Como assim, estragou a máquina do café?!
(pausa para respirar fundo e os batimentos voltarem ao normal)
Não pode ser verdade. Você tem absoluta certeza do que está falando?
MÁQUINA DE CAFÉ IMPOSSIBILITADA DE OPERAR MOMENTANEAMENTE SUAS FUNÇÕES.
Defina momentaneamente. Isso não é notícia que se dê assim, por e-mail. Tem que reunir todos os funcionários, preparar o terreno e, somente depois dos paramédicos chegarem ao local, comunicar a perda.
A colega de trabalho que leva essa empresa nas costas não pode nos deixar na mão.
Cadê o filtro? Por que não mentiram, não inventaram uma desculpa qualquer? Sou capaz de me oferecer para ler o manual de instruções da máquina para restabelecer a normalidade coorporativa.
Como assim, não conseguem achar nem o manual, nem o técnico?!
(nova pausa para mentalizar um bosque florido, passarinhos ou qualquer coisa que acalme)
Não deu certo. Imaginei gotas de orvalho, que me fizeram pensar em três gotinhas de adoçante mergulhadas num líquido negro, fumegante e divino.
Tem uma mulher passando mal nesse parágrafo. Alguém me ajude, por favor. Traga uma colherinha para eu morder, só não traga café de térmica porque não é a mesma coisa. Diga que o copo de plástico subiu no telhado, invente que a seca arruinou a colheita do café em toda a América Latina. Mas escolha bem as palavras para não acabar desse jeito com o meu dia.
Preciso ganhar tempo para entender a gravidade da situação. Na verdade, preciso de um expresso duplo e amargo. O técnico já deve estar a caminho, melhor pensar assim. Se eu não estivesse com as mãos e as pernas trêmulas, poderia levantar e descobrir.
E agora? Quem vai me acompanhar a tantas reuniões e anotar tudo? Quem vai me acelerar de hora em hora? Chá é coisa de estagiário. Preciso da experiência contida na cafeína para trabalhar. Nos fins de semana e feriados eu sobrevivo, mas durante o horário comercial é humanamente impossível. O grão de café é o exemplo de alguém que veio de baixo, foi torrado por certas pessoas e mesmo assim subiu na vida. Quando ele consegue entrar no organograma de uma máquina dessas, é automaticamente promovido. E um dia alcançará os prestigiados cargos de Cappuccino e Moccaccino.
Mas essa pequena aula de coffee management não muda em nada o problema atual: a máquina do café está estragada. Os e-mails não lidos aumentam. O jornal segue fechado. E eu já estou escalando as divisórias.
Analisando o fato de um ângulo irritantemente positivo, talvez seja um aviso para eu deixar de ser anti-social e conhecer os colegas das empresas vizinhas. São cinco andares e tantos crachás desconhecidos. É só bater na porta, me apresentar com um sorriso simpático, levar um buquê de clips que eu mesma fiz, estender a mão e educadamente aceitar um cafezinho de boas vindas.
Ouvi o barulho do técnico-motoqueiro estacionando lá embaixo. Ou é o primeiro sinal de uma crise de abstinência? Falando nisso, alguém sabe imitar o barulho da máquina do café? Eu me sentiria mais calma ouvindo aquele delicioso trrrrrrrrrrrrr bruuuuuu ãããããúuu, seguido do solene bip que finaliza o processo e ativa a mais sonolenta das glândulas degustativas. Apito de chaleira não serve. Por favor, não insista.
Perdoe se não sheufgts consigo digitar direito. Meus dedos ainda não compreenderam que estamos sem cafeína e seguem arqueados, segurando um copo de plástico imaginário. A sensação é tão real que sinto o calor do café queimando a mão. Enquanto isso, penso em alguma maneira de aumentar o nível de cafeína no sangue.
Pesquisar no Google não é uma boa idéia. Foram encontradas 14.500.000 páginas sobre café, o que só aumenta a minha vontade. Beber água (aqueles famosos dois litros diários) também não resolve. Só se fosse uma água pretinha, quentinha e docinha. Hummmm. Chego a sentir o aroma do café invadindo a sala e a minha corrente sanguínea.
Melhor mudar de assunto. Será que chove hoje?
Como assim, tá chovendo tanto que o técnico não tem como chegar aqui?! (pausa para trincar meus dentes de tanto ranger e estourar minhas mandíbulas)
(pausa para respirar fundo e os batimentos voltarem ao normal)
Não pode ser verdade. Você tem absoluta certeza do que está falando?
MÁQUINA DE CAFÉ IMPOSSIBILITADA DE OPERAR MOMENTANEAMENTE SUAS FUNÇÕES.
Defina momentaneamente. Isso não é notícia que se dê assim, por e-mail. Tem que reunir todos os funcionários, preparar o terreno e, somente depois dos paramédicos chegarem ao local, comunicar a perda.
A colega de trabalho que leva essa empresa nas costas não pode nos deixar na mão.
Cadê o filtro? Por que não mentiram, não inventaram uma desculpa qualquer? Sou capaz de me oferecer para ler o manual de instruções da máquina para restabelecer a normalidade coorporativa.
Como assim, não conseguem achar nem o manual, nem o técnico?!
(nova pausa para mentalizar um bosque florido, passarinhos ou qualquer coisa que acalme)
Não deu certo. Imaginei gotas de orvalho, que me fizeram pensar em três gotinhas de adoçante mergulhadas num líquido negro, fumegante e divino.
Tem uma mulher passando mal nesse parágrafo. Alguém me ajude, por favor. Traga uma colherinha para eu morder, só não traga café de térmica porque não é a mesma coisa. Diga que o copo de plástico subiu no telhado, invente que a seca arruinou a colheita do café em toda a América Latina. Mas escolha bem as palavras para não acabar desse jeito com o meu dia.
Preciso ganhar tempo para entender a gravidade da situação. Na verdade, preciso de um expresso duplo e amargo. O técnico já deve estar a caminho, melhor pensar assim. Se eu não estivesse com as mãos e as pernas trêmulas, poderia levantar e descobrir.
E agora? Quem vai me acompanhar a tantas reuniões e anotar tudo? Quem vai me acelerar de hora em hora? Chá é coisa de estagiário. Preciso da experiência contida na cafeína para trabalhar. Nos fins de semana e feriados eu sobrevivo, mas durante o horário comercial é humanamente impossível. O grão de café é o exemplo de alguém que veio de baixo, foi torrado por certas pessoas e mesmo assim subiu na vida. Quando ele consegue entrar no organograma de uma máquina dessas, é automaticamente promovido. E um dia alcançará os prestigiados cargos de Cappuccino e Moccaccino.
Mas essa pequena aula de coffee management não muda em nada o problema atual: a máquina do café está estragada. Os e-mails não lidos aumentam. O jornal segue fechado. E eu já estou escalando as divisórias.
Analisando o fato de um ângulo irritantemente positivo, talvez seja um aviso para eu deixar de ser anti-social e conhecer os colegas das empresas vizinhas. São cinco andares e tantos crachás desconhecidos. É só bater na porta, me apresentar com um sorriso simpático, levar um buquê de clips que eu mesma fiz, estender a mão e educadamente aceitar um cafezinho de boas vindas.
Ouvi o barulho do técnico-motoqueiro estacionando lá embaixo. Ou é o primeiro sinal de uma crise de abstinência? Falando nisso, alguém sabe imitar o barulho da máquina do café? Eu me sentiria mais calma ouvindo aquele delicioso trrrrrrrrrrrrr bruuuuuu ãããããúuu, seguido do solene bip que finaliza o processo e ativa a mais sonolenta das glândulas degustativas. Apito de chaleira não serve. Por favor, não insista.
Perdoe se não sheufgts consigo digitar direito. Meus dedos ainda não compreenderam que estamos sem cafeína e seguem arqueados, segurando um copo de plástico imaginário. A sensação é tão real que sinto o calor do café queimando a mão. Enquanto isso, penso em alguma maneira de aumentar o nível de cafeína no sangue.
Pesquisar no Google não é uma boa idéia. Foram encontradas 14.500.000 páginas sobre café, o que só aumenta a minha vontade. Beber água (aqueles famosos dois litros diários) também não resolve. Só se fosse uma água pretinha, quentinha e docinha. Hummmm. Chego a sentir o aroma do café invadindo a sala e a minha corrente sanguínea.
Melhor mudar de assunto. Será que chove hoje?
Como assim, tá chovendo tanto que o técnico não tem como chegar aqui?! (pausa para trincar meus dentes de tanto ranger e estourar minhas mandíbulas)
Um comentário:
Guria, o que é isso? Tô quase tendo um treco de tanto rir!
P-A-T-É-T-I-C-O de perfeito!
Amei!
Bjs
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