17 de nov. de 2009

Morte às frases vagas e imprecisas

“O que é seu está guardado.”
Se tem uma frase que perdeu o sentido, é essa aí. Hoje em dia, quem tem paciência de procurar o lugar onde algum engraçadinho guardou o que a gente nem sabe direito o que é? Se é meu, eu quero agora.
Mas digamos que eu concorde em esperar o momento divino e celestial quando, finalmente, encontrarei o que me pertence. E se precisar de chave pra abrir? Ou uma senha que vem pelo correio? Por favor, eu preciso de informações mais claras. Quem guardou o que para mim? Está em um cofre ou só escondidinho numa gaveta? Se eu não gostar, posso trocar? Precisa ser num prazo de 30 dias? Quanto tempo vai durar essa espera? Vale a pena ou eu vou me frustrar, depois de tanta expectativa?
Tem outras frases que só empacam a vida da gente.
“Quem espera sempre alcança.”
Alcança o quê? Passa a vida esperando ou é só uma semaninha? De novo a questão da espera, que provoca passividade. O mundo ficou competitivo demais, agora quem não corre atrás fica esperando pra sempre.
É um perigo repetir frases vagas e imprecisas. Principalmente aquelas com autoajuda nas entrelinhas. Senão alguém acha bonito, passa adiante, a frase se cristaliza e vira ditado popular. Aí, deu pra bola. Ditado só é útil no colégio, pra gente descobrir se “discernimento” se escreve com S, SS ou SC.

3 comentários:

Laura de Azevedo disse...

Já leu "O Pai dos Burros" do Humberto Werneck? Ele reuniu 4.500 frases feitas. É engraçado. E bom pra gente se policiar. Volta e meia escapa uma dessas malditas!

Cris Francioni disse...

Ah, eu tô contigo e não abro, Maga!
Essa do que "é meu tá guardado" é pra ferrar! O que é meu talvez nem saiba ainda que é meu e ao contrário de guardado tá é sendo usado, isso sim! Vontade de dar uns tapas em que me diz isso!

Cris Francioni disse...

E tem mais!
Se é meu quem foi que mandou guardar??????????????