Quando se é mãe de dois meninos, isso é inevitável: um dia, elas chegam. E, no meu caso, esse dia e elas acabaram de chegar.
Três meninas de uma só vez. De sopetão. Um sopetão amenizado pelo telefonema do filho mais velho perguntando se elas poderiam subir mas, indiscutivelmente, um sopetão. Para uma casa até então só frequentada por cuecas, três calcinhas (quem sabe até algum sutiã mal preenchido) podem significar uma colméia, uma alcatéia, uma frota cor de rosa.
Escuto os risinhos da sala. É a primeira vez que eles convidam meninas para vir aqui. Um momento tão raro quanto ameaçador. Agora tenho dois tons de voz ecoando pelas paredes. Os agudos se juntaram aos graves com o pretexto de jogar Wii. Hoje boxe, tênnis, baseball. Amanhã cineminha, beijinho.
Doze anos e oito anos ouvindo “se comporta” parece que surtiram efeito. Incrível, meus filhos não estão correndo do jeito que sempre fazem quando convidam amiguinhos para brincar. Até mostraram o apartamento para elas – na verdade, mostraram seus quartos, mas não leia isso com conotação maliciosa. Não em respeito à uma mãe de dois meninos que, num sábado nublado e pacato, acordou de uma sesta para uma fase nova da vida. Além do mais as crianças, independente de sexo, sempre mostram seus quartos, especialmente quartos com computador e televisão. Pronto. Não tenho cabeça para acrescentar alguma estatística do Cartoon Network.
Como também sou uma pessoa educada, penso logo em oferecer um lanche. Sempre preparo um banquete-delícia para os amigos dos meus filhos. Não economizo na gordura trans e, para terror das nutricionistas, sou capaz de juntar pão de queijo, pipoca e bolo com cobertura de chocolate na mesma mesa. Mas uma luz entra pela janela da cozinha e ilumina o meu lado mais ciumento: muito cedo para alimentar três meninas coradas e encorpadas. Além do mais, já passou a hora de lanchar.
Por que as revistas, os livros e a Fátima Bernardes não nos preparam para esse momento? Ela, que tem meninos, meninas e a facilidade de anunciar o caos com um sorriso no rosto poderia ter me prevenido ontem à noite. Que nada. Ficou falando das Olimpíadas e dos chineses. E se eu oferecer espetinhos de gafanhoto será que elas vão embora mais rápido?
Faz meia hora que os meus filhos não gritam, não brigam, não se empurram, não se perseguem. Devem até estar sentados no sofá com os pés para baixo, contrariando a ordem natural das coisas. Comportamento alterado, hormônios idem. Tenho medo de ir na sala e encontrar meus meninos com pêlos no peito e barba por fazer. Eu, sócia-proprietária-majoritária de um harém masculino, mais cedo ou mais tarde vou ter que abrir a sociedade para a ala feminina. O mais tarde possível, com certeza.
Santo ano letivo! Acabo de lembrar que o mais velho tem prova na segunda-feira e o caçula tem tema para fazer. Prioridade para os estudos – ou a desculpa perfeita para voltar à estabilidade emocional. Deu. Chega. Por enquanto eu sou a dona dos brinquedinhos e escolho quem vai brincar.
Enquanto reflito sobre a velocidade desumana com que crescem os filhos, elas vão embora. Na saída, a mais bonitinha pega o jornal de domingo que estava no tapete da entrada e o deixa sobre a mesa. Truque baixo. Mulheres são capazes de tudo para agradar. A porta se fecha. Apesar do meu filho mais velho ficar grudado no olho mágico, estamos a salvo.
Três meninas de uma só vez. De sopetão. Um sopetão amenizado pelo telefonema do filho mais velho perguntando se elas poderiam subir mas, indiscutivelmente, um sopetão. Para uma casa até então só frequentada por cuecas, três calcinhas (quem sabe até algum sutiã mal preenchido) podem significar uma colméia, uma alcatéia, uma frota cor de rosa.
Escuto os risinhos da sala. É a primeira vez que eles convidam meninas para vir aqui. Um momento tão raro quanto ameaçador. Agora tenho dois tons de voz ecoando pelas paredes. Os agudos se juntaram aos graves com o pretexto de jogar Wii. Hoje boxe, tênnis, baseball. Amanhã cineminha, beijinho.
Doze anos e oito anos ouvindo “se comporta” parece que surtiram efeito. Incrível, meus filhos não estão correndo do jeito que sempre fazem quando convidam amiguinhos para brincar. Até mostraram o apartamento para elas – na verdade, mostraram seus quartos, mas não leia isso com conotação maliciosa. Não em respeito à uma mãe de dois meninos que, num sábado nublado e pacato, acordou de uma sesta para uma fase nova da vida. Além do mais as crianças, independente de sexo, sempre mostram seus quartos, especialmente quartos com computador e televisão. Pronto. Não tenho cabeça para acrescentar alguma estatística do Cartoon Network.
Como também sou uma pessoa educada, penso logo em oferecer um lanche. Sempre preparo um banquete-delícia para os amigos dos meus filhos. Não economizo na gordura trans e, para terror das nutricionistas, sou capaz de juntar pão de queijo, pipoca e bolo com cobertura de chocolate na mesma mesa. Mas uma luz entra pela janela da cozinha e ilumina o meu lado mais ciumento: muito cedo para alimentar três meninas coradas e encorpadas. Além do mais, já passou a hora de lanchar.
Por que as revistas, os livros e a Fátima Bernardes não nos preparam para esse momento? Ela, que tem meninos, meninas e a facilidade de anunciar o caos com um sorriso no rosto poderia ter me prevenido ontem à noite. Que nada. Ficou falando das Olimpíadas e dos chineses. E se eu oferecer espetinhos de gafanhoto será que elas vão embora mais rápido?
Faz meia hora que os meus filhos não gritam, não brigam, não se empurram, não se perseguem. Devem até estar sentados no sofá com os pés para baixo, contrariando a ordem natural das coisas. Comportamento alterado, hormônios idem. Tenho medo de ir na sala e encontrar meus meninos com pêlos no peito e barba por fazer. Eu, sócia-proprietária-majoritária de um harém masculino, mais cedo ou mais tarde vou ter que abrir a sociedade para a ala feminina. O mais tarde possível, com certeza.
Santo ano letivo! Acabo de lembrar que o mais velho tem prova na segunda-feira e o caçula tem tema para fazer. Prioridade para os estudos – ou a desculpa perfeita para voltar à estabilidade emocional. Deu. Chega. Por enquanto eu sou a dona dos brinquedinhos e escolho quem vai brincar.
Enquanto reflito sobre a velocidade desumana com que crescem os filhos, elas vão embora. Na saída, a mais bonitinha pega o jornal de domingo que estava no tapete da entrada e o deixa sobre a mesa. Truque baixo. Mulheres são capazes de tudo para agradar. A porta se fecha. Apesar do meu filho mais velho ficar grudado no olho mágico, estamos a salvo.
3 comentários:
Elas sempre chegam tomando conta da área. Nem que seja a de serviço. Beijos
ahahaha Adorei! Bjos.
Eu só tenho uma filha e ela está com 15 anos. Nunca parei pra pensar nela quebrando a estabilidade emocional de uma mãe hehehehe. Por enquanto (ufa) ela não quer saber de namoro (que alívio)porque isso tira a concentração dos cadernos (êba, todos esses anos batendo na tecla dos estudos está dando certo hehehehe).
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