Quem mandou nascer no país do futebol. De quatro em quatro anos, eu me sinto uma legítima estranha no ninho. Pessoas me olham incrédulas quando afirmo que não vejo os jogos da Copa. "Nem as finais?" Nana-nina-não. Digamos que eu acompanho como curiosidade geral, mas faria o mesmo se fosse um atentado na Bósnia ou uma catástrofe ambiental no Suriname. Até porque é difícil manter o autismo com todas as TVs da casa e do mundo ligadas no futebol.
Vai ser insuportável suportar o Galvão Bueno, a prepotência daquele homem me irrita demais. Por outro lado, eu curto ver as pessoas mobilizadas por um único assunto, as conversas de elevador ficam mais animadas. Eu falo da empolgação que tira muita gente do limbo existencial. Durante a Copa, os vizinhos apáticos adquirem olhos que brilham, o dia passa mais rápido para o motorista do taxi, os sobrinhos que pedem esmola esquecem o frio e a fome. Isso é válido.
Só tem uma coisa que eu adoraria fazer durante a Copa: ser descomentarista! Eu, sim, deveria estar agora na África da Sul. Imagine um olhar feminino e completamente isento emocionalmente dando pitacos sobre as cidades, os safaris, a comida, os uniformes, o povo. Eu acharia coisas bem mais interessantes para falar, e não aquela mesmice do "foi gol - foi falta - foi culpa do Dunga". Imagine uma descomentarista esportiva mergulhada no antro do futebol!! A audiência desse blog ia bombar. Como isso não tem a menor chance de acontecer, ainda mais em um país masculino como o nosso, vou imaginando o que farei na hora dos jogos. Um capuccino amigo, um cinema, tampões nos ouvidos e a raridade de ter um tempinho para mim.
Foto: FFFFound
Um comentário:
Ai, ainda bem que não estou sozinha no mundo dos sem futebol! Não torço nem pro Grêmio e nem pro Inter e a Copa do Mundo não vai passar perto da TV da minha casa. Uma pena que eu trabalho tão longe de ti, senão ia te convidar pra tomarmos uma Coca Zero e batermos um papo enquanto o resto do mundo assiste aos jogos.
Beijos, Maga
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