28 de jan. de 2010

Adeus, good bye

Preciso emagrecer urgente. 5 kg em cada calota. Pela primeira vez na vida, não é por estética. É por garagem mesmo. Eu estaciono o carro em uma vaga anoréxica. Só cabe uma folha de alface entre uma porta e outra. Preciso me dar por satisfeita de ter encontrado uma garagem modesta em uma região vip. É a única que posso pagar sem ter um acesso de fúria, então é lá que fico. Desde que eu emagreça muito e não precise me esmagar desse jeito.
Minha vaga é pele e osso, eu sou bunda e coxa. Prendo a respiração, chupo metade de mim para dentro, prendo o cabelo na tentativa de diminuir qualquer volume. Então, inicio uma coreografia extremamente cuidadosa pra poupar a lataria do carro. Talvez daqui a seis meses, eu esteja apta a entrar pro Grupo Corpo. Quando estou vestida de preto, pareço uma ninja. Na chegada, eles empilham – quer dizer – estacionam. Na saída, sou eu que manobro. Como vou pra casa almoçar, duas vezes ao dia me sinto uma ninja gorda. É, minha amiga, carros grudados marcam mais que vestido colado.
Pensei em começar 1º de fevereiro, segunda-feira, data mundial dos regimes fadados ao fracasso. Mas como posso pagar a garagem até o dia 5, vai ser na sexta. Um perigo, é a porta de passagem para finais de semana calóricos. Acho que vou colar na geladeira uma foto da vaga anoréxica. E estabelecer a meta: emagrecer um pé de alface crespa em cada lateral.

27 de jan. de 2010

Modernismos


O telefonezão da moçoila um dia já foi tão moderno quanto o iPad. Hoje o mundo parou pra conhecer o mais novo brinquedinho do Steve Jobs, da Apple. Não confunda com o iPod, muito menos com o iPhone. Ele é o novo tablet da Apple. Sabe tablete de manteiga e tablete de chocolate? Não tem nada a ver. É uma mistura de computador menor com smartphone maior. Ahhhh! Eu também não entendi direito. Mas o bichinho só tem UM botão. Isso é que é tecnologia.

26 de jan. de 2010

Celebration

É como uma viagem planejada e esperada, que nunca chega. Demora muito, demora demais, a gente fica ansiosa, risca o calendário, faz e refaz os planos, se prepara, aquilo vira uma ideia fixa, o esperar se torna um massacre, dá vontade de laçar o cretino do avião no céu. Até que a gente deixa rolar e, quando vê, o grande dia surge bem na nossa frente.
Hoje eu fui contratada, depois de tanta espera. Foram mais de 3 meses de bipolaridade, pra resumir a temporada. Parece mentira, mas o meu dia chegou! Na agência que eu queria, onde já me sinto tão bem. Agora eu decolo de vez.

No mundo do divórcio




Dê uma festança pra comemorar o divórcio e mostre que você está óootema! É assim que fazem hoje em dia. E não esqueça de rechear com muitos solteiros gostosos a sua lista de convidados.


From trendhunter.com




Casinha básica

From trendhunter.com




25 de jan. de 2010

Acontece II

Nunca confie em um biquíni tomara-que-caia. Quando ele resolve cair, é um deusnosacuda. No caso, quem me acudiu foi a vizinha da espreguiçadeira mais próxima. O sol já estava na saideira, a maioria dos vizinhos também. Eu e meu livro não tínhamos hora pra subir.
De repente, ouvi um TLÉC, seguido de um leve tremor na lycra de cima. Pensei "não pod...". Ouvi o segundo TLÉC, forte e decidido. Não deu tempo de pensar. Segurei meu Haiti esquerdo com a mão direita e, num fio de voz, sussurrei pra vizinha: me ajuda!!!!!
Mulheres são gentis, dão passagem no trânsito e socorrem umas às outras. Ela confirmou o veredito, a presilha do biquíni tinha arrebentado. E alegou que não era muito boa em dar nós. Ora bolas, respondi que eu não era muito boa em striptease. Com as costas quase estranguladas, porém a salvo, peguei o elevador e fugi. Esqueci de contar um detalhe importante. Havia dois vizinhos no meu campo de visão (o que me faz concluir que eu também estava no campo de visão deles). Nunca vou saber se alguém viu eu pagar peitinho. Vinte e quatro horas depois do ocorrido, ainda ninguém me apontou pelos corredores do prédio.

23 de jan. de 2010

Acontece

Você já queimou o almoço e ficou com cara de tacho na frente dos filhos? Eu já. O pastelão foi inteiro pro lixo, e tinha uma tonelada de delícias dentro. Antes tentei uma delicada técnica cirúrgica de remoção da epiderme torrada, nem assim teve jeito. Se isso tivesse acontecido um ano atrás, seria totalmente compreensível. Na época, eu nem fazia questão de me aproximar do forno. O caso agora foi pura distração.
Eu estava preparando um texto suculento no notebook, que carregava lá na sala. Botei o pastelão no forno e ainda tive o cuidado de colocar a forma na grade mais alta, longe do calor. O problema é que, sem querer, também liguei o grill do forno. Fiquei escrevendo, escrevendo, e o pastelão queimando, queimando. Tadinho, ele estava lá em cima grudado no grill.
Não é legal ser avisada dessas coisas pelo cheiro de queimado vindo da cozinha. Fui salva por uma pizza rapidamente descongelada. Meninos adoram pizza sabor “mãe moscona”.




ilustração: www.draplin.com

21 de jan. de 2010

Eu vejo você

Seria mais ou menos assim a união do James Avatar Cameron com o Cirque Du Soleil. Aprovado!Já tem ingresso à venda?


from thecoolhunter.co.uk



Gavetas e novelos

Esses tempos achei em uma matéria de revista (se não me engano, foi na Criativa) a analogia perfeita pra entender a diferença entre o jeito de pensar masculino e o feminino. Pra mim, fez todo o sentido do mundo - quase uma epifania.
No cérebro dos homens tem gavetas. Várias, quantas precisar. Portanto, eles pensam compartimentado. Tem a gaveta do trabalho, a do futebolzinho com os amigos, a dos filhos, a da esposa, a da putaria e assim por diante. O que está dentro de cada gaveta fica separado, não interfere em nada no conteúdo das demais.
Já o cérebro das mulheres tem um único novelo de lã. Ou seja, tudo é conectado, emaranhado, amarrado, dependente, confuso. Não tem como separar, uma coisa leva a outra, cada decisão envolve todo um contexto. É por isso que a cabeça da gente não para nunca. Além do novelo, deve ter um gato lá dentro enozando ainda mais.
Fiquei com inveja das gavetas. Deve ser bem prático organizar os pensamentos.


Quer jogar?

Não é o máximo esse jogo de memória? Tem no site sliceofstyle.com e custa vinte dólares. Bom pra chamar as amigas e relembrar o tempo em que a gente passava a tarde brincando. Vai dar vontade de comprar, então é provável que o jogo continue no shopping. Vitrines também são ótimas pra testar a memória, o bom gosto e o limite do cartão.

20 de jan. de 2010

Procura-se

A mulher perfeita não existe, muito menos o homem. Agora alguma coisa me diz que a bolsa perfeita está em uma loja, esperando por mim. Sinceramente, espero que esteja no Armazém das Fábricas, não na Prada.
É que eu cansei de trocar de bolsa a toda hora. Já levo um certo tempo escolhendo roupa, sapato, colar, anel, pulseira e brinco. Melhor nem calcular quantos anos serão gastos nisso. Uma bolsa-uniforme pode aumentar minha expectativa de vida.
Esqueça as it-bags, como os fashinistas adoram chamar as bolsas-desejo que têm lista de espera e custam o preço de um carro. Claro que eu não recusaria uma Birkin (meu aniversário é 13 de outubro!), mas não dá pra ir no supermercado com ela. Chama muita atenção, além do mais, vou me sentir obrigada a comprar filé pra semana toda. E quando não tiver cadeira vaga na mesa do restaurante, o que faço com a bolsa milionária? Vou no banco mais próximo, guardo no cofre e volto? Só o Mark Jacobs pra largar a sua Birkin na areia da praia, ele pode.
Procuro uma bolsa que me siga em todos os lugares e não se torne uma mala, daquelas chatas e enjoadinhas (isso acontece muito com os modelos coloridos). Quero a LBD das bolsas. Preta, poderosamente simples, versátil, charmosa, elegante, moderna, que combine com tudo e tenha personalidade. Nem grande, nem pequena. Com um detalhe marcante. Um couro decente. E um preço justo. Será que ela existe mesmo?

photo from designyoutrust.com

19 de jan. de 2010

Quando o sono chega, deixa rolar

Tenho a maior facilidade pra pegar no sono, mas esse aí me venceu. Eu sabia que os japas gostam de dormir no trabalho, acham um cantinho embaixo da mesa e good night. Agora dormir na prateleira da creche, só com uma profe muito entediante.

Borboletas de pratos quebrados





Cindy-Lee Davies, que faz parte de um grupo australiano de design chamado Lighthy, enxergou borboletas em pratos quebrados. Um projeto que recicla, decora e inspira.

18 de jan. de 2010

Saudade, e muita

Faz um dia que o Ricardo viajou e eu já sinto saudade. Pros guris, aplico aquele textinho do "logo logo ele volta, passa rápido". Mas sou eu que vou dormir sozinha na cama. Pior, hoje os lençóis foram trocados. Nem o cheirinho dele eu vou ter no travesseiro. Tudo bem, agora só faltam 14 dias.

Divagando sobre janeiro pra paulistas e gaúchos


Crônica para o site do Bourbon Shopping

Agora que é janeiro, brinde a alegria de ter sua cidade só para você. Enquanto alguns pensam fixamente em praia lotada, outros podem pensar em rua sem trânsito, cinema sem fila, lojas com provadores tranquilos, restaurante com mesas livres e muita programação cultural. Isso sim é divertido.
Não é porque você ficou em casa que vai ficar sem nada para fazer. Nessa época do ano, é mais civilizado ser urbano. Coloque suas Havaianas e redescubra a cidade. Há quanto tempo você não circula por outros bairros, não passa de novo na casa onde morou quando era pequeno ou na frente da escola onde estudou? Tudo é um convite ao turismo local, então aproveite. Os turistas ainda precisam se preocupar com câmbio e mapas. Você está no seu chão. Mas se fizer questão de aventura, corra para a piscina do clube.
Existem pessoas que esperam janeiro como quem aguarda o paraíso. São os sábios. Repare como até o ambiente de trabalho fica mais agradável com vários colegas em férias, dá para sentir o alívio circulando pelo ar central – bem geladinho. E na hora da saída, surpresa: um sorvete, um choppinho, dois, três. Escurece mais tarde, perfeito para esticar a conversa.
Se der saudade da praia, lembre-se de que o mar sempre estará no mesmo lugar, esperando por você em um momento mais propício. Agora os surfistas conseguem espaço e olhe lá. Cada centímetro quadrado está tomado de baldes e pazinhas, pés brancos e costas quentes, barracas e cangas. Sem falar nos vendedores ambulantes e insistentes. Dá vontade de jogar a toalha, e não é na areia.
Praia significa fazer as malas, revisar o carro, encher o tanque, pegar a estrada, esquecer algo no meio do caminho (tomara que não sejam as chaves da casa!), enfrentar congestionamento porque todo mundo resolve ir e voltar no mesmo horário. E quando a gente finalmente chega, fica comparando com o conforto que deixou para trás.
A cidade é toda sua, e essa exclusividade dura pouco. Casquinha de siri também tem aqui, e sol para se bronzear. Se bem que ir para o escurinho e colocar os lançamentos de cinema em dia também é um clássico de janeiro. Boas férias!
alphotos photography

17 de jan. de 2010

O fim de uma era

-Mãe, olha a toalha que eu me enxugo! E os lençóis que eu durmo!
É duro ter um adolescente dentro de casa. De uma hora para outra, ele inicia uma rebelião cama-mesa-banho. A gente nunca está preparada, fica sem argumento. Olhei pra toalha que ele pendurou no secador. Limpa, cheirosa e quase nova, porém com o agravante de ter o Mickey estampado. Um grande e vários pequenos! Puxa, Rafinha, eu gostava dessa toalha, quantas vezes te enrolei ali no frio do inverno.
Mas um homem de 13 anos não pode ter sua autoconfiança abalada todos os dias na saída do chuveiro. Até o lençol do Yugi-Oh, que veio dos Isteits e na época causou furor, entrou na conversa. Sumariamente dispensado pelo dono. A fantasia evaporou. Aquilo não foi um simples banho, foi um divisor de águas.
A grande culpada é a ótima qualidade dos produtos. Ok, ok, mais o desejo inconsciente de esticar a infância dos filhos. Eu não sou a única mãe que se aliou aos personagens infantis. Entendi o recado. Tanto que comprei toalhas novas (neutras e másculas) e transferi os lençóis temáticos pro quarto ao lado, onde ainda ninguém queima o colchão.
Toda rebelião tem sempre um estopim. Você acredita que eu fui derrubada por uma caneca de bichinho? Ela era comprida, com dois corpos de girafas pintados, perfeita pra guardar escovas de dentes. Eu gostava tanto dessa caneca, a parte de cima das escovas se transformava nas cabeças das girafas. Começo a desconfiar que ouve um complô, a caneca não lascou sozinha. Também já substituí a peça por um conjunto neutro e másculo.
A gente tem que ser rápida numa hora dessas. Pelo menos, ganhei um beijo de agradecimento.

15 de jan. de 2010

Não conta pra ninguém

Depois de tantos anos, eu vou trair o meu cabeleireiro. Já decidi, só preciso tomar coragem. Ele é muito bom, sabe, sempre me deixa feliz. Mas ando com vontade de experimentar algo novo. Dizem que isso acontece com toda mulher, independente se é lisa ou crespa. Será que cortar as pontinhas com outro já é considerado traição? Cabelo cresce logo, ele nem vai perceber. O único problema é se eu gostar. Aí vou querer voltar lá pra cortar mais, mais e quando vejo, tô de cabelo curto. Apaixonada e careca! Seria o fim.

14 de jan. de 2010

Quantos anos você acha que tem?

O que vale mais, a idade que consta na certidão de nascimento ou a que aparece na frente do espelho? Esse assunto é sempre delicado, ainda mais para as mulheres. Quantas vezes eu errei feito ao adivinhar algumas idades. Dependendo do estado de conservação, a gente perde o parâmetro e acaba fazendo um cálculo aproximado. Os cremes anti-rugas, cada vez melhores, colaboram com essa confusão. A moda também atrapalha, passa a régua no mulherio e rejuvenesce até demais.
Seria bem mais fácil se desse pra dizer “eu tenho 20s, ela tem 30s, minha tia tem 40s e a minha mãe, 50s.” Faixas etárias poderiam resolver a questão. Nas filmagens de comerciais, a agência pede uma atriz com 25-30 anos, uma criança de 5-10. Essa é outra sugestão pra redistribuir as idades. Segmentos de aparência! Engraçado como lá no início da vida, dias e meses fazem uma enorme diferença. Tanto que as mães adoram contar que o filho tem 6 meses e 5 dias ou 1 ano e 11 meses - só nos poupam das horas, minutos e segundos. Totalmente compreensível, para um bebê a passagem de tempo é um atestado de gracinhas mais evoluídas.
Essa semana eu estava almoçando com uma amiga, quando chegou um conhecido nosso. Todo simpático e sedutor, ele nos olhou e disse que tem uma teoria: não sabe explicar por que, mas as mulheres de 40 a 46 anos ficam muito, muito mais bonitas! Foi embora achando que tinha agradado. Quer dizer, eu gostei. Me encaixei ali no meio, tipo exame de colesterol, quando o resultado dá 79 e a faixa de normalidade é entre 60 e 90. Mas a minha amiga, que ainda não fez 40, entrou injustamente na teoria. Na hora ela ficou quieta, não sabia se constrangia ele ou se ficava constrangida. Depois nós caímos na risada. Isso é um chute arriscado demais para os homens.

13 de jan. de 2010

Só pra lembrar o que importa nessa vida

Ilustração: indierocket.com

Não escapa ninguém

Fiquei abalada quando soube que a Hebe está com câncer. É na doença, e não na alegria, que a gente descobre o lado humano dos ricos & famosos. A Hebe toma banho de piscina com seus diamantes. Freta avião pra levar os amigos pra Disney. Gasta em um vestido o que muito brasileiro nunca vai ganhar na vida. Mas não escapou da tristeza de receber essa notícia. O dinheiro nem sempre ajuda numa hora dessas. Ela deve é ter se agarrado nos santos. E vai sair outra do hospital, mais frágil e mais forte ao mesmo tempo. Tomara que ajude a desmistificar o câncer. Só quem já acompanhou bem de perto um tratamento desses sabe a dureza que é. Meu irmão já teve câncer, meu pai, meu sogro e minha sogra recentemente. A gente fica sem chão. Li que o sofá da Hebe está vazio. Ela não quer receber visitas porque é vaidosa e prefere não ser vista abatida. Tem TODO o direito do mundo. Amigos, respeitem sua decisão. Paparazzos, tá cheio de gostosa pra fotografar no Leblon. A Hebe é rica, famosa e também é gente.
(essa semana fiquei sabendo de dois conhecidos que, de uma hora para outra, bateram as botas. Daí fica ecoando aquela frase: tem que aproveitar agora, tem que ser feliz no dia a dia, amanhã pode não rolar conforme o previsto).

12 de jan. de 2010

Está servido?

Hoje eu almocei uma liquidação. Não repeti pra não pesar no Visa. Circulei o buffet de araras, fiz meu prato e fui pro provador. Comprei $ó uma peça por causa da dieta. Tem dias em que a gente precisa adquirir uma coisinha, vai. Senão perde o bom gosto e esquece como é delicioso arrancar etiquetas de preço.
Então nem me importei em comer no carro mesmo. Mordiscando meu sanduba entre um sinal fechado e outro, lembrei de quantas vezes eu critiquei quem faz isso. Comer literalmente em trânsito significa ter péssima qualidade de vida. Ou não. Faço as três refeições em casa. Mais salada verde, impossível. Se escolhi almoçar liquidação, de noite eu recupero o menu que sobrou do meio-dia. As nutricionistas e endócrinas deveriam fazer isso de vez em quando (óbvio que fazem, devem passar a chocolate). É tão bom quebrar o regime, ainda mais o de gastos.
Tirando o homem que uma vez presenciei comendo de colher e tupperware dentro do carro na sinaleira, não vou mais emitir julgamentos precipitados. A pessoa pode ter saído de uma liquidação, como eu. Bem faceirinha. Ou pode ter ido visitar uma amiga no hospital (pra mostrar o que comprou). Daqui pra frente, não quero saber do almoço alheio. Nem que seja uma picanha sangrenta num sinal vermelho. Agora se você parar ao meu lado e estiver na parte da sobremesa, avisa que eu abro o vidro pra pegar um pouquinho.
É isso! Faltou um bombom pra concluir o meu almoço de hoje!

Motivação recorde

O Fabinho comprou o livro dos recordes com o dinheiro que sobrou do Natal. Eu, que incentivo até leitura de bula de Cebion, deixei. E como tem recordes estapafúrdios nesse mundo!
A chinesa que rodou mais bambolês de uma só vez (105!), a pessoa mais velha a escalar o Everest, o louco que grudou mais sanguessugas na cara, o primeiro cadeirante a dar salto mortal para trás, a maior reunião de tartarugas, o maior torneio de pedra-papel-tesoura, o maior lançamento de estrume, a lesma mais rápida, o menor tempo para carregar esposas (??), o maior mosaico de cortiça, o maior coral de hinos natalinos, a tenista de mesa mais velha, o último eunuco do mundo, os primeiros gêmeos escolhidos na rodada inicial de peneiras da NBA, a tosquia mais rápida de um cordeiro merino. Uau!
Puxa vida, com sorte 1% disso tudo vai ter alguma utilidade. Mas não deixa de ser uma leitura interessante para um garoto de 9 anos. Fiquei pensando na motivação que leva essa gente a quebrar recordes tão bizarros. O ser humano é mesmo um bicho esquisito.

11 de jan. de 2010

O retorno de Tieta

Essa vida dá uma novela das boas, daquelas escritas pela Janete Clair reencarnada no Gilberto Braga (se você não sabe quem é ela, dê um Google urgente e depois faça a devida reverência).
Como eu ia falando, se é novela, tem um desenrolar previsível mas nem por isso menos curioso. Vamos nascer, crescer, gostar de alguém que não vai gostar da gente, se dar mal, se dar bem, achar que está tudo perdido, conhecer outro alguém e, com sorte, dar uma reviravolta das grandes - não necessariamente nessa ordem. É isso que nos prende na vida, saber que o fim está longe ainda. E mesmo que nos tirem de cena, sempre dá tempo de voltar. Tieta que o diga.
Lembrei dela quando vi essa imagem. E também me enxerguei ali. A gente sai da trama. E retorna num momento mais propício, com a audiência de olho. O mercado publicitário gaúcho está mais para uma novela modorrenta do SBT, mas a metáfora é válida. Tieta sofreu, amargou e se superou. Acredito que agora entrei na fase da superação. Me sinto ensaiando as novas falas, treinando na frente do espelho. Parece que alguns papéis estão predestinados para mim. E isso não é um problema, muito pelo contrário.
Esses dias ouvi a seguinte frase: “Tu não consegue ser má, tu é como a Grazi de vilã, não convence.” Em homenagem ao carisma da Grazi, tomei isso como um elogio. Mas que eu fiquei puta, fiquei. As vilãs fazem reviravoltas como ninguém.

8 de jan. de 2010

Piada interna

A agência Escala é uma página viradíssima na minha vida. Por isso mesmo, foi tão engraçado. Ontem assinei um pedido de produção como fornecedora deles - as voltas que o mundo dá! No finalzinho de 2009, fui convidada pra escrever uma crônica de Ano Novo para a Colombo Premium, aquela chiquezona. Aceitei com prazer, obrigada Martin e Fedrizzi! Eu, que fiz tantas campanhas pra Colombo na minha vida, me vejo agora com foto e tudo num tablóide deles!! E ficou superbonito. Passa na Colombo Premium do Iguatemi Porto Alegre e me leva pra casa. Pra você, é de graça.


É meia-noite ainda


Não sei se você reparou, mas já estamos em 2010. Rápido, hein? Passou o Natal, você ergueu sua taça de espumante e brindou a virada do ano. Na manhã seguinte, tudo voltou ao normal. A roupa branca foi lavada, guardaram a louça de festa, as luzinhas pararam de piscar nas janelas. Mas não precisa ser assim, calma aí. Agora que as fábricas de fogos de artifício entraram em férias coletivas, chegou a hora de você trabalhar no seu desejo de ser feliz. Muito, muito feliz. Essa é a resolução que realmente vale a pena, mais do que voltar para a academia. Pense nisso antes de mergulhar na rotina e nos compromissos de sempre. Prolongue na sua mente aquela euforia de 31 de dezembro à meia-noite, quando a esperança encheu a sala e o timer zerou a seu favor. Todo início de ano é um rito de passagem para uma vida mais prazerosa, os sonhos esquecidos batem de novo na porta. Abra e se permita. O luxo dos luxos vai ser priorizar você. E deixar o coração tomar certas decisões. Ele sabe o que faz falta. Pode ser um ano sabático, um curso de fotografia ou gastronomia, não trabalhar mais nas sextas à tarde, entrar para a stand-up comedy, se tatuar pela primeira vez aos 50 anos, investir todas as fichas no conforto da casa, reinventar o seu lazer, mudar de endereço ou de país. Isso é consumir o melhor da vida. Ser feliz à vista ou em suaves prestações. Você pode, merece, quer. Vamos lá, é meia-noite ainda. O relógio resolveu dar uma força e voltou no tempo. 5...4...3...2...1!

6 de jan. de 2010

Teste vocacional

Eu queria ser testadora de produtos para cabelo. Podia ser da Kerastase, por exemplo. Ou da Éh. A testadora é uma profissional que ainda não recebeu o devido reconhecimento. Mulheres cuidam dos seus cabelos como se fossem bebês na incubadora. Portanto necessitam de produtos confiáveis e validados. Nada de testar em animalzinhos, eles não sabem dizer se funciona mesmo. Na verdade, eu queria ser uma testadora-ombudsman. Avaliar xampus, condicionadores, leave-in, máscaras, musses, silicones, leite para pentear (comprei um tri bom), tinturas, ceramidas e hydro elastinas é prestar um serviço de extrema relevância para o mercado feminino. E tem a vantagem de, após um dia cansativo de trabalho, chegar em casa com os fios impecáveis, sedosos, brilhantes e macios. Provavelmente com a cervical destruída, depois de horas naquela cadeira-tanquinho de lavar cabelo. Mas faz parte. Um relaxante muscular e a sensação do dever cumprido.

Pá pum

Num ato de valentia, matei uma barata. E das grandes. Ninguém viu a cena, a única coisa que eu tive para mostrar na manhã seguinte foi a carcaça do bicho sendo devorada por formigas no chão da sacada. Odeio insetos. A natureza poderia ter nos poupado deles. Mais flores e menos moscas, mosquitos, traças, pulgas e baratas.
Fiz a minha parte. Tirei coragem do dedão do pé (ok, foi do chinelo que estava à mão) e eliminei aquela desgranida. Tá achando pouco? Tem gente que passa a vida inteira sem matar uma barata. Erram a mira, tremem, gritam. Espero ter ficado com créditos de bravura. Assim posso usar quando aparecer uma lagartixa no teto.

Dead flies art from acidcow.com

5 de jan. de 2010

Mão de vaca, eu?

Bem que eu tentei comprar o novo Sundown 30 em spray. Não consegui. Mais de cinquenta mangos. Foi-se o tempo em que dava pra torrar dinheiro. Já invisto uma quantia razoável em protetor fator 60 para o rosto (sem falar no resto da cremelândia). O corpo vai ter que se contentar com a mãozinha amiga espalhando aquela gosma branca pra lá e pra cá.
Somos 4 costas, 4 barrigas, 8 braços, 8 pernas, 8 ombros e 8 laterais. Agora pegue um fim de semana ensolarado e multiplique isso por 2 ou 3 descidas pra piscina. É a falência iminente. Ou uma família assumidamente albina.
Não comprei o luxinho e continuo pensando nele. Os jatos de spray indo para os lugares certos, sozinhos! A função do passa-passa resumida a poucos segundos. O brilho do esmalte escuro permanecendo intacto nas minhas unhas. As capas dos livros sem minhas impressões digitais melecadas.
O novo Sundown 30 em spray mexeu comigo. Os luxões estão cada vez mais raros... o que será da humanidade sem os luxinhos?

4 de jan. de 2010

Sobre a necessidade de escolher

Minha amiga, a saída é escolher. Não dá pra fazer tudo, ser tudo, usar tudo, ter tudo.
Passei o dia trabalhando (eba!) e a noite é tão curta. Minhas opções, no escasso tempo que sobrou pra mim, foram as seguintes: 1) caminhar na esteira 2) atualizar o blog.
Escolhi malhar a alma, o corpo eu dou um jeito amanhã. Escolhi conversar com você, com o espelho eu falo outra hora (com a luz apagada, de preferência). Um post, dois posts e já me sinto mais leve - a vida inteira tive coxas grossas, sua atenção eu tenho faz pouco.
Ainda sobre as escolhas, preciso me aperfeiçoar. E aceitar que o que não foi escolhido deve ficar para trás. É a única maneira da gente não se culpar o tempo todo. Agora vou dormir e sonhar com as minhas próximas escolhas. Quero ficar boa nisso.






Por que é tão difícil elogiar?

Como diz o Ricardo, elogio de mulher conta mais. Ele sabe das coisas, e as sutilezas femininas que não sabia eu ensinei.
No segundo dia do ano, lá estávamos nós batendo ponto no supermercado. Glamour zero. E o que eu escuto? “A tua mulher tá cada vez mais jovem!”. Bingo. Nunca saia de casa para escolher tomates sem, no mínimo, passar um rimelzinho. Encontramos casualmente uma ex colega dele que não víamos há uns cinco anos - calculei pela idade da filha que eu nem sabia que tinha nascido.
Não são todas as mulheres que elogiam espontaneamente as outras. Eu mesma reconheço que já omiti muitos elogios para a ala feminina (você também já fez isso, nem vem). Olhar já significa uma certa aprovação, as mulheres entendem esses códigos velados. Talvez seja uma mesquinharia ancestral. Ou cultural. A ameaça constante do sutiã alheio? Com certeza, eu perdi a chance de elogiar várias colegas de gênero. Quem nos ensinou a trapacear assim?
Mais tarde, quando chegamos em casa, o Ricardo brincou comigo: “aí, hein, ela te achou mais bonita!”. Eu rapidamente corrigi a informação. “Mais bonita, não. Mais jovem. Isso é melhor ainda. “ Se você passou dos 40, vai me dar toda a razão.

Ilustração: Barbara Wijnveld