7 de out. de 2010

Filhos-fermento, pais-forno

(feita para o site do Bourbon Shopping)


Essa não é uma crônica para ler com filhos por perto. Não agora. Precisa de silêncio para voltar no tempo e pensar na criança que você foi, sentir a massinha de modelar grudando nos dedos, o gosto do sangue quando o dente de leite caía, o pente descendo com dificuldade para desembaraçar o cabelo molhado.
A gente também colou em prova, escondeu vaso quebrado, acordou no meio da noite com pesadelo. Ficou sozinho em casa e sentiu medo, depois adorou. Conhecemos bem a sensação de crescer e o dedão do pé esmagar a ponta do tênis, de começar a prestar atenção na conversa dos adultos, de trocar as estampas bobinhas por roupas descoladas.
Por isso eu acredito que não é tão difícil assim entender os filhos, não para quem já foi criança um dia. A gente tem a referência interna daquilo que era bom ou não, o que sobrou e o que faltou. É só localizar essas informações perdidas nas gavetas do cérebro e atualizar para o ano corrente.
Crianças crescem como fermento, cabe aos pais fazer o papel do forno. Dar calor humano, dar espaço, dar tempo livre para brincar, dar ouvidos, dar bom exemplo, dar liberdade para perguntas cabeludas, dar respostas sinceras.
E dar presentes, sempre que possível. É prazeroso surpreender um filho, ver seus dedos afobados rasgarem a embalagem, mesmo naquela fase em que eles curtem mais a embalagem do que o presente. Lembra? A gente também adorava ganhar boneca, bicicleta, videogame, carro de controle remoto, roupa nova, o primeiro sapato de salto alto, skate, prancha de surf (ih, esses dois são muito perigosos, melhor dar uma desculpa e achar outro presente). Como tudo na vida, o segredo é equilibrar. Dar sins e dar nãos. Isso forma o caráter e recheia a memória afetiva que os acompanhará para sempre.
No Dia das Crianças, dedique as 24 horas (ou boa parte delas) para essas pessoinhas que enchem a casa, bagunçam, questionam, tumultuam, aprontam. Imagina que tédio seria a nossa existência sem eles!

Foto: Distillate.com.au

4 comentários:

Fernanda Reali disse...

Tédio nada, compra um labrador!









ahahah, ameeei
beijo

Telma Maciel disse...

É... vira e mexe minha mãe me diz "pois é... vc já foi assim", "vc fez isso tbm!" e por aí vai! É incrível como eu tive a capacidade de esquecer como é ser criança desse jeito. Mas é bom ler esse tipo de texto pra acordar, apesar de nossa relação já estar BEM melhor e mais gostosa! Acho que ando lembrando disso tudo... rs
Um beijo!

Fernanda Reali disse...

URGENTEEE

Preciso de uma caixa de pesquisa neste blog

http://fernandareali.blogspot.com/2010/09/dicas-para-blogs-caixa-de-pesquisa.html

beijo

Anônimo disse...

Obrigada por lembrar de umas coisas que acabam passando batido na correria do dia-a-dia.
Lindo texto! Aliás, difícil vir aqui e não achar algo gostoso de se ler!
Beijo