Famílias não fazem mais suas árvores genealógicas, mas se quisessem poderiam montar uma linha do tempo apenas com a sequência cronológica das festas de Natal.
Olhando para a mesa posta, aparentemente pouco muda de um ano para outro. Uma receita nova de farofa, talvez. Uma salada diferente. A estampa dos guardanapos. A substituição dos fios de ovos (quem teve essa ideia infeliz?) por algo light.
No encontro anual ao redor do peru, mais do que a comilança, temos um registro social-demográfico da família. Os netos que agora passam da altura dos avós e entraram no amigo-secreto dos grandes. A prima que traz o namorado pela primeira vez. O tio recém-separado que vem sozinho. A ala da família que viajou e faz a maior falta. O bebê que nasceu durante o ano e ainda não entende aquela confusão. Os casais que seguem juntos (e felizes). A criança que até pouco tempo acreditava no Papai Noel e, já adolescente, poderia vestir a fantasia vermelha – se isso não fosse o maior mico do mundo.
O Natal parece sempre igual para os desatentos. Ele reflete as mudanças da família, esse microcosmo com dramas e tramas de fazer inveja a qualquer novela. Aliás, o Natal é uma data excelente para os parentes brigões fazerem as pazes. É como se a noite de 24 de dezembro fosse o último capítulo. A audiência está toda ali, pronta para chorar de emoção.
A troca dos presentes também pede uma observação minunciosa. A menina que ganha o primeiro salto alto da madrinha. A mãe que dá para o filho um skate e, antes que ele agradeça, já se arrependeu. O primo que quis ganhar dinheiro porque tem intercâmbio durante o verão. O tio, GG a vida toda, comemorando o suado tamanho M. A tia que não pode ver papel no chão e logo recolhe tudo (com pena de colocar no lixo as embalagens bonitas). Os que acertam sempre no presente, os que erram na mesma proporção.
O Natal está aí, aproveite para rechear sua linha do tempo. Capriche nas fotos. E lembre-se de que presentes podem ser trocados. Já lembranças da família reunida ficam para sempre.
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