2 de mar. de 2009

Vai um Starbucks?

Eu me enxerguei numa passarela. Foi no desfile da Dsquared2 em Milão. Aquela modelo que entrou segurando um café latte poderia ser eu – com cinqüenta centímetros a menos de altura, outras coisinhas a menos, mas com o mesmo copo da Starbucks na mão. Cheguei a sentir o cheirinho do café. E o calor roçando a ponta dos dedos. Eu também poderia ser a morena que entrou na passarela segurando uma revista embaixo do braço (eu levaria mais algumas). Também me achei parecida com a modelo que caminhava teclando no seu celular (será que ela digita rápido como eu?). Até que enfim, traços de normalidade. O cotidiano pedindo passagem. É marketing de passarela, eu sei. Que bom que alguém olhou, nem que seja um pouquinho, para o dia-a-dia. Tirando a boina púrpura (cadê a coragem?) e o casaco lindo, eu não conseguiria descrever o resto da roupa. O copo de café, sim. Ele era o meu número, a minha cor. O canudinho, um charme. Combina com tudo.
Não deixa de ser um alento para nós, seres humanas, identificar algo bem real no distante mundo da moda. Eu não vou deixar de sonhar com aquelas roupas lindas, muito pelo contrário. Com café, elas ficam mais fáceis de digerir. As modelos continuam magérrimas, ossudas, gigantes e com ar blasè. Pelo menos na cafeína e nas revistas, a gente se parece. Uma mulher normal, porém bem-informada, sabe que dá para garimpar muita coisa das passarelas. Desculpe, não consigo mais escrever. Preciso urgente daquele Starbucks.

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