29 de ago. de 2008

Foi no banheiro

Denise esperava impaciente, batendo as unhas e os anéis na toalha da mesa. Por mais que se atrasasse, ela era sempre a primeira a chegar. Vinte minutos depois Juliana e Vera sentaram na sua frente. Acharam melhor pedir logo uma garrafa de champanhe, antes que Renata chegasse. O tradicional encontro das sextas-feiras não acontecia há quatro semanas. O tempo que Renata pediu de reclusão.
Falando nela, a turbinada chegou. Duzentos e cinquenta mililitros em cada lado, os bicos se exibindo na camiseta justa. E branca! Onde estava a Renata, que só usava roupas largas para esconder o que não tinha?
-Bom, né? Isso que ainda tá inchado...
As quatro nem precisaram falar. Correram direto para o banheiro do restaurante ver de perto os seios novos da Renata, que tirou a camiseta na hora. Volume ideal. Alinhamento perfeito. Cicatrizes discretas. Hematomas suaves. Sem dúvida, um excelente trabalho. Dava vontade de comprar dois iguais. E a textura, como seria? Renata leu o pensamento das amigas.
-Podem apertar. É macio!
As quatro já tinham passado por tanta coisa juntas. Relacionamentos desfeitos. Viagens. falta de dinheiro. Crise dos vinte. Crise dos trinta. Tratamentos cruéis para celulite. O primeiro fio de cabelo branco. Mas apalpar o seio da outra era um pouco demais.
-Vai lá, Verinha. Eu preciso de uma opinião...
Vera nunca se sentiu tão constrangida. Era uma oferta tentadora, ela sempre teve curiosidade de saber se os seios siliconados eram tão duros quanto pareciam.
-Denise, deixa de bobagem. Pode tocar.
Denise explicou que não era nada pessoal, ela apenas não se sentia à vontade para apalpar uma amiga. Pressentindo que era a próxima, Julia fingiu que precisava fazer xixi e se refugiou atrás da portinha.
Nesse momento, entrou uma quinta mulher no banheiro. O que a intimidade complicou, o total desconhecimento facilitou.
-Uma turbinada! Posso tocar para ver como é?
Renata mal consentiu e duas mãos grudaram nos seus peitos.
-São macios! E gostosos de pegar!
A mulher saiu sem dar explicação. Voltou logo depois com um homem.
-Ahhhhhhhhh!
-Tarado!!!!!
-Deixa disso! É o meu marido. Eu quero botar silicone e ele acha que não vai gostar...
Agora foi a Renata que ficou constrangida.
-Não esquenta, querida! Eu não sou ciumenta!
Julia, Vera e Denise queriam ter uma câmera para registrar a ocasião. O marido da mulher que elas nem sabiam o nome pegou nos seios da Renata, que só teve tempo de fechar os olhos e pensar no bem que estava fazendo para a felicidade sexual de um casal. Na mesma hora, ele aprovou.
Os dois saíram abraçadinhos, levando o cartão do cirurgião plástico que operou Renata. Ela só fez um único comentário.
-Que mãos geladas!

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