-José Antônio! Você tirou foto das nuvens!
-Qual é o problema?
-Parece até que foi a primeira vez que andou de avião.
-Olha que tapete branco e fofo, Solange.
-Foto de nuvem, José Antônio. Sinceramente.
-Aqui embaixo elas são apenas coadjuvantes.
-Nuvem é sinal de chuva, isso sim.
-Mas lá de cima, a gente vê que o céu é quase nada. Existe uma cidade de nuvens, Solange.
-Só pode ser algo estragado que você comeu no vôo.
-E eu seria doido de olhar para aquelas barrinhas com tanta nuvem para admirar? Acho que as nuvens dizem "Xis" para sair sorrindo nas fotos...
-José Antônio, você está me assustando...
-As nuvens são seres mutantes, libertários e muito fotogênicos.
-Nunca vi tanta bobagem.
-Pois devia. Olhar as nuvens purifica.
-José Antônio da Silva Paes, quem é a loira nessa foto?
-É a Vanda da 6B, também uma apreciadora das nuvens.
-Desde quando você canta mulher em vôo?
-Eu sentei na 6A, ela na 6B. A gente mal se falou até eu abrir a janelinha.
-Duvido.
-Depois a Vanda achou uma nuvem que parecia o meu chaveiro em formato de J.
-E eu que desconfiava de aeromoça.
-Com toda aquela claridade eu vi melhor as coisas, Solange.
-Hã?
-Você é uma nuvem preta. E a Vanda disse para eu ter cuidado com as nuvens pretas.
-Eu sabia! Você tá de caso com essa mulher!
-A Vanda é ótima mas não é perfeita. Deve ser por isso que ela é ótima.
-Uma vagabunda aérea! E não se atreva a dizer que ela te deixou nas nuvens!
-Eu e a Vanda vamos entrar para a Tobogã Sagrado, uma seita de estudiosos da anatomia das nuvens.
-E eu vou entrar numa pensão bem gorda para falir você.
-Aquela nuvem que passa lá em cima sou eu, um novo homem.
-Demente safado!
-Solange, libera os trovões que relampejam aí dentro.
-Vou liberar é a porta da rua, desgraçado.
-Ah, cancelei nossos bilhetes para Miami. Vou doar as milhas para quem nunca andou de...
José Antônio não terminou a frase. Levou um chute na sua pista de pouso e apagou de tanta dor. Ficou atirado no chão da sala, vendo estrelas e o céu preto.
Solange deu um último soco no que sobrou do José Antônio, pegou o cartão de crédito dele, uma muda de roupa dela e foi para o aeroporto. Ia comprar passagem para o primeiro vôo que encontrasse. Já estava na hora de ver outras nuvens e de juntar suas próprias milhas.
-Qual é o problema?
-Parece até que foi a primeira vez que andou de avião.
-Olha que tapete branco e fofo, Solange.
-Foto de nuvem, José Antônio. Sinceramente.
-Aqui embaixo elas são apenas coadjuvantes.
-Nuvem é sinal de chuva, isso sim.
-Mas lá de cima, a gente vê que o céu é quase nada. Existe uma cidade de nuvens, Solange.
-Só pode ser algo estragado que você comeu no vôo.
-E eu seria doido de olhar para aquelas barrinhas com tanta nuvem para admirar? Acho que as nuvens dizem "Xis" para sair sorrindo nas fotos...
-José Antônio, você está me assustando...
-As nuvens são seres mutantes, libertários e muito fotogênicos.
-Nunca vi tanta bobagem.
-Pois devia. Olhar as nuvens purifica.
-José Antônio da Silva Paes, quem é a loira nessa foto?
-É a Vanda da 6B, também uma apreciadora das nuvens.
-Desde quando você canta mulher em vôo?
-Eu sentei na 6A, ela na 6B. A gente mal se falou até eu abrir a janelinha.
-Duvido.
-Depois a Vanda achou uma nuvem que parecia o meu chaveiro em formato de J.
-E eu que desconfiava de aeromoça.
-Com toda aquela claridade eu vi melhor as coisas, Solange.
-Hã?
-Você é uma nuvem preta. E a Vanda disse para eu ter cuidado com as nuvens pretas.
-Eu sabia! Você tá de caso com essa mulher!
-A Vanda é ótima mas não é perfeita. Deve ser por isso que ela é ótima.
-Uma vagabunda aérea! E não se atreva a dizer que ela te deixou nas nuvens!
-Eu e a Vanda vamos entrar para a Tobogã Sagrado, uma seita de estudiosos da anatomia das nuvens.
-E eu vou entrar numa pensão bem gorda para falir você.
-Aquela nuvem que passa lá em cima sou eu, um novo homem.
-Demente safado!
-Solange, libera os trovões que relampejam aí dentro.
-Vou liberar é a porta da rua, desgraçado.
-Ah, cancelei nossos bilhetes para Miami. Vou doar as milhas para quem nunca andou de...
José Antônio não terminou a frase. Levou um chute na sua pista de pouso e apagou de tanta dor. Ficou atirado no chão da sala, vendo estrelas e o céu preto.
Solange deu um último soco no que sobrou do José Antônio, pegou o cartão de crédito dele, uma muda de roupa dela e foi para o aeroporto. Ia comprar passagem para o primeiro vôo que encontrasse. Já estava na hora de ver outras nuvens e de juntar suas próprias milhas.
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