
Minha vaga é pele e osso, eu sou bunda e coxa. Prendo a respiração, chupo metade de mim para dentro, prendo o cabelo na tentativa de diminuir qualquer volume. Então, inicio uma coreografia extremamente cuidadosa pra poupar a lataria do carro. Talvez daqui a seis meses, eu esteja apta a entrar pro Grupo Corpo. Quando estou vestida de preto, pareço uma ninja. Na chegada, eles empilham – quer dizer – estacionam. Na saída, sou eu que manobro. Como vou pra casa almoçar, duas vezes ao dia me sinto uma ninja gorda. É, minha amiga, carros grudados marcam mais que vestido colado.
Pensei em começar 1º de fevereiro, segunda-feira, data mundial dos regimes fadados ao fracasso. Mas como posso pagar a garagem até o dia 5, vai ser na sexta. Um perigo, é a porta de passagem para finais de semana calóricos. Acho que vou colar na geladeira uma foto da vaga anoréxica. E estabelecer a meta: emagrecer um pé de alface crespa em cada lateral.