Eu moro no coração do Menino Deus, um dos bairros mais futebolísticos de Porto Alegre. Aqui Grêmio e Inter são vizinhos, queiram ou não. Eles mexem com os humores e, principalmente, com o trânsito. Na verdade, o Internacional fica em um bairro colado, o que só acirra a disputa: é sempre interessante ficar de olho no gramado do vizinho. E na fila da bilheteria, na cotação das camisetas em dia de jogo.
Eu me encaixo bem nesse lugar híbrido. Sou geneticamente gremista e, para minha sobrevivência, sofri mutações coloradas. Mais ou menos o que aconteceu com as melancias quadradas e as uvas sem semente. Não que eu pendure bandeira vermelha na janela (mas faço piadinhas sobre o chiqueirão). Não que eu goste futebol. A questão é que admiro as paixões.
Ontem, na hora do jogo, apesar de eu já estar deitadinha na cama lendo, fiquei profundamente irritada. Veja bem, eu acompanhava os lances através da pulsação da rua. Quando ouvi tantos foguetes e o bairro gritando, podia jurar que era gol do Inter – nas duas vezes foi assim, uma euforia. Levantei e fui até a sala. Encontrei 3 colorados emburrados, aquela comemoração toda era dos gremistas. Que coisa! A desgraça alheia sempre é gratificante.
Ontem, na hora do jogo, apesar de eu já estar deitadinha na cama lendo, fiquei profundamente irritada. Veja bem, eu acompanhava os lances através da pulsação da rua. Quando ouvi tantos foguetes e o bairro gritando, podia jurar que era gol do Inter – nas duas vezes foi assim, uma euforia. Levantei e fui até a sala. Encontrei 3 colorados emburrados, aquela comemoração toda era dos gremistas. Que coisa! A desgraça alheia sempre é gratificante.
E não é só no futebol. Amigos se separam? Colegas são assaltados? Comoção, raiva, consolo, lástima – mas lá no fundo a gente comemora, ainda bem que não fui eu. Pode ser insconsciente, o instinto que nos acompanha desde as cavernas. O fato é que a desgraça alheia faz bem. Talvez por adiar as nossas próprias dores. Hoje à noite é a vez do Grêmio sofrer. E dos colorados irem à forra. Somos humanos, não adianta. O mundo é redondinho, feito uma bola.
3 comentários:
Concordo com a relação que vc fez com sentir felicidade com a desgraça alheia...as vezes nos é involuntário mas no fundo ficamos felizes quando não é com a gente que acontece aquilo...e vivi o oposto,vi minha mãe aos berros dentro de cassa com s vitória do Corinthias...é a vida é assim,uns perdem outros ganham...beijos...
Meus colorados aqui de longe ficaram tristinhos...
Também acompanhei o jogo pela gritaria nas ruas... Até que uma hora um cara falou apavorado: "Gol do Inter, meu!".
Foi bem engraçado o jeito que ele falou...
E o inconsciente é tão misterioso...
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