e indolor, como pedia a situação. Ainda tive o senso de humor de só tirar um dos lados do bigode pra gente dar risada. Depois passei a maquininha pro pai da criança concluir o serviço. E não é que o ex-bigodudo ficou ainda mais lindo?
Nove de novembro de 2008. Um domingo que poderia ter sido igual aos outros, mas entrou para a história. A essa altura, nas camadas mais profundas da epiderme, os hormônios do meu filho estão tramando as próximas surpresas. Podia ser pior. Ele poderia ter dito que queria camisinha.
Olhei para os dois agrupamentos de penugem entre o nariz e a boca do meu filho. Depois olhei para o visor do meu celular, procurando data e hora para registrar imediatamente aquilo no cérebro - pasta momentos inesquecíveis de mãe.
Analisando friamente a questão, ele passou o ano dando indícios de que não era mais o menininho de sempre. Começou a ir a festas no clube. A usar desodorante. A pedir privacidade. A fechar a porta do banheiro. Sem falar nos outros bigodinhos que apareceram pelo corpo. E dos copos derrubados. E dos abraços de cão São Bernardo, que quase me tiram do chão. E do tênis número quarenta que ele comprou semana passada. Eu ainda podia sentir um cheirinho de pomada de assadura pela casa. E de lencinho umedecido. Danoninho. Tip-top azedinho de leite. Bigode de gatinho desenhado pela profe da escolinha.
-Ouviu, mãe? Quero tirar o bigode.
Péssima hora para devaneios uterinos.Tinha uma boca rosada, carnuda e com um projeto de bigode esperando minha resposta. Gilete ou barbeador? Com a mão direita eu raspo o guri e com a esquerda eu tiro foto? Com ou sem flash? Azuleno pra acalmar a pele ou anestesia local pra acalmar a mãe?
-O pai disse que tirando com pinça não nasce mais.
Peloamordedeus, não era a melhor hora para eu explicar os princípios básicos da depilação para os dois. Ou melhor, para os três, porque meu filho caçula estava ligadíssimo em tudo, já procurando o seu bigode no espelho.
Nem preciso dizer que a família inteira foi para o banheiro. Após uma breve discussão sobre dor e folículos capilares, optamos pela maquininha de aparar cabelo. Rápida e indolor, como pedia a situação. Ainda tive o senso de humor de só tirar um dos lados do bigode pra gente dar risada. Depois passei a maquininha pro pai da criança concluir o serviço. E não é que o ex-bigodudo ficou ainda mais lindo?
Nove de novembro de 2008. Um domingo que poderia ter sido igual aos outros, mas entrou para a história. A essa altura, nas camadas mais profundas da epiderme, os hormônios do meu filho estão tramando as próximas surpresas. Podia ser pior. Ele poderia ter dito que queria camisinha.
3 comentários:
Amei! Real e sensível.
Bjs
É, o tempo passa, ele já deve estar te dando abraços de urso de tirar do chão faz tempo!!! Adorei o texto! (E finalmente aprendi a comentar aqui!)
bjs
divertido como sempre!!!! beijo
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