4 de fev. de 2010

Pessoas-película

O Insulfilm é dramático. Ele encobre a visão, deixa tudo mais denso e pesado. Até aí, nenhuma novidade. Mas ontem, olhando para o céu através de uma janela com película - e um céu já carregado de chuva - eu me dei conta de que o Insulfilm é too much. É drama demais para um vidro que deveria nos ajudar com a transparência.
E não é só ele, não. Tem muita gente com película. São os que amam sofrer e narrar o seu sofrimento. Os que se acham uma espécie de azarados-privilegiados. Tudo com eles é pior, é mais sério e problemático. A nuvem deles é sempre maior que a nossa. Dá vontade de procurar a pontinha do Insulfim e puxar, para ver como eles ficam.
As pessoas-película são como vidro preto de carro preto. A gente não consegue enxergar o que tem lá dentro. Então elas se escondem, se protegem, fazem questão de aumentar a carga dramática. Como se a vida já não tivesse drama o suficiente. Essas criaturas mais carregadas que céu de temporal acabam nos deixando tensas.
Eu sei que tenho os meus momentos Insulfilm. Todo mundo tem. A diferença é que se alguém sadio percebe que está com película, dá logo um jeito de abrir uma fresta, clarear as ideias, enxergar além. Nem que seja preciso quebrar o maldito do vidro.
A pessoa-película, não. Se bobear, ela tasca mais uma camada de preto em cima.

2 comentários:

gil disse...

Sensacional post, como tantos outros. Esse daria uma série para camisetas. Do tipo "eu nao uso Insufilm"..."sem camada de preto" ....Acho que você deveria trabalhar em propaganda, hehehehe. abração

Fernanda Reali disse...

Ótimo texto!
Eu sou solar e transparente, para o bem e para o mal, sem cortinas nem persianas. Pode olhar que está tudo aqui, como uma varanda aberta e ventilada.
Bjs