10 de mar. de 2009

Sebo nas canelas

Correr sozinha é bom, correr com cinquenta pessoas na pista é bem mais divertido. Todas as manhãs agora eu participo de uma maratona de revezamento – faço a minha parte, cinco quilômetros, o resto da equipe não foi convocada. Quando sobra tempo, vou mais longe. No último domingo, corri uma hora pela cidade. Com o trânsito calmo, dá para se arriscar nas ruas.
Tenho a sorte de morar em frente a uma pista de corrida. É raro chegar na janela da sala e não ver ninguém testando o fôlego lá embaixo. Os anônimos dão ânimo uns aos outros. Tem sempre uma panturrilha mais torneada, uma camiseta num estágio mais avançado de suor.
O público é eclético: vai do corredor profissional que voa à turma que passeia no shopping. No meio do caminho, estão os esforçados como eu. Gente que começou caminhando, foi acelerando o passo e um dia arriscou a correr. Depois viciou. Hoje tinha ventinho e sol recém-nascido, um luxo. Minha esteira foi rebaixada para os dias de chuva.
Já identifico pessoas pela roupa, meu ângulo de visão registra as costas e, na ultrapassagem, uma lateral. Os perfis vão ficando familiares (não a ponto de reconhecer fácil alguém à paisana no supermercado do bairro). Os horários se repetem, surgem cumprimentos na barra de alongar.
E tem os cones, separando a parte de quem corre dos que caminham. Hoje, num momento alucinógeno à base de endorfina, pensei em dar nomes a eles. Aí eu poderia correr até o cone Everaldo e dizer “agora até o Bob”... “só até o Romualdo”... “eu aguento até o Maiquel”. Ainda bem que o alongamento também colocou as ideias no lugar. E evitou que, num futuro próximo, eu convide o cone Kleber para correr comigo.

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